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Anton Rubinstein

Anton Rubinstein: a gigante voz do piano russo

Anton Rubinstein

Quando se pensa nos grandes nomes que ajudaram a moldar a história do piano no século 19, inevitavelmente se lembra de Chopin, Liszt e Schumann. Mas existe um nome que, embora menos conhecido pelo público em geral, foi crucial para o futuro da música russa e para o desenvolvimento da literatura pianística: Anton Rubinstein. Pianista de fama mundial, compositor de obras grandiosas e fundador de uma das mais importantes escolas de música da Rússia, Rubinstein transformou o piano em uma verdadeira ponte entre a tradição europeia e a nascente identidade musical russa.

Anton Rubinstein nasceu em 28 de novembro de 1829 em Ofatinţi, um vilarejo na região da atual Moldávia, que então fazia parte do Império Russo. Filho de uma família judaica, mostrou desde cedo grande aptidão musical. Seu talento chamou a atenção de sua mãe e de professores locais, que o incentivaram a desenvolver-se no piano. Com apenas 9 anos já encantava plateias em Moscou, e pouco depois foi levado a Paris, onde tocou para ninguém menos que Chopin e Liszt. Esses encontros não apenas confirmaram sua vocação, mas também o colocaram diante do desafio de construir um estilo próprio em meio a gigantes do piano romântico.

Sua formação em Berlim, com o renomado teórico Siegfried Dehn, deu a Rubinstein uma base sólida de composição. Assim, ainda jovem, já unia o virtuosismo de intérprete à seriedade de compositor.

Na década de 1850, Rubinstein começou a se projetar internacionalmente como pianista. Sua presença em palco era arrebatadora: mãos poderosas, sonoridade expansiva e recitais longos, muitas vezes de quatro horas, que desafiavam até os ouvintes mais resistentes. Ele, sem exagero, foi chamado de “o colosso do teclado” por críticos da época.

Nos Estados Unidos, em uma turnê histórica, Rubinstein conquistou plateias que até então pouco conheciam o piano em sua grandiosidade. Na Europa, seus concertos lotavam teatros e o colocavam lado a lado com Liszt no panteão dos maiores pianistas da história.

 

O compositor

Se como intérprete Rubinstein impressionava pelo poder, como compositor ele buscava dar ao piano a mesma dimensão orquestral. Sua obra pianística é vasta, mas algumas peças se destacam não apenas pelo virtuosismo, mas também pela profundidade musical. Os cinco concertos para piano e orquestra são, talvez, suas obras mais célebres. Do lirismo juvenil do “Concerto n.º 1 em mi menor, Op. 25”, de 1850, ao monumental “Concerto n.º 5 em mi bemol maior, Op. 94”, de 1874, Rubinstein construiu uma trajetória que dialoga com Chopin e Liszt, mas abre espaço para a dramaticidade russa que inspiraria Tchaikovsky e Rachmaninov. O “Concerto n.º 4 em ré menor, Op. 70”, composto em 1864, é frequentemente apontado como seu mais equilibrado, combinando brilhantismo técnico e densidade romântica.

 

Suas três sonatas para piano são testemunho de sua visão “sinfônica” para o instrumento. Nelas, Rubinstein parece querer expandir os limites da sonata romântica, sem abandonar a tradição herdada de Beethoven e Schumann.

Além das grandes formas, Rubinstein compôs também coleções de estudos que tiveram papel importante no repertório didático e de concerto. Seus “Estudos, Op. 23” (publicados por volta de 1851, quando Rubinstein tinha pouco mais de 20 anos) revelam um compositor em plena afirmação técnica e artística. Neles, podem ser encontrados desafios de passagens rápidas, independência das mãos, acordes poderosos e uso expressivo do pedal, características que refletiam seu próprio estilo como pianista.

Mais tarde, em 1859, surgiram os “12 Estudos Característicos, Op. 50”, em que Rubinstein busca unir virtuosismo e musicalidade, criando peças que não serviam apenas para a prática técnica, mas também tinham valor artístico em recitais. Esse duplo caráter faz que alguns pianistas considerem Rubinstein um elo entre os estudos de Chopin e a escrita pianística de Rachmaninov.

Embora não tenham alcançado a mesma popularidade que os estudos de Chopin, Liszt ou Moszkowski, as coleções de Rubinstein foram muito utilizadas em sua época e continuam sendo valorizadas por pianistas que buscam expandir repertório técnico e explorar o romantismo russo.

Apesar de grandioso em muitos momentos, Rubinstein também sabia conquistar pela simplicidade. Sua célebre “Melodia em Fá maior, Op. 3, n.º 1”, continua sendo uma das peças mais tocadas por pianistas até hoje, pela beleza direta e descomplicada. Valsas, barcarolas e peças de caráter fizeram sucesso em sua época, aproximando o piano do público leigo e dos salões aristocráticos.

 

 

O pedagogo

Rubinstein não se limitou a brilhar nos palcos. Em 1862, fundou o Conservatório de São Petersburgo, a primeira grande instituição de ensino musical da Rússia. Graças a ele, o país passou a ter uma estrutura sólida de formação de músicos. Entre seus alunos mais ilustres esteve Pyotr Ilyich Tchaikovsky, que reconheceu a importância de Rubinstein em sua formação. Esse feito é comparável ao de Liszt em Weimar: ambos transformaram não só a arte de tocar, mas também o futuro da música por meio da educação.

Nos anos finais, Rubinstein continuou a compor e se apresentar, embora tenha se cansado das longas turnês. Em 1887, se retirou para a vila de Peterhof, se dedicando à escrita e ao ensino. Morreu em 20 de novembro de 1894, deixando uma vasta obra que inclui óperas, sinfonias, música de câmara e, sobretudo, um legado pianístico de grande importância.

Durante o século 20, parte da obra de Rubinstein caiu no esquecimento, ofuscada pela popularidade de Chopin, Liszt e Rachmaninov. Mas, nos últimos anos, gravações e concertos vêm redescobrindo sua música, revelando ao público o frescor de um romantismo arrebatador. No panorama do romantismo, Rubinstein é uma figura essencial, um elo entre a Europa central e a Rússia, entre a exibição técnica e a expressão poética, entre o piano como espetáculo e o piano como arte.

 

Gostou de conhecer Anton Rubisntein e as obras que ele compôs? Então compartilhe com seus amigos pianistas e participe da revalorização das composições desse gênio do piano.


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