Johann Sebastian Bach nasceu em 21 de março de 1685, em Eisenach, pequena cidade localizada onde atualmente é a Alemanha. Proveniente de uma família de músicos, teve contato com esse universo desde a infância.
A mãe morreu quando ele tinha 9 anos. Um ano depois, faleceu seu pai. O garoto, então, foi viver com seu irmão Johann Christoph Bach, que era organista na cidade de Ohrdruf. Com ele, aprendeu a tocar o instrumento e a compor.
Johann Christoph, no entanto, não era um grande incentivador do desenvolvimento musical do caçula. Certa vez, Sebastian pediu para estudar algumas obras de Pachelbel, o que Christoph não permitiu. O menino, então, passou várias noites em claro copiando as partituras escondido.
Em 1703, quando contava 18 anos, J. S. Bach se tornou organista de igreja na cidade de Arnstadt. Aos 22, se mudou para Mühlhausen – onde se casou com sua prima Maria Barbara Bach, com quem teve sete filhos – e iniciou sua série de cantatas.
Em 1708, pôs-se a serviço da Corte de Weimar, governada por dois duques, Wilhelm Ernst e Ernst August. Lá, conheceu obras de artistas italianos, especialmente Antonio Vivaldi. Tal contato foi decisivo para a formação de seu estilo musical, que passou a combinar as técnicas contrapontísticas com a maneira de harmonização e desenvolvimento temático de seu contemporâneo.
Nesse período, se dedicou à composição de peças para órgão e continuou seu trabalho com cantatas, que, por causa das influências italianas, passaram a ter recitativos e árias “da capo”, cuja forma é ABA, ou seja, após a segunda parte, ocorre retorno para a primeira seção.
Em 1717, foi contratado pelo príncipe de Köthen, Leopold von Anhalt-Köthen, para ser mestre de capela. O nobre era apaixonado por música e adorava tocar violino, viola da gamba e cravo em orquestras de câmara. Muitas vezes, esses saraus aconteciam na casa de Bach, que compôs muitas peças para essa formação durante os seis anos que passou em Köthen. Também são da época os Concertos de Brandenburgo e o Cravo Bem Temperado.
Sua primeira esposa morreu em 1720. Um ano mais tarde, ele se casou novamente, com a cantora Anna Magdalena Wülcken, com quem teve 13 filhos. De 1723 até a sua morte, foi diretor de música na igreja de São Tomás em Leipzig. Faziam parte das funções do cargo ensinar latim para os estudantes, ensaiar o coral e apresentar uma cantata nova por semana, executada no culto de domingo.
Apesar do caráter religioso desse tipo de composição, Bach também se serviu de temas seculares, criando, por exemplo, a Cantata do Café. Outras obras importantíssimas dessa fase são Paixão Segundo São João e Paixão Segundo São Mateus.
Durante visita ao palácio do rei da Prússia Frederick II, em 1747, Bach conheceu o piano, chamado então de pianoforte. O soberano, amante de música e flautista amador, deu um tema para Bach, que sentou ao instrumento e fez uma série de improvisos sobre a melodia sugerida.
O artista, então, prometeu ao governante que faria algo mais elaborado em casa e depois lhe enviaria. O resultado foi Oferenda Musical, obra que apresentava certas características do estilo galante do Classicismo: menos polifonia, ênfase na melodia principal e estruturas mais regulares e simétricas.
Bach perdeu a visão em 1749, mas continuou a produzir. Sua última – e inacabada – obra foi A Arte da Fuga, uma série de 20 peças escritas sobre um mesmo tema, compostas um ano antes de sua morte.
Johann Sebastian Bach: As composições para teclas
Considerado um compositor antiquado em sua época, Johann Sebastian Bach era conhecido apenas como um virtuose do órgão. Para muitos de seus contemporâneos – adeptos do novo “estilo galante”, como também é apelidado o Rococó -, a tradição de música polifônica alemã do século 17 era ultrapassada e por demais complexa e impopular.
Somente um século depois, quando Mendelssohn regeu a primeira execução pública da Paixão Segundo São Mateus, Bach obteve o prestígio que merecia. Desde então, é visto como o nome mais importante da música ocidental por ter transportado a técnica do contraponto para o sistema tonal e ter sido um dos primeiros a adotar a afinação temperada.
Um dos elementos essenciais da arte de Bach como compositor para teclado é a atenção que ele deu, desde o início, às qualidades dos vários instrumentos com que trabalhou, respeitando as diferenças entre o cravo, o clavicórdio e o pianoforte, às vezes deixando instruções específicas para o uso de cada um.
Bach manteve um interesse ativo nas experiências de Gottfried Silbermann no desenvolvimento do pianoforte durante a década de 1730. O significado da palavra Klavier (teclado), no entanto, engloba todos os tipos de instrumento de tecla, os cravos, o pianoforte e também o órgão, o que permite muitas vezes interpretar uma mesma peça em instrumentos diferentes sem prejuízo.
O teclado foi a base do aprendizado de Bach, e também o meio preferencial pelo qual instruiu seus alunos. Tornou-se um requisitado professor ainda em Weimar, e, em Leipzig, suas atividades docentes se aprofundaram. Não há, portanto, estudante de piano que não tenha a obra de Bach como companheira durante todo o seu desenvolvimento.
As sete Toccatas datam de 1708-1710 (algumas delas, possivelmente, são até de antes disso). O que essas obras deixam a desejar em termos de contraponto e estrutura formal é compensado pela efervescência juvenil. Seu estilo as torna mais adequadas ao cravo, e é por isso que são raramente tocadas ao piano. No entanto, nas mãos de um pianista qualificado, são grandes obras que merecem maior popularidade.
Uma das mais conhecidas obras do compositor alemão é o “Pequeno Livro de Anna Magdalena Bach”, que consiste de dois cadernos manuscritos com que ele presenteou sua segunda esposa, Anna Magdalena.
Música para teclas compõe a maior parte de ambos os cadernos e algumas para voz também estão incluídas. Os dois cadernos são conhecidos pelas datas de suas capas: 1722 e 1725. O título Pequeno livro de Anna Magdalena é usado geralmente para se referir ao último deles.
A diferença primária entre as duas coleções é que o caderno de 1722 contém apenas composições de Johann Sebastian Bach (incluindo a maioria das Suítes Francesas), enquanto o de 1725 traz também músicas de outros compositores do período.
As Invenções e Sinfonias (conhecidas como Invenções a Três Vozes) também possuem objetivo didático, mas de todas as composições para teclas, as mais importantes e influentes são os dois volumes de O Cravo Bem Temperado.
Composta em 1722 para teclado-solo, a obra apresenta 24 prelúdios e fugas, escritos em todos os tons maiores e menores. Ela é contemporânea do importante tratado de harmonia escrito por Rameau, que definiu os alicerces da música tonal. O título se refere ao novo sistema adotado, o temperamento.
Alguns prelúdios usam estrutura de tocata ou improviso. Outros, de arioso ou fantasia. As fugas também são variadas, podendo usar ritmos de dança, embora sigam regras compositivas mais rigorosas. A maioria é em duas ou três vozes, mas suas texturas podem chegar a cinco vozes.
As Partitas são um conjunto de seis suítes para cravo escritas e publicadas entre 1726 e 1730, em Leipzig, na primeira parte dos trabalhos publicados durante a sua vida e que se chamaram Clavierübung. Elas foram as últimas das suas suítes compostas para teclado as outras sendo, as Seis Suítes Inglesas e as Seis Suítes Francesas.
Outras obras de grande importância são o Concerto no Estilo Italiano, que apesar do nome é uma peça para cravo solo, e as Variações Goldberg, uma obra de estrutura cíclica que, em sua concepção monotemática e enfaticamente contrapontística, criou o cenário para as últimas grandes obras de Bach: a Oferenda Musical e A Arte da Fuga.