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Domenico Scarlatti com a família real espanhola

Domenico Scarlatti e as sonatas para piano

Domenico Scarlatti com a família real espanhola

Embora tenha vivido no período que corresponde ao auge da música barroca europeia, Domenico Scarlatti antecipou e influenciou o estilo do período clássico, contribuindo para isso suas sonatas para teclado em um único movimento, em que empreendeu abordagens harmônicas bastante inovadoras.

Início da sua relação com a música

Giuseppe Domenico Scarlatti, um dos mais célebres compositores e virtuoses de teclado do período barroco, nasceu em Nápoles, Itália, em 26 de outubro de 1685, no mesmo ano em que nasceram dois outros grandes mestres do barroco, Johann Sebastian Bach e Georg Friedrich Händel. Oriundo de uma família de músicos renomados, era filho do compositor Alessandro Scarlatti e foi o sexto de dez filhos.

Seu irmão mais velho, Pietro Filippo Scarlatti, também era músico. Desde cedo, mostrou grande aptidão, recebendo uma educação musical sólida e abrangente em casa, além de ter estudado com Gaetano Greco, Francesco Gasparini e Bernardo Pasquini.

 

Como foi sua ida à Espanha

Scarlatti se tornou compositor e organista na capela real de Nápoles em 1701. Em 1704, revisou a ópera “Irene”, de Carlo Francesco Pollarolo, para ser apresentada ali. Pouco depois, seu pai o enviou a Veneza. Em 1709, já renomado como cravista, foi a Roma a serviço da rainha polonesa Marie Casimire, então no exílio.

Scarlatti foi mestre de capela na Catedral de São Pedro, de 1715 a 1719, e seguiu então para Londres para dirigir sua ópera “Narciso” no King’s Theatre.

Em 1720, foi a Lisboa, ensinar música à princesa portuguesa Maria Bárbara de Bragança. Durante uma visita a Roma, em 1728, se casou com Maria Caterina Gentili. No ano seguinte, se fixou em Sevilha, onde permaneceu por quatro anos e conheceu o flamenco.

Foi durante seu tempo na Espanha que sua genialidade musical floresceu e sua contribuição para o desenvolvimento da música para piano se tornou mais proeminente.

Domenico Scarlatti

Scarlatti como compositor

Em 1733, foi a Madrid para assumir o cargo de maestro de música da princesa Maria Bárbara, que se casara com o Príncipe Herdeiro de Espanha, Dom Fernando, se tornando rainha da Espanha. Scarlatti permaneceu no país por cerca de vinte e cinco anos, tendo, ali, sido pai de cinco filhos.

Ao longo de sua vida em Madrid, Scarlatti também teve uma carreira prolífica como professor de música, ensinando para os membros da corte real, incluindo os filhos do rei, e sua influência como pedagogo ajudou a moldar a geração de músicos talentosos que surgiria a seguir naquele país.

Durante o período que permaneceu ali, Scarlatti compôs mais de quinhentas sonatas para teclado, que hoje são consideradas algumas das obras mais importantes do repertório pianístico, das quais apenas uma fração foi publicada durante sua vida.

Em 1738, Scarlatti supervisionou a publicação de sua coleção mais famosa, um livro de 30 Esercizi (“Exercícios”), aclamados em toda a Europa. As muitas sonatas não publicadas durante a vida de Scarlatti foram impressas de forma irregular ao longo dos dois séculos e meio seguintes.

Depois da morte de sua esposa, em 1742, Scarlatti desposou uma espanhola, Anastasia Maxarti Ximenes. O compositor faleceu em Madrid em 23 de julho de 1757, aos 71 anos. Sua casa na Calle Leganitos é identificada com uma placa histórica e seus descendentes ainda vivem naquela cidade.

 

As sonatas

As sonatas de Scarlatti – compostas para cravo e adaptadas e interpretadas em piano ao longo dos anos – são peças inestimáveis para o desenvolvimento da música para piano e fonte de inspiração para muitos compositores, incluindo Mozart, Beethoven, Chopin, Brahms e Bartók, que admiravam sua inventividade e originalidade.

Scarlatti compôs cerca de quinhentas delas, geralmente de um único movimento, na forma binária. Uma das características mais distintivas dessas obras é a fusão de elementos da música barroca europeia com influências folclóricas espanholas.

Algumas possuem audácia harmônica tanto no uso de dissonâncias ou aglomerados de acordes, quanto no uso audacioso de modulações não convencionais e tonalidades remotas. Scarlatti também foi pioneiro no domínio do ritmo e da sintaxe musical: síncopes e ritmos cruzados são comuns em sua música.

Além de suas sonatas para teclado, Scarlatti também compôs uma variedade de outras obras, incluindo óperas, música sacra e música de câmara. Embora essas obras tenham sido eclipsadas em popularidade por suas sonatas, elas ainda são apreciadas por sua beleza e habilidade composicional.


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