O compositor e professor austríaco Arnold Schoenberg foi o criador de um novo método de composição baseado em séries de doze sons, ao contrário das relações harmônicas da composição tonal.
Nascido em 13 de setembro de 1874 em Vienna, na Áustria, Arnold Franz Walter Schoenberg era filho de Samuel Schoenberg – dono de uma pequena sapataria no distrito de Leopoldstadt, então predominantemente judeu, de Viena – e Pauline Schoenberg (nascida Nachod), professora de piano.
Schoenberg e seu início na música
Antes mesmo de completar nove anos de idade, compunha pequenas peças para dois violinos, que tocava com seu professor ou com um primo. Pouco depois, com o ingresso de um colega violista na classe, avançou para a composição de trios de cordas para dois violinos e viola.
Com o incentivo do músico e médico austríaco Oskar Adler, aprendeu violoncelo e prontamente começou a compor quartetos.
Com a morte do pai, em 1890, Schoenberg, para se manter, trabalhou como bancário até 1895. Nesse período, conheceu Alexander von Zemlinsky, compositor e maestro da orquestra amadora Polyhymnia, na qual tocava violoncelo, de quem se tornou amigo e dedicado aluno, aprendendo harmonia, contraponto e composição.
O resultado foi o “Quarteto de Cordas em Ré Maior”, primeira obra do jovem compositor executada publicamente, em 1897. Altamente influenciado pelo estilo de Johannes Brahms, o quarteto foi bem recebido pelo público vienense.
Composições de Schoenberg
Nesse período, Schoenberg ganhava a vida orquestrando operetas, enquanto escrevia suas próprias obras. Em 1899, compôs o sexteto de cordas “Verklärte Nacht” (“Noite Transfigurada”), peça musical programática altamente romântica baseada em um poema homônimo de Richard Dehmel, inaugurando essa formação.
Violentamente rejeitada pelo público à época, a obra se tornou uma das composições mais populares de Schoenberg, tanto na sua forma original como nas versões posteriores que ele escreveu para orquestra de cordas.
Na mesma época, se converteu ao cristianismo na igreja luterana, em parte para fortalecer o seu apego às tradições culturais da Europa Ocidental e, em parte, como um meio de autodefesa “numa época de ressurgimento do antissemitismo”.
Ida a Berlim
Em 1901, Schoenberg se mudou para Berlim na esperança de melhorar sua situação financeira. Casou-se e teve dois filhos com Mathilde von Zemlinsky, irmã de seu amigo, e começou a trabalhar como diretor musical no Überbrettl, um cabaré intimista, experiência que ele considerou insuficientemente gratificante, tanto artística quanto materialmente.
O compositor alemão Richard Strauss ajudou-o a conseguir um emprego como professor de composição no Conservatório Stern e usou sua influência para lhe garantir a bolsa Liszt concedida pela Sociedade de Música Alemã.
De volta a Viena, em 1903, Schoenberg conheceu o compositor austríaco Gustav Mahler, que se tornou um dos seus maiores apoiadores. A partir de então, viveu entre Berlim e Viena, dedicado à composição e à docência.
Schoenberg como professor
A atividade de Schoenberg como professor se tornou cada vez mais importante. Os jovens compositores austríacos Alban Berg e Anton Webern começaram a estudar com ele em 1904. Durante o ano de 1908, a esposa de Schoenberg, Mathilde, o deixou por vários meses, atraída por um jovem pintor austríaco, Richard Gerstl.
Esse período marcou uma mudança distinta na obra de Schoenberg. Foi durante a ausência da esposa que compôs “Du lehnest wide eine Silberweide”, décima-terceira canção do ciclo Das Buch der Hängenden Gärten, Op. 15, baseada na coleção homônima do poeta místico alemão Stefan George e a primeira composição sem qualquer referência a uma tonalidade.
Até então, todas as obras de Schoenberg eram estritamente tonais, isto é, estavam centradas em alguma tonalidade específica, mas à medida que suas harmonias e melodias se tornaram mais complexas, a tonalidade tornou-se menos importante.
Em 1909, Schoenberg terminou a primeira das três peças para piano que constituem seu Opus 11, a primeira composição a dispensar completamente os meios “tonais” de organização.
Tais peças, nas quais não existe um centro tonal único e nas quais qualquer combinação harmônica ou melódica de tons pode ser tocada sem restrições de qualquer tipo, são geralmente chamadas de atonais, embora Schoenberg preferisse “pantonal”.
Outra de suas obras mais importantes desse período atonal ou pantonal é “Pierrot Lunaire”, Op. 21, de 1912, um ciclo de canções expressionistas com tradução alemã de poemas do poeta belga-francês Albert Giraud. Utilizando a técnica de “Sprechstimme”, ou recitação falada melodramaticamente, a obra une uma vocalista com um pequeno conjunto de cinco músicos.
Schoenberg e sua relação com a guerra
Em 1911, Schoenberg se mudou para Berlim e ali permaneceu até 1915, quando, por conta da Primeira Guerra Mundial, teve que se apresentar em Viena para o serviço militar. Passou breves períodos no exército austríaco em 1916 e 1917, até que recebeu alta por motivos médicos.
Em 1917, escreveu o famoso “Tratado de Harmonia”. Durante os anos de guerra, compôs pouco, em parte por causa das exigências do serviço militar e em parte porque queria encontrar um novo princípio de unificação que o ajudasse a controlar os recursos harmônicos e melódicos agora à sua disposição originados pelo seu afastamento da tonalidade.
Em julho de 1921, Schoenberg disse a um aluno: “Hoje descobri algo que assegurará a supremacia da música alemã durante os próximos 100 anos”. Tratava-se de um método de composição com 12 tons relacionados apenas entre si, o “dodecafonismo”.
Nesse método, cada composição é formada a partir de uma série de 12 notas diferentes, que pode ser tocada em sua forma original, invertida, ao contrário ou ao contrário e invertida. Também pode ser transposta para cima ou para baixo em qualquer afinação.
Toda ela, ou qualquer parte dela, pode ser tocada sucessivamente, como melodia, ou simultaneamente, como harmonia. Na verdade, todas as harmonias e melodias da peça devem ser extraídas dessa linha. Sua primeira obra dodecafônica foi Suíte para Piano, Op. 25, de 1921.
Ida para os Estados Unidos
Em 1923, sua esposa, Mathilde, morreu após uma longa doença, e, um ano, depois ele se casou com Gertrud Kolisch, irmã do violinista Rudolf Kolisch. Seu sucesso como professor continuou a crescer. Em 1925 foi convidado para dirigir a master class de composição musical na Academia Prussiana de Artes de Berlim.
Pelo resto de sua vida, Schoenberg continuou a usar o método dos 12 tons, voltando ocasionalmente à música tonal tradicional. Embora tal método possa parecer extremamente restritivo, não foi o caso. Usando sua técnica, Schoenberg compôs o que muitos consideram sua maior obra, a ópera “Moses und Aron”, iniciada em 1930.
A ascensão do nazismo na Alemanha, em 1933, levou à extirpação da influência judaica em todas as esferas da vida cultural alemã e, por conta disso, Schoenberg foi demitido de seu cargo na Academia. Como compositor judeu, foi alvo do Partido, que rotulou suas obras como música degenerada e proibiu sua publicação. Schoenberg imigrou então para os Estados Unidos, via Paris.
Após muito meditar, regressou ao judaísmo porque percebeu que “a sua herança racial e religiosa era inescapável”, e para assumir uma posição inequívoca no lado oposto ao nazismo.
Seu primeiro cargo de professor nos Estados Unidos foi no Conservatório Malkin (Universidade de Boston). Em 1934, se mudou para a onde lecionou na University of Southern California e na University of Californiaambas as quais, mais tarde, nomearam um prédio em seus respectivos campi como Schoenberg Hall.
Foi nomeado professor visitante na UCLA em 1935 por recomendação de Otto Klemperer, diretor musical e maestro da Orquestra Filarmônica de Los Angeles e, no ano seguinte, promovido a professor. É desse período o “Concerto para Piano” Op 42.
Schoenberg permaneceu em Los Angeles até morrer, em 13 de julho de 1951.