Um dos maiores desejos daqueles que se dedicam ao piano é conseguir se acompanhar enquanto canta, como fazem Ivan Lins, Guilherme Arantes, Elton John, Stevie Wonder, Alicia Keys e muitos outros. Embora isso não exija a mesma virtuosidade de um concerto para piano e orquestra, o grande desafio para quem se acompanha é conseguir se concentrar ao mesmo tempo nas dificuldades do canto – o que inclui afinação, letra, dicção e, obviamente, interpretação – e da execução pianística.
Para isso, conhecer algumas técnicas auxilia o músico a construir um acompanhamento ao mesmo tempo interessante e fácil de executar, enquanto solta a voz e entoa suas canções preferidas.
De modo geral, para se acompanhar, o pianista deve construir uma base rítmica e harmônica que dê sustentação ao canto, marcando a pulsação e a harmonia. Isso pode ser feito de várias maneiras, mas a mais simples é tocar o baixo da harmonia na mão esquerda e o acorde na mão direita, na região média do piano, inteiro ou quebrado, técnica que funciona bem para baladas lentas e canções românticas.
Com o domínio desses elementos, o acompanhamento pode ficar cada vez mais rico, incluindo arpejos e notas de passagem na mão esquerda, assim como frases de intervenção e arpejos na mão direita. Essa é uma técnica básica para qualquer estilo, bastando ao pianista adaptá-la a um padrão que atenda ao ritmo da canção. Mas, muitas vezes, alguns desenhos tocados pelos pianistas são tão característicos que se tornam obrigatórios na execução do acompanhamento.
Como desenvolver um acompanhamento ao piano
Antes de se aventurar nessa empreitada, o pianista deve se assegurar de que conhece bem a melodia, para que sua interpretação não atrapalhe a execução pianística e vice-versa. Inclusive, se a linha melódica a ser cantada está bem dominada e “no ouvido” do músico, muitas vezes nem é necessário que ele tenha a partitura completa da música, mas apenas a letra e as cifras com as quais ele vai criar o acompanhamento.
De posse desse material, é necessário que o músico verifique se a tonalidade em que a música está escrita é confortável para sua voz, evitando aquelas em que ele precise forçar as cordas vocais ou não alcance as notas necessárias. Ele também deve conferir se a tonalidade apresenta acordes compatíveis com seus conhecimentos de harmonia ou se há muitas cifras a aprender.
Para auxiliar nessa escolha, existem diversos websites na internet que oferecem cifras de músicas em várias tonalidades, ou até mesmo sites de karaokê. E se você puder contar com um professor ou mesmo um amigo mais avançado nos estudos, ele pode te ajudar a escolher a que melhor se adapta tanto às suas características vocais quanto ao seu conhecimento de harmonia.
Escolhida a tonalidade e com base em seus conhecimentos de harmonia, é possível enriquecer acordes e utilizar notas apropriadas para as intervenções, a fim de variar o acompanhamento, fugir da monotonia e dar mais destaque à linha melódica. As intervenções, pequenas frases executadas geralmente pela mão direita, devem preencher os espaços de silêncio existentes na melodia, de forma a inserir elementos que a ornamentem.
De maneira geral, deve-se fugir da tentação de tocar a melodia enquanto canta. Essa prática é indicada apenas se há algum trecho em que sua “faceta cantor” sente dificuldades na afinação e o apoio de um instrumento pode auxiliar, mas não é agradável para o ouvinte e demonstra dependência entre o canto e o acompanhamento. Guarde essa técnica para o estudo!
Para desenvolver um acompanhamento mais rico, por vezes é necessário que o canto seja deixado de lado por alguns momentos, para que toda a atenção do músico se concentre em seu instrumento. Nesses momentos, vale a pena ter o auxílio de um cantor ou mesmo outro instrumentista que possa executar a melodia enquanto o pianista desenvolve seus padrões rítmicos e suas intervenções.
Esse hábito também auxilia na percepção das nuances que diferentes cantores podem imprimir à interpretação, tanto no que diz respeito à dinâmica quanto na questão da respiração, tão importante para quem utiliza a voz. Em relação à dinâmica, um olhar atento sobre a letra da música pode dar indícios bem confiáveis sobre em que trechos a música deve crescer e quando uma sonoridade mais suave é necessária.
Para desenvolver também esse aspecto, é interessante ouvir diversas gravações da mesma música, com diferentes intérpretes, para que sejam absorvidos elementos do arranjo original ou ideias a serem desenvolvidas pelo músico posteriormente. E, sem dúvida, ouvir bons pianistas, tanto cantando quanto acompanhando cantores, serve de referência.
Outra prática que surte muito efeito é gravar o resultado de suas performances e ouvir alguns dias depois da gravação. Com certeza você perceberá que houve progresso e terá outras ideias para acrescentar ao seu arranjo. Continue acompanhando o blog de Fritz para mais conteúdos como esse. Você também pode se inscrever em nossa newsletter e receber as novidades direto em seu e-mail: fique por dentro do universo pianístico!
Muito boa análise. Obrigado.
Obrigado pela exposição que nos alerta no toque de piano ,pois quanto mais conhecimento maior é a
satisfação no desempenho musical. É bom sempre rever as dicas e comentários aqui apresentados, principalmente para quem já está amadurecido no tempo e observa que as vezes a memoria não corresponde
ao que desejamos no desempenho satisfatório quanto a execução musical. Gostaria,se possível também conhe
cer lojas que nos auxiliam na escolha de partituras, se possível (Rio de Janeiro).Grato