Um dos mais consagrados formatos de composição para piano, a sonata é uma peça geralmente escrita em três movimentos, ou seja, três partes distintas, frequentemente de caráter contrastante. Há também sonatas escritas em um único movimento, dois, cinco ou mais, dependendo da época em que foram compostas e das intenções de seus autores.
A sonata foi desenvolvida ao longo dos séculos 17 e 18 a partir de outras formas musicais, tendo sido muito utilizada pelos compositores sobretudo porque sua estrutura favorece o enquadramento de pensamentos ou sentimentos contraditórios.
O termo sonata é derivado do latim “sonare”, música feita para “soar”, ou seja, a música instrumental composta principalmente para solistas de instrumentos de sopro ou cordas, em oposição à cantata, a música cantada.
No período barroco, Scarlatti foi o compositor que mais utilizou a forma, tendo escrito mais de 500 sonatas para cravo, muitas delas inéditas durante sua vida. A maioria é composta de apenas um movimento, com dois temas, e apresenta considerável dificuldade técnica e abordagens harmônicas bastante inovadoras para a época.
O auge da forma sonata
Embora vários compositores do século 17 tenham escrito peças para instrumentos de teclado intituladas “sonata”, foi apenas no período clássico que o termo “sonata para piano” adquiriu significado definido e forma característica.
Nesse sentido, a “Sonata Opus 2”, de Muzio Clementi – que escreveu mais de 110 sonatas e ficou conhecido como o “pai do piano” –, pode ser considerada a primeira sonata composta.
No Classicismo, a sonata passou a ser uma composição para instrumentos solistas, em três movimentos, normalmente dois rápidos e um lento.
Na sonata clássica, o primeiro movimento é desenvolvido dentro da “forma sonata”, ou seja, uma estrutura musical com três seções principais – exposição do tema, desenvolvimento de tema e reexposição do tema – que podem ser precedidas por uma introdução e seguidas de uma Coda ou finalização.
O segundo movimento é livre, em andamento lento. A sonata termina com um alegro, geralmente na forma de rondó ou minueto, no estilo estrofe-refrão. Eventualmente, havia ainda um quarto movimento.
Ao lado das sonatas de Joseph Haydn, são desse período algumas das mais conhecidas do grande público, como a “Sonata para Piano Nº 11 em Lá maior (K 331) – com o último movimento, “Alla Turca” ou “Marcha Turca” – e a “Sonata Nº 16, em Dó maior (K 545)”, de Wolfgang Amadeus Mozart, em que é possível perceber muito claramente a “forma sonata” em que foi composto o primeiro movimento.
O maior expoente da música do período, Ludwig van Beethoven , também se dedicou à sonata. O conjunto de 32 escritas por ele, incluindo as famosas “Patética”, “Appassionata” e “Sonata ao Luar”, é considerado o auge da forma e uma das mais importantes coleções de obras na história da música.
Hans von Bülow, um dos maiores virtuoses do piano de todos os tempos, chamou-as de “O Novo Testamento” da música (“O Velho testamento seria o Cravo Bem Temperado de Johann Sebastian Bach).
À medida que o período romântico progrediu depois de Beethoven e Schubert, as sonatas para piano continuaram a ser compostas, mas em menor número. A forma assumiu um sentido acadêmico e competiu com gêneros mais curtos e compatíveis com o estilo de composição romântica.
No entanto, vários dos grandes compositores desse movimento artístico se dedicaram à forma, porém com menor assiduidade, como se a obra de Beethoven inibisse sua criação. Entre eles, Chopin compôs apenas três, assim como Schumann, Mendelssohn e Brahms.
Rachmaninoff deixou duas dessas obras e Liszt apenas uma, considerada a de maior dificuldade técnica de todo o repertório pianístico.
Mesmo a partir do final do século 19, com a modernidade batendo às portas da história da música, a sonata foi a forma utilizada por muitos compositores, como Alexander Scriabin, Sergei Prokofiev, Béla Bartók, Aaron Copland e Igor Stravinsky, entre muitos outros.