Considerado um dos maiores pianistas de todos os tempos, Vladimir Horowitz é conhecido por sua técnica impecável, seu timbre expressivo e a emoção gerada por suas interpretações.
Biografia de Vladimir Horowitz
Nascido em 1º de outubro de 1903, em Berdichev, na Ucrânia, e registrado como nascido em Kiev, Vladimir Samoylovich Horowitz era o mais novo dos quatro filhos dos judeus Samuil Horowitz e Sophia Bodik.
O pai era um engenheiro elétrico abastado e distribuidor de motores elétricos para fabricantes alemães. A mãe, exímia pianista, foi a responsável por ministrar-lhe as primeiras aulas de piano, quando ele tinha 5 anos de idade.
Em 1912, Horowitz ingressou no Conservatório de Kiev, onde teve entre seus professores Vladimir Puchalsky, Sergei Tarnowsky e Felix Blumenfeld. Seu tio, Alexander, era aluno e amigo próximo de Alexander Scriabin que, ao ouvi-lo tocar, aos 10 anos, disse a seus pais que ele era extremamente talentoso.
Estudo no piano
Enquanto estudante, Horowitz preferia compor a dar concertos, e somente depois que sua família ficou na miséria – por causa da Primeira Guerra Mundial e da Revolução Russa – fez sua estreia em concertos.
Seu primeiro recital solo foi em Kharkov, em 1920, época em que, para fazê-lo parecer jovem demais para o serviço militar e não correr o risco de machucar as mãos, Samuil tirou um ano da idade do filho alegando que ele nasceu em 1904.
Viagens de Vladimir e apresentações
Horowitz logo começou a viajar pela Rússia e pela União Soviética, onde era frequentemente pago com pão, manteiga e chocolate em vez de dinheiro, por causa das dificuldades econômicas causadas pela Guerra Civil Russa. Durante a temporada 1922-23, tocou uma série de 23 recitais de onze programas diferentes em Leningrado (hoje São Petersburgo) sem duplicações, executando um total de mais de 200 obras.
Em dezembro de 1925, Horowitz emigrou para a Alemanha, aparentemente para estudar com Artur Schnabel em Berlim, mas secretamente com a intenção de não retornar. Ele escondeu dólares americanos e notas de libras esterlinas em seus sapatos para financiar seus primeiros shows.
Tocou em Paris e Londres e, selecionado pelo governo soviético para se juntar à delegação de pianistas que representariam o país no I Concurso Internacional de Piano Chopin na Polônia, em 1927, decidiu permanecer no Ocidente e não participou.
Horowitz fez sua estreia nos Estados Unidos em 12 de janeiro de 1928, no Carnegie Hall, interpretando o “Concerto para Piano nº 1” de Tchaikovsky, sob a direção do inglês Sir Thomas Beecham, que também estava fazendo sua estreia nos Estados Unidos.
Nessa apresentação, demonstrou uma notável capacidade de entusiasmar o público, habilidade que manteve durante toda a sua carreira. Em 1933, tocou pela primeira vez com o maestro Arturo Toscanini em uma apresentação do “Concerto para piano nº 5”, de Beethoven e, a partir de então, se apresentaram diversas vezes juntos, no palco e em gravações.
No mesmo ano, se casou com a filha de Toscanini, Wanda. Sucessos espetaculares seguiram-se em turnês europeias e americanas. Horowitz se estabeleceu nos EUA em 1939 e se tornou cidadão americano em 1944.
Insegurança no piano
Apesar das calorosas ovações nos recitais, Horowitz tornou-se cada vez mais inseguro quanto às suas habilidades como pianista. Em diversas ocasiões, teve que ser empurrado para o palco.
Sofrendo de depressão, se retirou completamente dos palcos de concertos de 1953 a 1965, embora continuasse a fazer gravações. O mesmo ocorreu entre 1969 e 1974 e de 1983 a 1985, quando enfrentou problemas de depressão e alcoolismo.
Volta aos palcos
Em 1985, não tomando mais remédios nem bebendo álcool, Horowitz voltou a se apresentar e gravar. Sua primeira aparição pós-aposentadoria não foi no palco, mas no documentário “Vladimir Horowitz: The Last Romantic”, filme que capturou o pianista em seus últimos anos, atuando em casa e relembrando Scriabin e Rachmaninoff.
No ano seguinte, Horowitz regressou à Rússia, 61 anos depois de partir, evento extremamente emocionante tanto para o artista como para o público, documentado no álbum e no filme “Horowitz em Moscou”.
Após os concertos russos, o pianista percorreu várias cidades europeias, incluindo Berlim, Amsterdã e Londres. Em junho de 1986, esteve em Tóquio. Mais tarde, recebeu a Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta honraria civil concedida pelos Estados Unidos, pelo presidente Ronald Reagan.
Últimos trabalhos
A última turnê de Horowitz ocorreu na Europa na primavera de 1987. Uma gravação em vídeo de seu penúltimo recital público, Horowitz em Viena, foi lançada em 1991. Seu recital final, no Musikhalle Hamburgo, Alemanha, ocorreu em 21 de junho de 1987. O show foi gravado, mas só foi lançado em 2008.
Horowitz morreu em 5 de novembro de 1989, em Nova York, vítima de um ataque cardíaco, aos 86 anos. O corpo foi enterrado no túmulo da família Toscanini no Cimitero Monumentale, em Milão, na Itália.
Em sua extensa discografia, abundam suas gravações de Chopin, Schumann e Rachmaninoff, mas o pianista também dedicou especial atenção à música de Scriabin e Scarlatti, sem deixar de lado obras dos clássicos vienenses.
Embora não tenha sido um professor prolífico, Horowitz foi mentor de pianistas notáveis como Nico Kaufmann, Byron Janis, Gary Graffman, Coleman Blumfield, Ronald Turini, Alexander Fiorillo e Ivan Davis, além de orientar Murray Perahia e Eduardus Halim.
Celebrado por sua técnica impecável e a qualidade de tom quase orquestral, Horowitz foi chamado por seus contemporâneos de “Liszt da nossa época” ou “virtuose sem limites”, e se tornou o estereótipo do pianista clássico e uma influência inevitável para as gerações subsequentes de pianistas.