Sinal de agilidade e resistência, o trinado sempre foi um dos ornamentos mais chamativos da performance pianística. E um dos mais difíceis de ser executado! Trata-se da execução rápida e alternada de duas notas adjacentes, geralmente distantes um semitom ou um tom entre si.
O primeiro objetivo era o de prolongar determinada nota, fazendo-a soar por mais tempo, mas, com o desenvolvimento do piano e da técnica pianística, o trinado ganhou status de elemento virtuosístico.
Como tocar trinado no piano
Executar um trinado de forma precisa, com clareza e brilho, não é tarefa fácil, pois depende, primeiramente, da independência e da agilidade dos dedos, mas também do movimento do antebraço e, obviamente, de relaxamento muscular.
Executar um trinado por muito tempo sem o relaxamento necessário pode causar tensão e enrijecimento dos músculos, produzindo dor e fadiga. Por isso, é importante conseguir executar o trinado de forma leve, sem movimentos desnecessários.
Para dominar esse elemento é necessário, primeiramente, desenvolver a independência dos dedos. Isso pode ser feito por meio de estudos e métodos como Hanon e Beringer, além de técnicas específicas de cada escola pianística.
Mas, por mais independência de dedos que o pianista possua, um estudo dirigido pode ser um auxiliar valioso. Por isso, damos aqui um roteiro para estudar trinados e conseguir o máximo em performance.
1 – Verifique o dedilhado
Um bom dedilhado é elemento primordial para uma boa execução. Verifique na partitura quais dedos devem executar o trinado de acordo com o encaminhamento do trecho musical de forma a não precisar trocar de dedilhado antes da execução do ornamento.
Alguns dedos trabalham melhor alternadamente, como o segundo dedo (indicador) com o terceiro (médio). E a alternância do primeiro dedo com o segundo ou o terceiro funciona bem. Outros dedos exigem um pouco mais de estudo, por questões anatômicas.
2 – Peça auxílio ao antebraço
Uma pequena rotação do antebraço no sentido do dedo que está ferindo a nota pode auxiliar muito a execução do trinado, fazendo que os músculos do braço fiquem mais relaxados e os dedos precisem se movimentar menos. Um antebraço rígido e estático é um convite para LERs e DORTs.
3 – Estude lentamente
Sim, o trinado é um ornamento rápido que tinha como objetivo prolongar a nota nos antecessores do piano, como o cravo. Mas isso não quer dizer que o estudo deve ser na velocidade da execução. Toque a peça lentamente e tente encaixar o trinado na divisão proposta, de forma precisa e isócrona. Ou seja, se o trinado deve durar dois tempos, o pianista pode tocar 8 semicolcheias ou 16 fusas, dependendo do andamento.
4 – Divida o trinado em partes
Estude separadamente cada parte do trinado e acrescente notas aos poucos. Comece com apenas uma alternância entre os dedos.
Depois, aumente a quantidade de notas, aos poucos, até conseguir realizar o trinado durante todo o tempo necessário.
5 – Use o metrônomo
Acelere aos poucos a execução do trecho, subindo a velocidade de 4 em 4 ou 8 em 8 batidas por minuto no metrônomo. Se não conseguir executar o trecho no andamento desejado, não esmoreça! Retome o estudo em um andamento inferior e verifique se dedos e braço estão relaxados.
Seguindo esses passos, o trinado vai soar limpo, leve, claro e brilhante, como deve ser. E todos vão se admirar de seu virtuosismo!