Quando um instrumento musical, como um piano acústico, por exemplo, é tocado, o que se ouve é o som produzido por ele modificado pelo ambiente físico em que está inserido, seja uma sala, um teatro ou uma igreja.
O ambiente está diretamente ligado à natureza física do som, a acústica. Resumida à sua essência, a acústica é a forma pela qual o som se manifesta.
Para entender o fenômeno sonoro, no entanto, é importante saber, primeiramente, que no vácuo, mesmo se uma série de amplificadores de guitarra for ligada ao máximo da potência deles e o instrumento dedilhado, o resultado será o mais profundo silêncio. O motivo disso é que as ondas sonoras “caminham” por meio da movimentação das partículas que constituem o meio que estão percorrendo.
Como um efeito dominó, uma partícula recebe uma pressão e se desloca, empurrando outra e, assim, sucessivamente. Essas partículas podem ser de ar, água ou átomos de qualquer outra substância. O importante é que ela – ou outra matéria – exista para que, da mesma forma, uma onda sonora possa existir.
O ambiente caracteriza o que é chamado de acústica e, dessa forma, aquilo que está sendo transmitido nele. Tudo o que se ouve percorre seu caminho por ondas sonoras, partindo da fonte geradora e chegando aos ouvidos. O ambiente, portanto, marca a sua estampa nessas ondas sonoras, à medida que elas vão sendo transmitidas.
Uma vez gerada, a onda é enviada para diversas partes do ambiente de forma completamente randômica. Da mesma forma, as características físicas do ambiente irão interagir com essas ondas, gerando reflexões de algumas delas, absorvendo outras e difundindo algumas.
Os ouvidos acabam captando não só as que vêm diretamente da fonte, mas também todas essas variações, geradas pelo ambiente, como um elemento único. Por conta disso, a ideia de som original, ou som puro do instrumento, acaba sendo, simplesmente, uma coisa imaginária ou utópica, pois, toda vez que se ouve algo, o ambiente está atuando.
As ondas sonoras geradas dentro de um local fechado se chocarão, em determinado momento, com algum tipo de material ou barreira, tais como paredes, mesas, tapetes, pessoas etc. Todos esses elementos, combinados com a disposição deles, a geometria do recinto e a localização da fonte sonora, entre outros aspectos, determinam o que é chamado de acústica de uma sala.
Basicamente, após ter sido gerado, qualquer som levará um determinado tempo para cessar. E é durante esse período que a acústica do ambiente exerce sua influência sobre o som direto. Por conta disso, a qualidade acústica de uma sala é determinada pela forma como se recebe o som indireto, ou seja, aquele proveniente de reflexões. São elas que formam a característica reverberante de um ambiente.
Ambiente e reverberação da sonoridade do piano
Se um piano é tocado dentro de uma grande igreja, por exemplo, ouve-se um som pouco definido e nota-se um longo tempo de reverberação. Se esse mesmo instrumento for tocado em um parque ao ar livre, pode-se notar uma maior definição de notas. No entanto, ele soará menos potente e envolvente.
O fenômeno da reverberação explica porque um mesmo piano, posicionado em diferentes ambientes ou mesmo de modo diferente em um mesmo ambiente, pode ter sua sonoridade alterada. As ondas sonoras rebatem nas paredes e acentuam certas frequências, enquanto outras são atenuadas.
Isso também ocorre quando um mesmo ambiente é lotado de pessoas, pois as roupas e os corpos absorvem certas ondas, modificando o resultado sonoro, além da amplitude.
Por conta disso, o piano sempre é colocado de forma que sua sonoridade seja refletida em uma determinada direção, voltado para o público, como em palcos, por exemplo. Nas salas é comum que seja posicionado próximo ás paredes do ambiente, mas o proprietário deve verificar se diferentes ângulos e distâncias não trazem mais sonoridade.
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O uso de tapetes embaixo do piano, além da utilidade estética e para proteção do piso em relação ao movimento das rodas, também auxilia a equilibrar as frequências, pois as graves tendem a se movimentar perto do chão, ao passo que as agudas são projetadas para cima.
Seja um piano de cauda ou de armário, é importante tentar extrair dele a melhor sonoridade, o que resulta em mais prazer tanto para quem toca quanto para quem ouve. Um instrumento posicionado em um ambiente com muita reverberação pode prejudicar o estudo, pois as notas não serão ouvidas claramente, mas em um amálgama sonoro, o que dificulta o estuda da técnica e da sonoridade do pianista.
Ambientes com reverberação praticamente nula, por outro lado, não simulam a maioria das situações em que o piano é encontrado, o que também pode ser prejudicial na busca por uma sonoridade rica, equilibrada, com nuances de dinâmica e efeitos de pedalização.
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