Erik Satie foi um compositor e pianista francês conhecido por sua abordagem inovadora e irreverente à música. Seu estilo singular, frequentemente associado ao impressionismo e ao dadaísmo, influenciou profundamente a música do século 20. Suas obras minimalistas e atmosféricas abriram caminho para novas formas de expressão musical.
Nascido em Honfleur, na Normandia, em 17 de maio de 1866, Satie se mudou com a família para Paris ainda criança. Após a morte de sua mãe, foi enviado de volta a Honfleur para morar com seus avós. Aos 12 anos, retornou a Paris para viver com seu pai, tradutor e editor de música.
Em 1879, ingressou no Conservatório de Paris, mas sua performance acadêmica foi considerada medíocre por seus professores. Frustrado com o ambiente tradicional da instituição, abandonou os estudos formais em 1886.
Na década de 1880, Satie começou a compor peças para piano que já demonstravam seu estilo distinto. Em 1888, compôs a série Gymnopédies, três peças curtas e hipnóticas que se tornaram algumas de suas obras mais conhecidas. O caráter meditativo e as harmonias inovadoras dessas composições influenciaram diversos músicos posteriores.
Durante esse período, Satie se tornou frequentador assíduo do cabaré Le Chat Noir, onde suas composições eram executadas e onde ele desenvolveu amizade com artistas como Claude Debussy. Seu envolvimento com o cabaré lhe permitiu explorar formas musicais não convencionais e ampliar seu círculo de influências.
No início da década de 1890, Satie se envolveu com a Ordem Kabbalística da Rosa-Cruz, uma sociedade esotérica liderada por Joséphin Péladan. Durante essa fase, compôs obras como Sonneries de la Rose+Croix (1892) e Messe des Pauvres (1895), caracterizadas por misticismo e simplicidade espiritual. Com o tempo, Satie rompeu com a Ordem e abandonou a estética esotérica em favor de uma abordagem mais satírica e humorística.
Em 1898, Satie se mudou para um pequeno apartamento em Arcueil, nos arredores de Paris, onde viveu em extrema simplicidade até o fim de sua vida. Durante esse período, começou a compor obras que desafiavam as convenções acadêmicas da música. Entre elas, destacam-se as Pièces Froides (1897) e Gnossiennes (1890-1897), que continuam a explorar harmonias incomuns e formas inovadoras.
Em 1905, decidiu retomar sua educação musical e ingressou na Schola Cantorum, uma escola de música alternativa ao Conservatório de Paris. Lá, estudou contraponto e orquestração com Vincent d’Indy e Albert Roussel. Esse período marcou uma transição para uma escrita mais estruturada, como demonstrado na suíte En Habit de Cheval (1911).
Na década de 1910, Satie se tornou uma figura proeminente na vanguarda artística parisiense, se aproximando do escritor e dramaturgo Jean Cocteau, com quem colaborou no ballet Parade (1917), uma obra que combinava música, teatro e elementos circenses, com cenários de Pablo Picasso. A peça foi produzida pela companhia de balé Ballets Russes, de Sergei Diaghilev.
A partir dessa parceria, Satie criou outras obras inovadoras, como Trois Morceaux en Forme de Poire (1903) e Socrate (1918), uma suíte sinfônica baseada nos diálogos de Platão.
Legado
Nos anos finais de sua vida, Satie continuou a desafiar convenções musicais. Em 1920, foi reconhecido como precursor do surrealismo e do dadaísmo, influenciando músicos como John Cage e Pierre Boulez. Sua obra Relâche (1924), um ballet dadaísta, é um exemplo do espírito irreverente que marcou sua carreira.
Erik Satie faleceu em 1º de julho de 1925, deixando um legado que transcendeu seu tempo. Suas composições continuam a ser interpretadas e admiradas, consolidando sua reputação como um dos músicos mais originais do século 20.