Já falamos neste blog sobre a lateralidade, a propensão que o ser humano possui de utilizar preferencialmente mais um lado do corpo que o outro. Se há um lado dominante que inicia e executa a ação principal, é compreensível que o outro, que auxilia essa ação, o faça, porém, sem tanta naturalidade e coordenação.
Se essa complementariedade – e, de certa forma, dependência – é aceitável nas atividades diárias, o mesmo não deve ocorrer na prática pianística. Cabe ao estudante trabalhar a independência das mãos de forma que cada uma se desenvolva igualmente, tanto na agilidade quanto na coordenação.
Muitos são os métodos que trabalham essa questão, desde Hanon e Beringer a Liszt e Cortot, assim como estudos compostos por grandes nomes da música como J. S. Bach, C. Debussy, F. Chopin e muitos outros. De fato, o segredo consiste em igualar o trabalho das mãos e, na sequência, criar independência entre elas.
Exercícios de independência das mãos
Independência e coordenação motora podem ser comparadas aos dois lados da mesma moeda. Se é necessário que as duas mãos tenham a mesma capacidade técnica – ou seja, que consigam executar os mesmos exercícios, na mesma velocidade e com a mesma sonoridade -, também é necessário que cada uma consiga executar passagens musicais de forma independente da outra. E tanto mais difícil isso se torna quando mais parecidos são os desenhos que elas têm que interpretar. Por isso, alguns métodos sugerem formas de estudo alternativas para desenvolvimento dessa habilidade.
Para exemplificar, vamos utilizar o famoso Estudo Nº 1 de Hanon, o Pianista Virtuoso.
Depois de todas as dificuldades técnicas do exercício estarem dominadas e o estudante ter conseguido interpretá-lo em velocidades variadas, ele deve estudar – primeiro separadamente e, depois, com as mãos juntas – as variações a seguir, tomando o cuidado de analisar o movimento de cada mão para verificar se ambas têm a mesma ação.
Variação 1
Nesta variação, as mãos alternam ligados e destacados, o que faz que elas atuem ao contrário uma da outra.
Variação 2
Aqui, ligados e destacados ainda se alternam, mas em grupos maiores.
Variação 3
Nesta variação, as mãos ora alternam ora realizam o mesmo desenho, o que exige atenção por parte do estudante.
Aplicando as variações propostas aqui em estudos como Hanon e Beringer, além de outras indicadas em vários métodos, o pianista desenvolverá a independência entre as mãos e poderá se aventurar em desenhos cada vez mais complexos, de forma a garantir a necessária segurança para a interpretação de difíceis obras do repertório pianístico.
Muito interessante, sempre tive dificuldades com a mão esquerda, sou dextra na maioria dos movimentos.