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O estudo de música como auxiliar no tratamento de doenças

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“Pesquisadores matam células de câncer com sinfonia de Beethoven”. A chamada estampada em alguns dos sites de notícias mais importantes da internet pode parecer apelativa, mas o fato é verdadeiro.

Um grupo de cientistas liderados por Marcia Capella, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro – realizou com sucesso uma pesquisa em que, em vez de quimioterapia e radioterapia, os pesquisadores tocaram a Sinfonia Nº 5 de Beethoven e “Atmosphères”, de Gyorgy Ligeti, para células de câncer de mama, em laboratório.

Segundo os resultados, cerca de 20% das células morreram após “ouvirem” Beethoven e Ligeti, enquanto o restante diminuiu de tamanho. “Essa terapia costuma ser adotada em doenças ligadas a problemas psicológicos, situações que envolvam um componente emocional”, afirma a cientista. “Mostramos que, além disso, a música produz um efeito direto sobre as células do nosso organismo”, ressalta a coordenadora do estudo.

Que a música tem influência sobre processos psíquicos e psicológicos, já se sabia. Segundo a mesma pesquisadora, a “Sonata para dois pianos em Ré maior”, de Wolfgang Amadeus Mozart, uma das mais utilizadas em musicoterapia, provoca algo conhecido como o “efeito Mozart”, um aumento temporário do raciocínio espaço-temporal, o que acarreta diminuição de ataques epiléticos.

Para colher essas informações para a medicina, o neurologista Christine Charyton, da Universidade Estadual de Ohio, monitorou a atividade elétrica nos cérebros de pacientes com epilepsia e sem a doença neurológica crônica.

Os resultados mostraram que quando os pacientes epiléticos – cerca de 1% da população mundial – estão ouvindo música, as ondas cerebrais tendem a sincronizar com ela, especialmente se a epilepsia do paciente for baseada no lobo temporal caracterizada por crises parciais recorrentes, simples e complexas.

Dois outros estudos comprovam os benefícios que a música pode proporcionar. Um deles, realizado pela Cleveland Clinic Foundation, nos EUA, constatou que a música pode aliviar a depressão em portadores de Alzheimer. Entre 60 indivíduos analisados, os casos da síndrome — que aparece em decorrência da dor crônica — que foram tratados com música tiveram diminuição de 25%.

Pesquisadores da Universidade de Helsinque, na Finlândia, por sua vez, descobriram que ela pode ajudar na recuperação de pacientes com acidente vascular cerebral (AVC), o popular “derrame”.

Os que ouviram músicas logo na primeira semana após o acidente apresentaram melhora tanto da memória verbal quanto da capacidade de concentração e, até mesmo, do humor. Os autores do estudo acreditam que isso aconteça porque, ao ouvir música, o cérebro libera dopamina, relacionada à sensação de prazer e motivação, que estimula mecanismos cerebrais.

Corrobora esse fato outro estudo, realizado na Universidade Temple, nos Estados Unidos. Segundo os pesquisadores, o tratamento por musicoterapia realizado por terapeutas treinados auxiliou a melhorar o movimento em pacientes com AVC, aumentando a velocidade de caminhada para 14 metros por minuto em média, em comparação com a terapia padrão, e ajudou os pacientes a darem passos mais firmes. A música também melhorou os movimentos do braço, medido pelo ângulo de extensão do cotovelo.

Pesquisadores da Universidade de Zurique, na Suíça, verificaram que os pacientes que ouviram músicas antes, durante e após processos cirúrgicos tinham menor pressão arterial, menor frequência cardíaca e muito melhor recuperação, principalmente quando escolhiam suas próprias seleções.

Para recolher esses resultados foram avaliados dados de 47 estudos, 26 que analisaram o efeito da música antes da cirurgia, 25 durante a cirurgia e 25 durante a recuperação.

A música ajudou a diminuir em 31% a sensação de dor e em 29% a chance de usar medicação para a dor, e diminuiu em 34% a ansiedade dos pacientes. Além disso, conseguiu diminuir em 40% a pressão arterial e 27% a frequência cardíaca dos pacientes.

O estudo de música

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Se o simples ato de ouvir música pode trazer tantos benefícios, o estudo de um instrumento musical proporciona ainda mais ferramentas para o combate às doenças e ao restabelecimento ou melhoria das condições dos pacientes.

Entre muitos exemplos do uso do estudo musical como auxiliar no tratamento de enfermidades, um é o combate ao estresse. Tocar um instrumento alivia as tensões, substitui o foco de atenção para a prática musical e traz sensações de prazer e realização, controlando a ansiedade e auxiliando na busca do equilíbrio e da concentração.

Para pacientes portadores de Alzheimer, o estudo de um instrumento musical colabora para o aumento da capacidade de memória, ao mesmo tempo em que, também, auxilia no aumento do poder de concentração. Por estimular diversas áreas do cérebro em conjunto, o estudo de música também pode, em pacientes vitimados por AVCs, colaborar para a melhoria da coordenação motora e da capacidade de expressão.

Seja ouvindo ou praticando, a música é excelente auxiliar no tratamento de um grande leque de enfermidades por afetar a estrutura e a função de diferentes regiões do cérebro, alterando o modo de como elas se comunicam, e a reação dele a diferentes estímulos sensoriais.

O aprendizado musical tem o potencial de promover a plasticidade neural, a capacidade que os neurônios têm de formar novas conexões a cada momento. Por isso, até mesmo pessoas que sofreram acidentes com perda de massa encefálica, déficits motores, visuais, de fala e audição, podem se beneficiar desse estudo com o objetivo de, gradativamente, se recuperarem.

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4 thoughts to “O estudo de música como auxiliar no tratamento de doenças”

  1. Bom dia,
    Sou voluntário em uma associação que trabalha com pessoas com deficiência mental. Gostaria muito de fazer um trabalho com musicoterapia, sou leigo no assunto ( músico amador) . Gostaria de saber se a Fritz Dobbert tem possibilidade de patrocinar ou apoiar de alguma forma um projeto deste tipo.
    Achei o artigo muito relacionado com a trabalho que a Ass. VIDA E ARTE faz em Tubarão.

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