Pyotr Ilyich Tchaikovsky é o compositor russo mais popular da história e seu “Concerto para Piano” está entre os mais executados de todos os tempos. Nasceu na cidade russa de Votkinsk, no Império Russo, no dia 7 de maio de 1840 (25 de abril de 1840 no calendário juliano utilizado na Rússia à época), um de seis filhos de uma família de classe média russa.
Teve as primeiras impressões musicais com as canções populares cantadas pela mãe, Aleksandra Andreievna d’Assier, descendente do escultor francês Michel-Victor Acier. Aos cinco anos, aprendeu a tocar piano. Pelo lado paterno, Tchaikovsky vinha de uma família com longa tradição militar.
Seu pai, Ilia Petrovitch Tchaikovsky, se formou na Escola de Minas de São Petersburgo, depois serviu como tenente-coronel e engenheiro no Departamento de Minas e, mais tarde, se tornou administrador de siderúrgicas localizadas em Vótkinsk.
Desde pequeno, Tchaikovsky passou a receber aulas de piano em casa. Em 1844, os pais do compositor contrataram Fanny Dürbach, uma governanta francesa de 22 anos de idade, a quem Tchaikovsky se apegou. Ela preservou muito do trabalho musical de Tchaikovsky desse período, incluindo suas primeiras composições conhecidas, e mais tarde tornou-se uma importante fonte de informações sobre a infância do compositor.
Aos quatro anos, Tchaikovsky realizou sua primeira tentativa de composição, uma canção chamada “Nossa Mamãe em Petersburgo”, escrita juntamente com sua mãe. Seus pais, inicialmente encorajando seu talento por razões práticas e estéticas, no final de 1845 contrataram uma professora chamada Maria Pilchikova.
Precoce, dentro de três anos sua habilidade em ler partituras seria comparável à de sua professora. Em 1848, quando da mudança de sua família para São Petersburgo, Tchaikovsky e seus irmãos foram matriculados em uma escola privada, onde ele continuou a receber lições de piano até 1849.
Em 1850, a família decidiu que ele deveria tornar-se um advogado e o matriculou na Escola de Direito de São Petersburgo, onde estudou até 1859. Nesse período, quando tinha 14 anos, ocorreu um dos piores episódios de sua vida: a morte da mãe, que desencadeou no adolescente uma profunda depressão, seguida por fortes crises de nervos, e o levou a escrever sua primeira composição séria, uma valsa em sua memória.
Tchaikovsky continuou seus estudos de piano com Franz Becker, um fabricante de instrumentos que ocasionalmente visitava a escola, e, em 1855, Ilia Petrovitch pagou aulas particulares com Rudolph Kündinger, conhecido professor de piano da época. Em 1859, Tchaikovsky honrou os desejos de seus pais ao assumir o cargo de escriturário no Ministério da Justiça – cargo que ocupou por quatro anos, período durante o qual tornou-se cada vez mais fascinado pela música.
Em 1863, já com mais de vinte anos, começou a estudar no Conservatório de São Petersburgo e, por conta de grande esforço pessoal, progrediu rapidamente nos estudos. Por causa de seu domínio do instrumento, foi dispensado das aulas obrigatórias de piano, mas decidiu estudar flauta e órgão. Estudou harmonia e forma com Nikolay Zaremba, e orquestração e composição com Anton Rubinstein.
Nessa época, Tchaikovsky também fez suas primeiras tentativas de composição, entre as quais uma ópera, “Hyperbola” (perdida), uma valsa para piano e sua primeira obra publicada, a canção “Mezza Notte”. Compôs as primeiras obras sérias, em especial a Primeira sinfonia, “Sonhos de Inverno”.
O trabalho quase o levou à loucura, causando-lhe angústias, alucinações, complicações intestinais, enxaqueca, e outros sintomas de neurastenia aguda. Entrou em contato com os inovadores da música russa, o Grupo dos Cinco, de quem sofreu influência, mas se opôs ao nacionalismo exagerado, preferindo assimilar influências ocidentais.
Ao graduar-se em 1865, Tchaikovsky recebeu a maior honraria da escola, a medalha de prata. Meses depois, abandonou o Ministério da Justiça e, logo em seguida, o irmão de Anton Rubinstein, Nikolai, ofereceu-lhe o cargo de professor de harmonia no Conservatório.
De 1867 a 1878, Tchaikovsky combinou seus deveres profissionais com a crítica musical, enquanto continuava compondo. Essa atividade o expôs à música contemporânea e lhe proporcionou oportunidades de viajar para o exterior. Enquanto crítico de música, também abordou com frequência a má situação da ópera russa.
A obra de Tchaikovsky foi apresentada publicamente pela primeira vez em 1865, com Johann Strauss, o Jovem, conduzindo as “Danças Características” em um concerto em Pavlovsk. Em 1868, a “Primeira Sinfonia” foi bem recebida quando apresentada em Moscou. No ano seguinte, sua primeira ópera, “Voyevoda”, chegou aos palcos.
Tchaikovsky reaproveitou parte desse material para compor sua próxima ópera, “Oprichnik”, que alcançou algum sucesso. Nessa época, também ganhou elogios por sua “Segunda Sinfonia” e conseguiu se estabelecer como talentoso compositor de peças instrumentais com seu “Concerto para Piano nº 1” em Si bemol menor.
A aclamação veio prontamente para Tchaikovsky em 1875, com sua composição “Sinfonia nº 3” em Ré maior. No final daquele ano, o compositor embarcou em turnê pela Europa.
Em 1877, aos 37 anos, o compositor desposou uma ex-aluna, Antonina Miliukova. Rapidamente, esse casamento mostrou-se um desastre. Incompatível, o casal viveu junto por apenas dois meses e meio, até Tchaikovsky partir para o estrangeiro, extenuado emocionalmente e sofrendo de um agudo bloqueio criativo.
Demitiu-se do Conservatório de Moscou em 1878. Sua família continuou a apoiá-lo durante essa crise e, ao longo de sua vida, também foi auxiliado por Nadejda von Mekk, a viúva de um magnata da ferrovia, que se tornou sua apoiadora financeira não muito antes do casamento. Ela seria sua mecenas pelos próximos 13 anos, o que permitiu a ele se concentrar exclusivamente em suas composições.
Durante esse tempo, completou a ópera “Ievguêni Oniéguin”, orquestrou a sua “Sinfonia n.º 4” e compôs um “Concerto para Violino e Orquestra”. Retornou brevemente ao Conservatório de Moscou, no outono de 1879, e, durante os anos seguintes, viajou incessantemente pela Europa e pela Rússia rural.
A reputação estrangeira de Tchaikovsky cresceu, e uma reavaliação positiva de sua música também ocorreu na Rússia, graças em parte ao apelo do romancista russo Fiódor Dostoiévski por “unidade universal” com o Ocidente, em 1880. Duas de suas obras musicais desse período se destacam: a “Abertura 1812” e o “Trio para piano em Lá menor dedicado à memória de Nikolai Rubinstein.
Primeiro compositor russo a conquistar fama internacional, sua carreira foi impulsionada por sua participação como regente convidado em outros países da Europa e nos Estados Unidos. Como reconhecimento, em 1884, foi homenageado pelo imperador Alexandre III e recebeu uma pensão vitalícia.
Em 1892, Tchaikovsky foi eleito membro da Académie des Beaux-Arts, na França, sendo o segundo artista russo a ser aceito nela. No ano seguinte, a Universidade de Cambridge, na Inglaterra, honrou Tchaikovsky com o título de Doutor Honoris Causa em música.
Entre 16 e 28 de outubro de 1893, Tchaikovsky regeu a estreia de sua “Sinfonia n.º 6 Pathétique, uma de suas mais importantes obras, em São Petersburgo. Nove dias, vitimado pela cólera, ele morreu, aos 53 anos. Foi enterrado no Cemitério de Tikhvin, no Mosteiro de Aleksander Nevski, próximo aos túmulos dos compositores Alexander Borodin, Mikhail Glinka e Modest Mussorgski. Mais tarde Nikolai Rimski-Korsakov e Mili Balakirev também foram enterrados nas proximidades.
Tchaikovsky escreveu muitos trabalhos que se tornaram populares, incluindo a abertura-fantasia “Romeu e Julieta”, a seus três balés (“O Quebra-Nozes”, “O Lago dos Cisnes” e “A Bela Adormecida”) e a “Marcha Eslava”. Suas óperas “A Dama de Espadas” e “Ievguêni Oniéguin”, estão entre os seus trabalhos mais conhecidos, a lado da “Sinfonia Manfredo”, do poema sinfônico “Francesca da Rimini”, do “Capricho Italiano” e da “Serenata para Cordas”.
Para piano, a obras mais importantes do compositor são “Sonata Nº 1 em Sol maior, Op. 37”, “As estações – Op. 37b”, “Album pour Enfants: 24 pièces faciles (à la Schumann)” e “Concerto-fantasia para piano e orquestra em Sol maior – Op. 56”, além de outras menos conhecidas do público, mas frequentemente executadas por estudantes e solistas.
“Nunca estou longe do piano, me alegra quando estou triste”, escreveu em uma de suas cartas, confessando o amor pelo instrumento.