Uma das palavras mais frequentemente utilizadas quando se aprende a tocar piano é “arpejo”. Mas, afinal, o que é arpejo e como deve ser estudado?
O arpejo, em sua origem, é uma simulação do efeito da harpa, em que, por conta da distribuição das cordas, o único modo de tocar as notas mais distantes de um acorde é distribui-las pelas duas mãos em movimento consecutivo.
Na teoria musical, portanto, arpejo é a execução sucessiva das notas de um determinado acorde, uma após a outra. Sendo assim, todo acorde, por mais complexo que seja, tem um arpejo, pois sempre é possível tocá-lo nota por nota. Essa técnica foi desenvolvida como forma de prolongar a sonoridade dos acordes, que rapidamente se esvaiam em instrumentos como o cravo e o clavicórdio.
Posteriormente, passou a ser um recurso estilístico utilizado para ornamentar uma melodia e preencher longos trechos de mesma harmonia, imprimindo movimento a eles, ao mesmo tempo em que servia para apresentar a técnica do executante.
Atualmente, além de ser um excelente exercício para moldar a mão do pianista ao formato e à disposição das teclas do piano, o domínio da execução de arpejos no piano auxilia na improvisação, na prática de arranjo e na distribuição de acordes na mão esquerda na criação de padrões rítmicos. Alguns pianistas, como Pedrinho Mattar e Liberace, ficaram famosos pela profusão de arpejos no piano utilizada nos arranjos e nas execuções.
Por vezes considerados demasiadamente apelativos, os arpejos cumprem sua função e o domínio deles é importante para qualquer pianista.
O estudo dos arpejos
Os arpejos podem ser ascendentes (da nota mais grave para a mais aguda) ou descendentes (da nota mais aguda para a mais grave). Também é comum o uso conjunto de ambos, ou seja, “subir” e “descer” pelas notas dos acordes a fim de imprimir à melodia maior variedade e demonstrar o domínio da técnica.
Para o estudo dos arpejos no piano, o ideal é iniciar com a tríades (acordes maiores, menores, aumentados e diminutos), em uma oitava, para que os dedos se acostumem com a abertura exigida.
Na sequência, podem ser utilizadas duas oitavas, para o estudo da passagem do polegar por baixo dos outros dedos ou destes por cima do polegar.
Com os arpejos das tríades dominados, deve-se iniciar o estudo das tétrades pelo acorde de dominante, ou seja, o acorde maior com sétima menor.
Na sequência, podem ser estudadas as outras tétrades: maior com sétima maior, maior com sexta e menor com sétima menor. Também é muito útil o estudo dos acordes diminutos, que moldam à mão a um formato confortável.
Arpejos não necessariamente precisam começar na tônica, mesmo porque nem sempre isso é possível em seu uso durante a execução. Por conta disso, é importante estudar arpejos no piano iniciando na terça, quinta ou sétima do acorde, o que reforça o dedilhado utilizado.
Um bom estudo também é o de utilizar movimento contrário para as mãos direita e esquerda.
E é muito útil tocar arpejos com início em notas diferentes para cada mão, o que permite tocar composições musicalmente mais complexas.
O bom uso dos arpejos faz que o pianista, além de dominar grande parte do repertório clássico, possa enriquecer suas melodias de forma harmônica e rica, com bom gosto e elegância.