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Magda Tagliaferro

Magda Tagliaferro: a criadora das masterclasses

Magda Tagliaferro

Exímia pianista e professora, Magda Tagliaferro é considerada uma das grandes pianistas do século 20 e impôs uma nova concepção de sonoridade ao instrumento.

Magdalena Maria Yvonne Tagliaferro, mais conhecida como Magda Tagliaferro, nasceu em Petrópolis no dia 19 de janeiro de 1893. Considerada uma das maiores pianistas do século 20, construiu carreira na Europa, principalmente na França, onde desenvolveu sua sonoridade e estabeleceu novos parâmetros para a pedagogia musical.

Seu nome brilha no panteão dos maiores virtuoses do piano ao lado de Arthur Rubinstein, Vladimir Horowitz, Claudio Arrau, Guiomar Novais e Marguerite Long. Além de exímia intérprete, tornou-se referência interpretativa, sendo desde sempre, reverenciada pela crítica.

Magda Tagliaferro iniciou seus estudos musicais aos 5 anos de idade e, aos 13 anos, ingressou no Conservatório de Paris, tendo Antonin Marmontel como professor. Em 1907, ganhou o Primeiro Prêmio do Conservatório de Paris e, no ano seguinte, saiu em turnê na França tocando a Balada op.19, de Gabriel Fauré, na versão para dois pianos, com o próprio compositor ao segundo piano. Daí por diante, sua carreira foi meteórica, devastando a Europa com sua genialidade e personalidade.

Segundo o crítico Henri Collet, do Courrier Musical de Paris, a pianista “tornou-se uma das mais belas virtuoses deste tempo por sua incomparável musicalidade e firmeza únicas de seu estilo. Nada falha na sua interpretação mágica”.

Em 1923, Magda retorna ao Brasil para uma série de concertos. Em 1928, é admitida na ” Légion d’honneur”. O ano seguinte marcar o encontro com Stokowsky, em Paris, além da gravação do primeiro disco, da primeira gravação mundial da Balada para piano e orquestra op.19 de Fauré e da primeira audição, em Paris, de “Momo Precoce” de Villa-Lobos.

No início da década de 1930, realizou um recital no Teatro Champs Elysèes e, ao termina-lo, um senhor pequeno e tímido se aproximou e disse: “Sou Maurice Ravel. E é exatamente assim que deve ser tocada a “Alborada del gracioso”. Em 1937, foi nomeada sucessora de Isidore Phillip, tornando-se professora do Conservatório Nacional de Paris.

Após uma turnê para os Estados Unidos para divulgação das obras de compositores franceses contemporâneos, retornou ao Brasil em 1940, inaugurando uma de suas práticas mais audaciosas e inovadoras: os cursos públicos de Interpretação e Aperfeiçoamento, que deu origem às masterclasses tão em voga atualmente.

No primeiro evento, realizado em São Paulo, se inscreveram mais de 80 candidatos e 25 foram selecionados. Em 1941, começou a ministrar aulas de piano em sua residência na Av. Atlântica, no Rio de Janeiro, onde também realizou o primeiro curso público de Interpretação e Virtuosidade no Rio de Janeiro, na Escola Nacional de Música. No ano seguinte, criou a Escola Magda Tagliaferro no Rio e em São Paulo.

Entre as muitas honrarias de que foi merecedora, foi convidada pela Rainha-Mãe da Bélgica, em 1952, a integrar o júri do Concurso Internacional de Piano e Violino ao lado de Rubinstein, Casadesus, Olin Downes e Harriet Cohen.

No mesmo ano, realizou um concerto a dois pianos com Alfred Cortot, em São Paulo e concertos com a Orquestra Sinfônica Brasileira. O ano de 1955 marca a gravação em disco de “Momo Precoce” de Villa-Lobos – sob regência do próprio compositor e Orquestra da Rádio Difusão Francesa –  e sua participação no júri do Concurso “Chopin” de Varsóvia.

Em 1981, Magda Tagliaferro gravou seu último disco com obras de Fauré a dois pianos e a quatro mãos, em parceria com o pianista Daniel Varsano. O disco recebeu o Grand Prix du Disque Française. Magda Tagliaferro morreu aos 93 anos de idade, em 9 de setembro de 1986, no Rio de Janeiro.

A carreira pedagógica de Magda Tagliaferro

Magda Tagliaferro

Sem nunca esquecer da missão pedagógica, a pianista foi responsável pela formação e pelo aperfeiçoamento de muitos importantes pianistas. Investindo no formato que criou, o da aula-pública, ofereceu cursos de interpretação na Academia de Verão de Salzburg, no auditório da Escola Normal-Fundação Alfred Cortot, em Paris, e na Academia Internacional de Nice, entre muitas, sem esquecer São Paulo, Rio de Janeiro e outras cidades do Brasil.

Em 1969, Magda Tagliaferro criou a fundação que leva seu nome, instrumento de ação e estímulo a projetos culturais, além de polo multiplicador dos ensinamentos de sua técnica pianística. Para ela, o homem só poderia ser verdadeiro se, em seu desejo de perfeição, aceitasse e, até mesmo, tirasse partido de sua falibilidade.

Magda deixou o legado de performances icônicas, seja em discos ou em recitais e concertos, que são referências de técnica pianística e riqueza interpretativa. Com suas aulas públicas, democratizou boa parte de seu conhecimento e formou gerações de pianistas. Disseminou no Brasil o que se costuma chamar de Escola Francesa de Piano, em que a naturalidade é alcançada com exercícios dirigidos ao mínimo necessário de esforço físico, reduzindo as dificuldades técnicas por meio da compreensão dos movimentos de dedos, mãos, braços e tronco. Segundo dizia, “não há gênio no mundo que resista à falta de estudo”.

Imagens: Fundação Magda Tagliaferro

 

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