Para muitas pessoas, o estudo da música é uma atividade solitária: dedicam algumas horas durante a semana para seu desenvolvimento e se sentem realizadas com os progressos alcançados. Outros, no entanto, têm uma necessidade maior de apresentarem o resultado de seu esforço. Tanto para as primeiras quanto para estas últimas, as tradicionais audições de alunos são marcantes.
Quem se satisfaz em perceber os avanços e não aprecia se apresentar em público tem verdadeiro horror à palavra audição, como se esse tipo de evento fosse, de fato, uma grande tortura. É comum que recorra a uma série de argumentos e artifícios para não se apresentar e, não raro, desiste do curso perante a insistência do professor ou a perspectiva de uma participação, mesmo que colaborativa, se não obrigatória.
Por outro lado, há quem não se tranquilize enquanto a música a ser tocada não é escolhida e sua participação confirmada. Por vezes, esquece de todos os outros estudos, técnicas, peças e solos para se dedicar única e exclusivamente ao número selecionado para a apresentação.
Como há uma grande variedade de personalidades, cabe ao professor lidar com as diferentes situações de forma que a música seja sempre a realização dos anseios artísticos de seus alunos, sejam eles de profunda introspecção ou de absoluta espontaneidade. Mas, diante de tal panorama, cabe esclarecer qual o verdadeiro significado e a real importância dessa prática tão comum que causa, ao mesmo tempo, calafrios e grande felicidade.
Benefícios das audições
Muitos alunos, ao se depararem com a possibilidade de uma apresentação para um público – seja ele qual for, desde grandes plateias até mesmo familiares e amigos – sentem muito medo: de errar, de não tocarem bem, de ficarem nervosos, das críticas alheias, das manifestações do professor e muitos outros.
Grande parte sente mesmo medo do “ridículo”, talvez por acreditarem que, por já terem atingido certa idade, o que tocam não espelhe todo o esforço que estão realizando. Todos esses medos são infundados, mas a psique humana é cheia de labirintos. E vencer essas fobias não é fácil.
O primeiro passo é o mais importante e, para se apresentar para o público, segurança é fundamental. Daí vem o grande benefício das audições: diante dessa perspectiva, o aluno se dedica muito mais ao estudo, o que faz que seu progresso e seu desenvolvimento sejam mais rápidos, vencendo dificuldades técnicas e elevando seu próprio potencial.
Preparar-se para um evento, como uma audição ou a gravação de um disco, é um grande estímulo ao estudo e um desafio a ser vencido, o que sempre é benéfico. Muitas vezes o progresso alcançado no estudo de uma peça para uma apresentação é maior do que o de vários meses de estudo normal. É o mesmo que ocorre com músicos que se preparam para concursos de piano.
Outro grande benefício ocorre quando as apresentações são em grupo. Por não ser uma prática comum e acessível a muitas pessoas, seja por falta de disponibilidade de tempo ou mesmo por causa das distâncias que as afastam, a possibilidade de ensaiar e se apresentar em grupo traz enormes progressos aos músicos.
Nessa atividade, são desenvolvidos elementos importantíssimos, como a precisão rítmica, a percepção musical e a espacialidade, isso sem mencionar a sociabilização, a troca de experiências e as boas relações que podem surgir desse convívio.
O momento da apresentação, em que sempre um “frio na barriga” acomete mesmo os músicos mais experientes, também é um grande aprendizado e, principalmente, uma oportunidade de compartilhar o gosto musical, as conquistas e o prazer de fazer música. E isso não tem nada a ver com competições, classificações ou preferências da plateia.
O que vale é se expressar por meio da música, usufruindo cada momento. Mas, se a atividade não lhe é agradável, não há porque praticá-la. No entanto, que tal dar uma chance a você mesmo de ser o artista que sempre sonhou? Com certeza os benefícios são maiores do que os arrependimentos.
Boa audição!