Pianista e compositor, o paulistano Osvaldo Lacerda se dedicou intensamente ao ensino de música – como professor de Teoria Elementar, Solfejo, Harmonia, Contraponto, Análise Musical, Composição e Orquestração – e publicou vários livros, adotados em escolas de música no Brasil e em Portugal.
Continue a leitura e entenda quem foi Osvaldo Lacerda!
Primeiro contato com a música
Osvaldo Costa de Lacerda nasceu em São Paulo em 23 de março de 1927, e desde cedo teve contato com a música. Sua mãe era cantora e pianista amadora e sempre apoiou o menino na carreira artística. As aulas de piano se iniciaram aos nove anos de idade, com Ana Veloso de Resende e, depois, com Maria dos Anjos Oliveira Rocha.
Em 1945, iniciou seus estudos de harmonia e contraponto com Ernesto Kierski e, a partir de 1947, passou a ter aulas com José Kliass e, três anos depois, com Camargo Guarnieri. Este o desaconselhou a ser pianista para se dedicar à composição e foi o grande responsável pela formação de seu estilo, caracterizado por um refinado nacionalismo, fruto de extenso conhecimento das características da música brasileira, aliado a sólido domínio das técnicas modernas de composição.
Trajetória de estudo da música
Em 1963, graças aos incentivos de Camargo Guarnieri, Osvaldo Lacerda passou a ter aulas com outros compositores e recebeu uma bolsa de estudos da Fundação Guggenheim para estudar nos Estados Unidos – com Vittorio Giannini, em Nova York, e Aaron Copland, em Tanglewood -, mas não antes de formar-se em direito para satisfazer os desejos do pai. Nessa época, criou a Sociedade Pró-Música Brasileira.
Dois anos mais tarde, foi enviado pelo Ministério das Relações Exteriores para representar o Brasil no Seminário Interamericano de Compositores, na Universidade de Indiana, e no III Festival Interamericano de Música, em Washington.
Entre 1966 e 1970, Lacerda atuou como consultor na Comissão Nacional de Música Sacra, e uma de suas atividades foi a proposição do uso da música sacra brasileira na liturgia da Igreja Católica.
Osvaldo Lacerda professor
Desde os 20 anos, Osvaldo Lacerda se dedicou à pedagogia, como professor e autor de diversas obras didáticas, publicadas por 14 editoras brasileiras, seis alemãs, quatro estadunidenses e uma inglesa. Em 1969, foi convidado por George Olivier Toni para integrar o corpo docente da Escola Municipal de Música de São Paulo, na qual se aposentou em 1992. Na década de 1960, lecionou no curso de formação de professores da Comissão Estadual de Música e na Escola Santa Marcelina.
Entre seus alunos, destacam-se Raul do Valle, Almeida Prado, Sérgio Vasconcelos-Corrêa, Lina Pires de Campos e a pianista Eudóxia de Barros, com quem se casou em 1982.
Prêmios da carreira
Entre suas obras, que vêm sendo cada vez mais executadas no Brasil e no exterior, destacam-se trabalhos para piano, canto e piano, coro, conjuntos de câmara, orquestra e banda, muitos dos quais podem ser encontrados editados e gravados em discos, no Brasil e exterior.
Dos inúmeros prêmios conquistados por ele, devem ser citados o 1º prêmio no concurso nacional de composição “Cidade de São Paulo”, promovido pela Prefeitura Municipal de São Paulo, em 1962, e o 1º prêmio no concurso de composição de obras sinfônicas, promovido pela Rádio Ministério da Educação e Cultura, do Rio de Janeiro, em 1962, ambos com a Suíte Piratininga para orquestra; o 1º prêmio no concurso de composição e arranjos para coro misto a quatro vozes, promovido pela Universidade Federal da Paraíba, em 1967, com o coro Poema da necessidade; e o 1º Prêmio no “Iº Concurso Nacional de Composição para Instrumentos de Sopro-trompa e fagote”, promovido pelo Sindicato dos Músicos Profissionais do Município do Rio de Janeiro, em 1984, com Três Melodias, para fagote e piano, além de inúmeros outros outorgados por diversas instituições.
Fundações
Osvaldo Lacerda foi fundador da Mobilização Musical da Juventude Brasileira, em 1945, e diretor do Departamento de Divulgação da Música Brasileira, de 1951 a 1952, fundador e diretor artístico da Sociedade Paulista de Arte, fundador e presidente da Sociedade Pró Música Brasileira, fundador e presidente do Centro de Música Brasileira, membro da Comissão Municipal de Música, em Santos, de 1965 a 1967 e presidente da Comissão Estadual de Música, em São Paulo, em 1967.
Também foi Comendador da Ordem dos Cavaleiros da Concordia, na Espanha, e ocupou a Cadeira de número 9 da Academia Brasileira de Música, que já foi de Brasílio Itiberê da Cunha. Morreu em 18 de julho de 2011, por falência múltipla dos órgãos, em São Paulo, aos 84 anos de idade.
A obra
“Fui um nacionalista espontâneo. Desde a primeira nota que eu pus em música até a última, sempre fiz música brasileira, e eu já tinha escrito uma dúzia de canções autodidaticamente (que, curiosamente, estão entre as melhores) quando soube o que era música nacionalista. Estava no sangue”. Assim o próprio Lacerda define seu trabalho, de caráter essencialmente nacional.
Autor de mais de 130 obras para canto e piano, Lacerda compôs música para poesias de vários autores, como Manuel Bandeira, Cecília Meireles Carlos Drummond de Andrade e Augusto de Campos, entre muitos outros. Sua produção se mostra igualmente prolífica na composição para piano solo. Entre as mais de 60 peças escritas para esse instrumento, podem ser destacadas séries de obras como as Brasilianas 1 a 12, e Estudos para Piano Solo 1 a 12.
Seus livros “Compêndio de Teoria Elementar da Música”, “Exercícios de Teoria Elementar da Música”, “Curso Preparatório de Solfejo e Ditado Musical”, e “Regras de Grafia Musical” são adotados em inúmeras escolas de música do Brasil e de Portugal.
