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Dois pianos e piano a quatro mãos – o prazer compartilhado

piano a quatro mãos

Compartilhar a execução musical com outro pianista pode render tanto ótimos momentos de prazer e satisfação quanto execuções memoráveis e obras inesquecíveis

Muitas são as formações de música de câmara que atraem o público e gozam da predileção dos pianistas, desde duos com violino e trios com a adição do violoncelo a grupos maiores, com instrumentos de sopro e percussão.

No jazz, já é tradicional o formato piano-baixo-bateria, em que a maioria dos grandes pianistas encontra base sólida e espaço para improvisação. Na música brasileira, essa também é uma das formações preferidas, desde grupos das décadas de 1940 e 1950, como os famosos trios Zimbo, Tamba, Sambalanço e muitos outros, aos modernos Corrente e Matiz. Mas uma das formações mais antigas e prazerosas de toda a história da música é a que reúne dois pianistas, seja tocando em dois pianos ou a quatro mãos.

Piano a quatro mãos

piano a quatro mãos

Peças escritas para dois músicos em um piano fazem parte da história da música há muito tempo. Os primeiros exemplos remontam à Inglaterra do século 17, mas, após algumas composições bem-sucedidas, fatores como a pequena extensão dos instrumentos da época – limitada a quatro oitavas e meia – e o uso de vestimentas rodadas e engomadas tornaram essa prática pouco confortável.

Houve, então, uma grande interrupção na produção musical para dois pianistas em um instrumento. Aproximadamente cem anos depois, aparecem obras para cravo compostas por Johann Christian (1735-1782), filho de Bach, para dois instrumentistas.

Se o uso de um mesmo instrumento por dois músicos ainda não era costumeiro, grupos reunindo mais de dois instrumentos já eram bem menos raros. Prova disso é o Concerto para 4 Cravos e Orquestra (BWV 1065) do próprio Johann Sebastian Bach, composto vários anos antes.

Com o desenvolvimento do piano e o aumento de sua tessitura, obviamente o uso do instrumento por dois músicos foi facilitado e, em muitos sentidos, incentivado.

Algumas teorias dizem que o surgimento do formato piano a quatro mãos teve grande dose de necessidade social: em um tempo em que as oportunidades de aproximação entre jovens de sexos opostos eram bem mais limitadas, tocar um mesmo instrumento possibilitava um contato físico e um entrelaçar de mãos, mesmo quando a música não exigia.

piano a quatro mãos

Independentemente disso, já havia o costume dos professores de tocar com os alunos para exemplificar a execução, seja dividindo um instrumento ou acompanhando-o em outro. E não se deve esquecer do mais importante fator que torna a prática do piano a quatro mãos tão prazerosa, que é o de compartilhar momentos e dividir as alegrias de fazer o que se gosta – música – seja em reuniões de amigos ou fortalecendo laços de intimidade, como no caso do compositor Robert Schumann e sua esposa, a exímia pianista Clara Schumann.

Ou seja, a prática da música em duo de pianistas é extremamente lúdica e sociável, além de pedagógica.

Vários compositores dedicaram parte de sua obra à produção para quatro mãos ou dois pianos, como Haydn, Mozart, Beethoven, Schubert, Brahms, Dvorák e Tchaikowsky, que compuseram especialmente para essa formação, ou Debussy, Ravel e Stravinsky, que adaptaram obras anteriores recriando-as para quatro mãos.

Fato é que, ao longo de toda a história, os compositores mostraram-se atraídos pelas nuances timbrísticas ilimitadas e o enriquecimento polifônico permitidos pela união de dois intérpretes.

Mas quem pensa que o formato é restrito à música erudita está muito enganado. Vários são os duos de pianistas que se dedicam à música chamada popular, desde Ferrante & Teicher a Chick Corea & Hiromi Uehara.

O piano é um instrumento com amplas possibilidades sonoras, pois possui 88 notas abrangendo os registros grave, médio e agudo. Por conta disso, é comum a transcrição de partituras de orquestra para esse instrumento que exigem a participação de dois pianistas, de modo a dar conta de todas as tessituras e linhas melódicas.

No estudo de concertos para piano e orquestra, também é comum que um pianista toque a redução orquestral em outro piano, de forma a auxiliar o desenvolvimento do concertista.

A prática do piano a quatro mãos representa um recurso relevante na formação de pianista desde a iniciação musical. Há métodos e compêndios em que o iniciante deve ser acompanhado pelo professor ou um aluno mais adiantado, o que torna as peças mais interessantes e imprime as primeiras noções de harmonia no estudante.

Além disso, a prática auxilia no desenvolvimento rítmico e na percepção auditiva, trazendo resultados surpreendentes no desenvolvimento da pulsação e da interpretação.

 

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One thought to “Dois pianos e piano a quatro mãos – o prazer compartilhado”

  1. Olá.
    Adorei a matéria publicada por vocês.
    Sou professora de piano há 40 anos e todo ano escolho uma peça a 4 mãos para estudar.
    Este ano estou preparando a Dança Húngara de Brahms no. 4.
    Tenho um pouco de dificuldade em encontrar partituras de piano a 4 mãos, seja de música erudita ou popular.
    Agradeceria muito se vocês pudessem indicar o nome de algumas peças ou talvez disponibilizá-las.
    Desde já agradeço.

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