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Franz Joseph Haydn tocando com amigos

Franz Joseph Haydn, o artífice do classicismo

Franz Joseph Haydn tocando com amigos

Chamado de o “Pai da Sinfonia” e o “Pai do Quarteto de Cordas”, o compositor austríaco Franz Joseph Haydn contribuiu de maneira decisiva para o desenvolvimento dessas e de outras formas musicais.

Extremamente prolífico, conseguia escrever três peças em uma semana e compôs 107 sinfonias, 83 quartetos de cordas, 45 trios para piano e cordas, 62 sonatas para piano, 27 concertos para diversos instrumentos, 16 óperas, 16 aberturas orquestrais, 35 peças religiosas e outros trabalhos. Muito reconhecido, foi considerado o maior compositor vivo de seu tempo e, ao lado de Mozart e Beethoven, forma a “trindade vienense”.

Início na música

Franz Joseph Haydn nasceu na pequena aldeia de Rohrau, na Áustria, no dia 31 de março de 1732, filho de Matthias Haydn e Maria Koller.  De origem humilde, aprendeu a tocar vários instrumentos e a cantar incentivado por seu pai, marceneiro e entusiasta da música folclórica.

A convite de seu primo, Johann Matthias Franck, mestre de capela em Hainburg, o garoto, com seis anos, seguiu para lá, onde estudou cravo e violino. Posteriormente, revelou ter passado fome e humilhações durante esse período em que morou com os parentes.

Retrato de Franz Joseph Haydn

Dois anos mais tarde, Haydn foi descoberto por Georg von Reutter, diretor de música na catedral de Santo Estêvão, em Viena, que, impressionado com a musicalidade do garoto, o levou a integrar o coro de meninos, onde permaneceu durante os nove anos seguintes como cantor, os últimos quatro, na companhia de seu irmão mais novo, Michael. Aos 17, com a mudança de voz, Joseph Haydn foi demitido do grupo e substituído por ele. Para sobreviver, deu aulas e tocou órgão nas igrejas e violino em bailes e tavernas.

Durante esse período, como musicista autônomo, conheceu o compositor italiano Niccolò Porpora, com quem aprendeu os princípios fundamentais da composição e que o colocou em contato com grandes compositores da época. Escreveu seu primeiro quarteto de cordas e, em 1752, a ópera cômica “O Diabo Coxo”. Sua reputação crescia gradualmente e, por conta disso, tinha como alunas as filhas de ricos comerciantes ricos e completava orquestras desfalcadas.

Em 1754, foi nomeado como mestre de capela para o conde Karl von Morzin, da Boêmia, onde também se tornou diretor musical da câmara. Nesse cargo, escreveu suas primeiras sinfonias e continuou seu trabalho como professor de música. Se apaixonou por uma de suas alunas, Theresa Keller, a quem pediu em casamento, mas a jovem estava destinada a seguir uma vida religiosa. Haydn acabou se casando com a irmã dela, Maria Anna Keller, em 1760, mas nunca tiveram filhos.

 

Relação com a realeza

Em 1761, Haydn foi contratado pelo príncipe Paul Anton Esterházy, importante personagem da nobreza húngara, como mestre de capela assistente. Em sua condição de músico da corte, Haydn era obrigado a vestir um uniforme como os criados e tudo o que criava era destinado ao seu patrão, comum tratamento para o cargo na época.

Mas como fanático por música, o príncipe Nikolaus Ezsterházy deu condições a Haydn para que o compositor conseguisse desenvolver suas criações livremente. Em 1766, tornou-se o titular do cargo, com a morte de seu antecessor. O compositor tinha acesso à orquestra privada do príncipe, para a qual escreveu mais de 100 sinfonias.

Haydn serviu à família por mais de 30 anos, em Eszterháza, o grande palácio da família no interior da Hungria, longe dos grandes centros, e em Eisenstadt, palácio de inverno em Viena. Apesar do isolamento, enquanto trabalhou para os Ezsterházy, Haydn produziu uma enorme quantidade de obras. “Não tive alternativa senão a de ser original”, afirmou em suas memórias.

Viagens para mostrar sua música

Com a autorização do príncipe, começou a fazer pequenas viagens para algumas apresentações. Em uma delas, à Viena, se tornou amigo de Mozart, 24 anos mais novo que ele, com quem passou a se corresponder com frequência. Nessa época, parou de compor óperas e concertos – os dois gêneros em que Mozart mais se destacou.

Mozart, em contrapartida, escreveu seis quartetos dedicados a Haydn. Seus talentos se harmonizavam numa completa perfeição: Haydn, mais audacioso na estrutura musical, Mozart, mais inventivo e requintado nas melodias e orquestrações.

Em 1790, com o falecimento do príncipe Nikolaus Ezsterházy, os serviços de Haydn já não eram necessários e, a partir daí, ele passou a receber uma pensão da família que possibilitou que vivesse sem problemas financeiros. O compositor pode, então, aceitar a oferta do empresário alemão Johann Peter Salomon, para ir à Inglaterra, onde compôs 12 famosas sinfonias. conhecidas como as “Sinfonias Salomon” ou “Sinfonias de Londres”.

Aclamado pela sociedade britânica, recebeu da conceituada Oxford University o título de Doutor Honoris Causa em Música. Chegou a receber uma proposta para ficar em Londres, mas recusou e voltou para Viena, onde foi recebido com pompas e honrarias. Se estabeleceu em uma casa no subúrbio de Gumpendorf, mais tarde transformada em museu, e se dedicou à composição de grandes obras religiosas para coro e orquestra, entre elas as seis missas dedicadas à família Eszterházy, cujo príncipe era novamente inclinado à música.

Passou a conviver com os maiores artistas da época e a lecionar para jovens talentos, entre os quais o temperamental Beethoven, vindo da Alemanha, então com 22 anos de idade.

 

Doença e morte

A partir de 1802, Haydn passou a dar sinais de debilidade física e ficou impossibilitado de compor, o que o deprimiu. Durante esse tempo, foi amparado por seus empregados e recebeu muitos visitantes e honras públicas. Antes de morrer, ditou suas lembranças e preparou o catálogo de suas obras.

Faleceu no dia 31 de maio de 1809, após a tomada de Viena pelo exército francês de Napoleão Bonaparte, sendo sepultado em solene cerimônia fúnebre, com os próprios oficiais franceses formando a guarda de honra no enterro. Onze anos depois, seus restos mortais foram transladados, por ordem do príncipe Esterhazy, para a Igreja de Eisenstadt.

Haydn tem seu lugar na história marcado pelas inovações que trouxe à música instrumental, desenvolvendo a forma-sonata e consolidando a estrutura de novos gêneros, como a sinfonia e o quarteto, além de ter escrito muitas sonatas para piano, trios, divertimentos e missas, que se tornaram a base do estilo clássico de composição de música erudita.

Compositor extremamente fértil, deixou também extensa obra vocal, incluindo cantatas para solo, árias, duetos, trios e quartetos vocais, e muitas canções de base folclórica, inclusive o coral que se tornou o Hino Nacional da Áustria.


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