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manter música debaixo dos dedos

Como manter uma música “debaixo dos dedos”

manter música debaixo dos dedos

O domínio de uma peça musical, principalmente quando se trata de música erudita, é um processo por vezes longo em que o pianista, depois de ler a partitura, dominar os problemas técnicos existentes e construir sua interpretação, precisa esperar que ela amadureça, tornando a execução confortável e segura.

No entanto, manter a execução precisa e aprimorar a interpretação pode ser até mais trabalhoso do que todo o processo anterior. De repente, não sabendo como estudar, o pianista percebe que a música que estava dominada passa a apresentar certo desgaste, com o surgimento de erros em trechos aparentemente simples ou a perda da precisão, resultando em aparente displicência.

Por vezes isso ocorre porque, simplesmente, o auge do domínio da peça ocorreu muito cedo, bem antes da apresentação planejada. Como fazer, então, para que a música permaneça limpa, fresca e precisa durante longos períodos, permitindo ao músico utilizá-la em apresentações sempre que necessário?

Veja como manter a música debaixo dos dedos. Continue a leitura!

 

Volte a ler a partitura

Uma das técnicas mais importantes para manter em ordem uma peça que o pianista já domina é voltar a ler a partitura lentamente, com o auxílio do metrônomo, sem o uso do pedal, mas articulando bem todas as notas, como um aquecimento. Nesse momento, pode-se perceber que algum dedilhado não está funcionando como deveria, ou que algumas notas são tocadas sem a necessária atenção, e erros estão surgindo.

Isso denota que, apesar do domínio aparente da interpretação, a técnica não está limpa e, em algum momento, a falha aparece. Ao retomar o estudo da partitura, com a articulação deliberadamente exagerada, é possível corrigir eventuais falhas e aumentar a segurança de que o que se está tocando é o que deveria ser tocado.

metrônomo para piano

 

Estude devagar

Um dos sinais de que a música está “passando do ponto” e o pianista está prestes a perder o controle sobre ela surge quando, ao tentar tocá-la lentamente, ele não consegue. Algumas notas simplesmente somem no meio de outras e não se sabe mais qual dedilhado estava sendo utilizado para certas passagens. Muitos pianistas se sentem tentados a tocar como antes, verificando se, ao executar a passagem a uma velocidade maior, ela ainda soa bem.

Apesar da aparente normalidade, é certo que, em algum momento, a insegurança em relação àquelas notas e àqueles dedilhados prejudicará a performance. O melhor a fazer nesses casos é voltar a estudar a passagem em questão como se fosse a primeira vez, aplicando todas as técnicas utilizadas antes do domínio do trecho.

 

Não dependa da memória

estudo de piano

A repetição de dedilhados e movimentos cria a memória muscular, responsável pela automatização. Isso significa que, mesmo sem a atenção total do pianista, os dedos se movimentam conforme o estudado. Na verdade, esse é o objetivo do estudo. Mas o que ocorre é que, se não houver domínio sobre seus movimentos, eles acabam se tornando automáticos demais. O músico sente que os dedos se movimentam, mas não sabe ao certo o que eles fazem. Acabam surgindo certos vícios, e isso é péssimo a longo prazo.

Depois de repetir inúmeras vezes um movimento, ele acaba se degradando e perdendo a precisão. Novamente, nesse momento, o melhor a fazer é recorrer à partitura e estudar lentamente, como se fosse a primeira vez. O pianista então deve analisar por que o movimento perdeu a precisão, retomá-la e, de novo, automatizá-lo, com plena consciência do que deve ser feito e de que forma.

Ao mesmo tempo, ler a partitura novamente reaviva na memória do músico quais notas ele realmente deve tocar, e não apenas quais movimentos ele deve fazer, o que permite uma compreensão melhor da estrutura da composição e para onde ela caminha.

Aplicando essas técnicas, mantém-se a interpretação fresca, assim como a segurança e o domínio da técnica, sem perder a maturidade alcançada pela repetição.

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