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interior de um bar jazz

Os pianistas da bossa nova

palco de show com instrumentos musicais

Mais internacional e icônico movimento da música brasileira, a bossa nova surgiu na década de 1950, oficialmente a partir da Zona Sul do Rio de Janeiro. O marco inicial do estilo é o samba “Chega de Saudade”, de autoria de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, lançado originalmente por Elizeth Cardoso no álbum Canção Do Amor Demais, em 1958. O acompanhamento ao violão feito pelo baiano João Gilberto – que gravou pouco depois a canção em um 78 RPM, ao lado de “Bim Bom” – trazia, pela primeira vez, a batida que se tornaria característica do estilo.

Mas, apesar de a bossa nova ter ficado caracterizada pelo bordão “um banquinho, um violão”, o piano teve importância ímpar tanto na criação do estilo quanto em sua popularização. Bem antes de Elizeth e João Gilberto, o pianista, cantor e compositor Johnny Alf já havia lançado as bases do movimento em 1953, com a gravação da canção “Rapaz de Bem”, quando se tornou um dos maiores pianistas da bossa nova.

Além dele, o compositor, pianista e arranjador João Donato também é considerado precursor do movimento. No mesmo ano de lançamento do sucesso de Alf, 1953, Donato já utilizava síncopes muito semelhantes à batida do violão de João Gilberto em gravações de sambas como “Se Acaso Você Chegasse”, do gaúcho Lupicínio Rodrigues.

João Donato tocando Piano

Mas não se trata de uma coincidência: tanto Alf quanto Donato eram “sócios” do Sinatra-Farney Fan Club, fundado em 3 de fevereiro de 1949 a partir de um grupo formado no Instituto Brasil-Estados Unidos que tinha como objetivo o intercâmbio de música brasileira e norte-americana, realizando sessões semanais para analisar orquestrações, solos e composições, além de realizar jam-sessions, excursões, conversações musicais e sessões cinematográficas, entre outras atividades. O nome surgiu quando o pianista e cantor Dick Farney, outro precursor da bossa nova, retornou dos Estados Unidos, em 1949, ficou sabendo do grupo e se juntoua ele. A sede, à Rua Almirante Gomes Pereira, 53, na Tijuca, era, na verdade, um porão cedido pela mãe de uma das sócias, onde havia um velho piano e uma bateria.

Vale lembrar que o maior expoente do movimento e que entra na lista dos melhores pianistas da Bossa Nova é Tom Jobim – o maestro soberano, autor de “Garota de Ipanema” e responsável pelo maior número de sucessos da época além da internacionalização da música brasileira -, que também frequentou o clube.

Com a explosão da bossa nova, durante a década de 1960, outros pianistas se destacaram no estilo, alguns deles pavimentando uma sólida e bem-sucedida carreira internacional. É o caso de Sérgio Mendes, natural de Niterói, que começou com o Sexteto Bossa Rio e o disco “Dance Moderno” em 1961, seguindo então para o exterior onde gravou com nomes como Cannonball Adderley e Herbie Mann. Nos Estados Unidos, formou o grupo Sérgio Mendes & Brasil 66 e alcançou sucesso mundial com a gravação em versão bossa nova de “Mas que nada”, de Jorge Ben Jor.

Eumir Deodato, por sua vez, se estabeleceu como arranjador ao lado de nomes consagrados como Radamés Gnattali e Moacir Santos durante o início da década de 1960. Reuniu vários nomes famosos do samba jazz, como Geraldo Vespar, Wilson das Neves, Dom Um Romão e Ivan Conti (o baterista Mamão), para formar o supergrupo Os Catedráticos, que lançou três discos em 1964 e 1965. Depois, migrou para os Estados Unidos, onde firmou carreira como produtor.

Seguindo a linha de trios de piano, César Camargo Mariano se destacou ao lado de Humberto Cláiber e Airto Moreira formando o Sambalanço Trio, e Luís Carlos Vinhas formou o Bossa Três com o contrabaixista Tião Neto e o baterista Edison Machado. O Tamba Trio foi formado por Luiz Eça, Bebeto Castilho e Hélcio Milito, tendo o pianista Laércio de Freitas como substituto de Eça em 1967. Isso sem falar no Zimbo Trio, formado pelo pianista Amilton Godói, o contrabaixista Luís Chaves e o baterista Rubinho Barsotti, que acompanhou grandes nomes da música brasileira no País e no Exterior e foi o grupo fixo do programa O Fino da Bossa, da TV Record, apresentado por Elis Regina e Jair Rodrigues, um dos mais importantes na divulgação de novos talentos musicais e da estética da bossa nova e da embrionária MPB.

Além desses, novos nomes surgiram durante a década de 1960, se juntando ao movimento e dando a ele outra diretriz, mais popular e nacionalista, que fazia crítica às influências do jazz norte-americano na bossa nova e propunha a reaproximação com o samba de raiz e compositores de morro. Entre esses um dos mais proeminentes pianistas da Bossa Nova foi o compositor Marcos Valle, autor de “Samba de Verão”, uma das canções clássicas do estilo. Francis Hime, mais conhecido pela parceria com Chico Buarque durante as décadas de 1970 e 1980, também fazia parte desse grupo e foi um dos primeiros parceiros de Vinícius de Moraes.

A bossa nova sofisticou a música popular brasileira, em grande parte influenciada pelo jazz. E, se teve seu início oficialmente pelas mãos de um violonista e cantor, foi por meio de pianistas, em sua maior parte, que ganhou o mundo, seja pelos grupos formados por eles ou pelas inovações harmônicas e rítmicas que agregaram ao estilo, devolvendo a influência que sofreu e sendo assimilada por músicos do mundo todo.

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