O som de um piano, quando ouvido pelo pianista ou pela plateia, invariavelmente sofre influência do ambiente em que ele está. Se estiver posicionado em uma sala pequena, o som será ouvido de uma forma, em uma sala grande com um teatro, de outra, e, ao ar livre, ainda de outra.
E para cada local essa percepção é diferente. Isso ocorre porque as ondas sonoras produzidas pelo instrumento são enviadas para diversas direções de forma completamente randômica e são rebatidas, em determinado momento, por algum tipo de material ou barreira, como paredes, mesas, tapetes, pessoas etc. Outros materiais podem absorver parte dessas ondas ou mesmo difundir algumas.
Influência do ambiente no som
Todos esses elementos – combinados com a disposição deles, a geometria do recinto e a localização da fonte sonora, entre outros aspectos – determinam o que é chamado de acústica do ambiente.
Os ouvidos acabam captando não só as ondas sonoras que vêm diretamente da fonte, mas também a mistura entre o som direto, produzido pelo instrumento, e as interações dele no ambiente, formando um elemento único, que dá ao ouvinte a sensação de distância, espacialidade e, até mesmo, informações do local como revestimentos e materiais existentes.
Por conta disso, a ideia de som original ou som puro de um instrumento acústico como o piano acaba sendo, simplesmente, imaginária ou utópica, pois, toda vez que se ouve algo, o ambiente está atuando, assim como o próprio instrumento.
Tipos de piano e sua relação com o ambiente
Se naturalmente esse fenômeno ocorre quando se toca uma música em um piano acústico, o mesmo deve ocorrer quando se utiliza um piano digital.
Essa premissa é verdadeira quando se está usando um piano digital com alto-falantes ou amplificação em um ambiente qualquer – ocorrendo a mesma interação entre o som direto e esse ambiente -, mas, ao utilizar fones de ouvido ou ao gravar o som desse instrumento via saídas de áudio, essa interação não existe e o áudio produzido é o do som direto do instrumento acústico, sampleado com muita qualidade.
Por conta disso, e para reproduzir com ainda mais realismo a rica sonoridade de um piano acústico, os modelos digitais contam com um processador de efeitos que, entre outras coisas, simula a presença do instrumento em determinado ambiente e as interações que esse ambiente pode produzir.
O que é Reverb para piano?
Na maioria dos casos, esse recurso é chamado “Reverb” (de reverberação) e é capaz de oferecer uma série de ambientes para que o músico escolha em qual deles quer posicionar seu piano.
Desde uma pequena sala de estudos até uma grande sala de concertos, várias são as opções disponíveis, passando por igrejas e até mesmo estúdios, todas elas com possibilidade de ajuste de tamanho do ambiente e de equilíbrio entre o som direto e as interações produzidas por ele.
O músico também pode utilizar esse recurso para adequar a sonoridade do instrumento ao ambiente em que ele está, assim como ao estilo de música que está executando ou a um timbre específico, no caso de o modelo digital oferecer outros além de piano.
É o caso, por exemplo, dos “pipe organ” ou órgão de tubos, que, frequentemente, exigem o uso de um “reverb” que simula uma igreja ou catedral.
Entre as opções mais comuns de reverb, podem ser citadas:
1 – Hall Reverb
Esse tipo se refere ao som ouvido em uma sala de concertos, planejadas para produzir reverberações entre 1,2 a 1,3 segundos ou mais entre o som direto e as interações. É muito utilizado para timbres de pianos de cauda ou Grand Pianos – principalmente em música erudita – mas também para cordas e sopros de orquestra, entre outros.
O tamanho da sala é, geralmente, ajustado pelo controle “Room Size”.
2 – Room Reverb
O Room Reverb se refere ao som que se pode ouvir em uma sala de médio porte ou em um estúdio de gravação com acústica controlada. É um dos efeitos mais utilizados pela sua naturalidade, que acrescenta certa “espacialidade” ao som puro sem “colorir” demais o resultado.
Pode-se obter ótimos resultados com esse reverb em timbres de pianos de cauda ou verticais, pianos elétricos ou cordas dedilhadas, como violões e guitarras, principalmente na música popular.
3 – Chamber Reverb
Este é um dos tipos de reverberação que se refere a uma sala de proporções menores, produzindo menos ressonância e, portanto, sons com mais clareza e maior proximidade. O Chamber Reverb típico produz reverberações entre 0,4 a 0,8 segundos entre o som direto e as interações.
É mais utilizado em pianos acústicos, “Harpsichord” e timbres como instrumentos de sopro e cordas em solo.
4 – Plate Reverb
O Plate Reverb simula um antigo método analógico para a geração de reverberações que consiste nas interaçãos do som criadas por uma grande placa de metal suspensa.
É geralmente utilizado para timbres específicos como “Honky-Tonk”, “Clavinet” ou “Harpsichord”, principalmente em gêneros como o rock e o country.
5 – Spring Reverb
Também simula um dos primeiros tipos de processador de efeitos, o reverb de mola, muito utilizado em timbres de guitarra, mas também em “Clavinets”, “Honky-Tonk” e “Electric Organs”.
Nos pianos digitais mais avançados, essas opções podem sofrer ajustes – seja no próprio instrumento, seja por meio de aplicativos – de forma a garantir um resultado extremamente expressivo, seja para apresentações ou para captação para gravações ou shows, oferecendo a experiência intensa e realista de estar tocando em um piano acústico, mesmo com fones de ouvido.