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Zequinha de Abreu: Conheça a história desse fantástico compositor!

Quem não conhece “Tico-Tico no Fubá”? A música foi um dos maiores sucessos da década de 1940 e fez parte da trilha sonora de cinco filmes americanos: “Alô Amigos”, “A Filha do Comandante”, “Escola de Sereias”, “Kansas City Kity” e “Copacabana”, quando, com letra de Eurico Barreiros, foi cantado por Carmen Miranda. Composto por Zequinha de Abreu, em 1917, o choro é constantemente interpretado ao piano, sendo uma das peças de resistência de muitos estudantes, além de violonistas, cavaquinhistas, bandolinistas e até mesmo cantores, nos mais diversos arranjos.

Filho do farmacêutico José Alacrino de Abreu e de Justina Gomes Leitão, José Gomes de Abreu, o Zequinha, nasceu em Santa Rita do Passa Quatro, no Estado de São Paulo, em 19 de setembro de 1880, sendo o mais velho de oito irmãos. A mãe queria que fosse padre e o pai, por conhecimento da profissão, que fosse médico.

Mas, já aos seis anos, Zequinha demonstrava ter vocação para a música, pois reproduzia melodias na flauta. Aos 7 anos, frequentou aulas de música com Dionísio Machado e, mais tarde, com José Inácio. Durante o curso primário, organizou e era regente de uma banda na escola. Com 10 anos, tocava requinta, flauta e clarineta e ensaiava suas primeiras composições.

Aos 14 anos, foi enviado ao Seminário Episcopal de São Paulo, atendendo a vontade da mãe, e ali pode se aperfeiçoar e aprendeu harmonia. Três anos mais tarde, fugiu e retornou à Santa Rita do Passa Quatro para trabalhar na farmácia do pai. Num baile em Santa Cruz da Estrela, atual Jacerandi, conheceu a professora Durvalina Pires Brasil, de apenas 14 anos, com quem veio a se casar em 1899.

Mudou-se para a cidade, abriu uma farmácia e afastou-se da música por um período. Mas, de volta à Santa Rita do Passa Quatro, retomou seu envolvimento com ela, ingressando na Banda Musical de Santa Rita, tocando requinta. Logo assumiu a regência da banda, que passou a se chamar Sociedade Musical Lyra Santarritense, remodela-a e a torna conhecida em outras cidades do interior se apresentando em bailes, festas, casamentos e serestas. São dessa época suas primeiras composições, com destaque para “Flor da Estrada” e “Bafo de Onça”.

Para fazer acompanhamento de filmes mudos, criou a Orquestra do Cinema Smart, onde era regente e pianista. Zequinha conseguiu coordenar o trabalho da orquestra com um emprego como escrevente da coletoria, o que lhe garantia sustento, e, em 1909, tornou-se secretário da câmara municipal.

O sucesso

Zequinha de Abreu

Em 1917, durante um baile, a orquestra apresentou um choro composto por ele. Zequinha ficou surpreso com a reação entusiasmada dos casais e batizou a música de “Tico-Tico no Farelo”. Como já existia um choro composto por Américo Jacomino com o mesmo nome alterou o título para “Tico-Tico no Fubá”. Apesar da boa estreia, o choro só seria gravado quatorze anos depois, pela Orquestra Colbaz, dirigida pelo maestro Gaó.

No fim da década, Zequinha de Abreu compôs a valsa “Branca”, em homenagem a Branca Barreto, filha do chefe da estação ferroviária de sua cidade, música que se tornaria um clássico do repertório pianístico de então.

Com o sucesso de sua orquestra, realizou uma série de viagens a São Paulo, para onde se mudou em setembro de 1920, logo após o falecimento de seu pai. Na capital paulista, seu piano, seus conjuntos e suas músicas eram muito requisitados em bailes, festas, casas dançantes e estabelecimentos como a Confeitaria Seleta e o Bar Viaduto, lugares frequentados pela elite paulistana.

Além disso, dava aulas de piano e aproveitava para vender as partituras de suas músicas. Foi convidado para tocar nas primeiras transmissões da Rádio Educadora Paulista, em 1923. Entre 1924 e 1935, trabalhando como pianista e demonstrador na Casa Beethoven, editou 113 músicas para a editora Irmãos Vitale – com quem estabeleceu um contrato para compor ao menos uma por mês -, a maioria valsas, embora também houvessem tangos, foxtrotes e outros ritmos. A partir de então, tornou-se compositor exclusivo das Edições Triângulo, catálogo especial destinado aos principais compositores da editora.

Boêmio, improvisava ao piano durante horas, sempre com a cervejinha ao lado e acompanhado dos filhos Durval e Dermeval. Dois anos antes de morrer, fundou a banda Zequinha de Abreu. Zequinha de Abreu faleceu em 22 de janeiro de 1935, de ataque cardíaco, em um hotel no centro de São Paulo.

Em 1952, os cineastas Fernando de Barros e Adolfo Celi e a Companhia Vera Cruz homenagearam o compositor com o filme “Tico-Tico no Fubá” (1952) com Anselmo Duarte e Tônia Carrero nos principais papéis.

A música de Zequinha de Abreu

Embora tenha composto e diversos ritmos, é no choro que Zequinha de Abreu se expressou de forma mais completa. Seu estilo, de introduções curtas e melodias que exploram a virtuosidade, fica muito evidente nas várias versões que sua composição mais conhecida, “Tico-Tico no Fubá”, recebeu.

Gravada pela primeira vez em 1931, “Tico-Tico no Fubá” teve dezenas de regravações, por músicos populares e eruditos. Em 1942, recebeu letra de Eurico Barreiros e foi gravada por Ademilde Fonseca. Foi divulgada internacionalmente pela organista Ethel Smith, que a ouviu no Cassino da Urca, na década de 1940, e a levou para os Estados Unidos. A canção recebeu ainda versões de Pixinguinha e Benedito Lacerda (1903-1958), e do pianista Heriberto Leandro Muraro.

Entre as obras mais conhecidas de Zequinha de Abreu ainda podem ser destacadas “Os pintinhos no terreiro”, “Não me toques”, “Sururu na cidade” e “Tardes em Lindóia”, além da valsa “Branca”, seu primeiro grande sucesso.

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