Desde que a humanidade se dedica à música – e isso vem dos tempos pré-históricos -, o uso de padrões é elemento fundamental para seu entendimento e sua execução. Isso vale tanto para o ritmo quanto para as progressões harmônicas e as repetições de trechos da composição.
Em relação a estas últimas, a estrutura sobre a qual a música é composta ou executada é chamada “forma”. A forma musical, portanto, é o que define quais trechos da composição existem, se serão repetidos e em que ordem ou variação.
Forma Musical: O que ela é?
Algumas formas musicais se fixaram, tanto nas composições eruditas quanto nas populares. E isso tem vários propósitos. Primeiramente, o uso de uma forma pré-estabelecida facilita o trabalho do compositor. Saber que ele precisa de certo número de melodias para atender a determinada forma organiza o trabalho e condiciona a composição.
Por outro lado, para o ouvinte, é mais fácil entender uma composição se ele conseguir, mesmo que intuitivamente, perceber as repetições de trechos. Uma canção popular simples, por exemplo, dura apenas três ou quatro minutos e é formada por uma ou duas melodias.
Uma obra mais longa, como um concerto, pode durar até mais de uma hora, e é sempre constituída de várias melodias, temas e ritmos diferentes, que em algum momento são repetidos em função da forma musical escolhida. Por conta disso, ouvir uma obra mais longa requer muito mais atenção do que uma mais curta, e perceber as repetições e a reexposição de temas facilita a compreensão da obra como um todo.
Surgimento do Rondó
Entre as formas musicais que se fixaram no decorrer da história da música, a chamada Rondó é, talvez, uma das mais populares, por ser simples e oferecer ao ouvinte um trecho facilmente identificável como “refrão”. O Rondó surgiu na Idade Média com a grafia Rondeau, utilizada para designar um andamento de dança.
Durante o Renascimento manteve esse significado, mas, como forma musical instrumental, começou a ser mais claramente estabelecida na segunda metade do século 17, no período conhecido como Barroco, mas foi solidificada na primeira metade do século 18, durante a transição entre o Barroco e o Classicismo. Durante esse período, foi adotada no último movimento das sonatas, das sinfonias e de muitos concertos.
O que é Rondó?
O Rondó é uma forma de composição musical, estruturada em seções a partir de um tema principal e vários temas secundários (normalmente dois ou três), intercalados pela repetição do tema principal. Do ponto de vista estrutural mais específico, há diferenças de conteúdo temático e harmônico entre as secções, mas pode haver também diferenças de tratamento contrapontístico, textura, ou outros aspectos musicais.
Ao escrever um rondó, o compositor utiliza dois elementos básicos da forma: repetição e contraste. A repetição dá unidade à música e o contraste mantém vivo o interesse do ouvinte.
Em um Rondó, existe a seção do tema principal, identificada pela letra “A”, que se alterna com seções contrastantes (“B”, “C” etc.). A cada seção diferente é acrescentada uma letra. Quando possui duas seções além do tema principal, a forma é representada com A-B-A-C-A. Se tiver três, será A-B-A-C-A-D-A, e assim sucessivamente.
Além dessas, existem outras variações, mas o que mantém a essência do Rondó é o uso de uma seção denominada “refrão” (que pode ela mesma ser denominada Rondó) e seções secundárias denominadas “episódios” (episode em inglês, episodio em italiano, couplets em francês).
Algumas vezes, o compositor opta pela simetria e escreve o Rondó na forma A-B-A-C-A-B-A, uma das mais comuns no Classicismo e início do Romantismo, ou utiliza a repetição de seções na forma A-A-B-A-C-A. O Rondó pode ser uma peça avulsa, ou um movimento de uma Suíte, Sonata, Concerto ou Sinfonia.
