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Chiquinha Gonzaga

Chiquinha Gonzaga – a pioneira

Nascida Francisca Edwiges Neves Gonzaga, no Rio de Janeiro em 17 de outubro de 1847, Chiquinha Gonzaga foi a primeira chorona, a primeira pianista de choro, a autora da primeira marcha carnavalesca (“Ô Abre Alas”, de 1899) e a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil.

Chiquinha Gonzaga

Filha de José Basileu Neves Gonzaga, militar de ilustre linhagem no Império, e da alforriada Rosa, mulata filha de escravos, a pianista, compositora e maestrina Chiquinha Gonzaga foi educada dentro de uma família de pretensões aristocráticas: aprendeu a ler, escrever e fazer cálculos, estudou o catecismo e outras prendas femininas, e, também, a tocar piano.

 Tendo como padrinho Duque de Caxias, fez seus estudos normais com o Cônego Trindade, um dos melhores professores da época. Já os musicais com o Maestro Lobo, um fenômeno da música. Apesar disso, desde cedo frequentava rodas de lundu, umbigada e outras músicas populares típicas dos escravos.

Aos 11 anos, iniciou sua carreira de compositora com uma música natalina, “Canção dos Pastores”.

Educada para ser dama de salão, Chiquinha, aos 16 anos, se casou com Jacinto Ribeiro do Amaral, por imposição da família. Continuou dedicando atenção ao piano, para desespero do marido, que não gostava de música e encarava o instrumento como seu rival. Não suportando a reclusão do navio onde o marido servia e as ordens para que não se envolvesse com a música, Chiquinha separou-se.

Após a separação, envolveu-se com o engenheiro João Batista, mas acabou por não aceitar suas aventuras extraconjugais e decidiu viver como musicista independente, tocando piano em lojas de instrumentos musicais.

Sua estreia como compositora se deu com a polca “Atraente”, em 1877. Sustentava-se dando aulas em domicílios e como musicista no conjunto do flautista Joaquim Callado. Passou a aperfeiçoar sua técnica com o pianista português Artur Napoleão, também seu editor, e escrever partituras para o teatro musicado.

Chiquinha Gonzaga

Em janeiro de 1885, estreou no teatro com a opereta “A corte na roça”, representada no Teatro Príncipe Imperial, ocasião em que a imprensa se embaraçou ao tratá-la, pois, à época, não existia feminino para a palavra maestro.

Por volta de 1900, Chiquinha conheceu a irreverente artista Nair de Tefé von Hoonholtz, a primeira caricaturista do mundo, uma moça boêmia, embora de família nobre, da qual se torna grande amiga. Na virada do século, compôs a música que a popularizou, “Ó abre alas”, criando a marchinha carnavalesca com letra.

Aos 52 anos, conheceu o talentoso aprendiz de musicista João Batista Fernandes Lage, de 16 anos, por quem se apaixonou e foi correspondida. Temendo o preconceito, adotou-o como filho e mudou-se para Lisboa, em Portugal, viajando pela Europa entre 1902 e 1910. Chiquinha nunca assumiu seu romance, que só foi descoberto após a sua morte, por meio de cartas e fotos do casal.

Eles retornaram ao Brasil sem levantar suspeitas de viverem como marido e mulher.

Logo após esse retorno ao Brasil, sua amiga Nair de Tefé casou-se com o então presidente da República Hermes da Fonseca, tornando-se primeira-dama do Brasil. Chiquinha foi convidada para alguns saraus no Palácio do Catete, a residência presidencial daquele período.

Em 1911, Chiquinha estreou seu maior sucesso no teatro: a opereta “Forrobodó”, que chegou a 1.500 apresentações seguidas após a estreia.

No recital de lançamento de “Corta Jaca”, também realizada no Palácio do Catete, em 1914, Nair de Tefé acompanhou Chiquinha empunhando um violão e tocando o maxixe composto pela maestrina, o que foi considerado um escândalo para a época, com forte repercussão em todas as rodas da sociedade.

Foram feitas até mesmo críticas ao governo por conta da “indecência” ocorrida: promoção e divulgação de músicas cujas origens estavam nas danças vulgares.

Chiquinha Gonzaga compôs músicas para 77 peças teatrais, tendo sido autora de cerca de duas mil composições em diversos gêneros como choros, lundus, maxixes, tangos, valsas, polcas, fados, quadrilhas, mazurcas e serenatas.

Em 1934, escreveu sua última composição, a partitura da peça “Maria”. Faleceu no Rio de Janeiro, em 28 de fevereiro de 1935, aos 87 anos de idade, no início do Carnaval.

Chiquinha Gonzaga tem seu lugar reservado na história tanto por seus dotes artísticos quanto por seus posicionamentos políticos e comportamentais. Fundadora da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais, participou ativamente das campanhas abolicionistas e da proclamação da república do Brasil.

É considerada pioneira e ícone da libertação feminina, abraçando uma profissão inédita para a mulher, incorporando à sua obra toda a diversidade que encontrou. Sem preconceitos, produziu as bases fundamentais para a formação da música brasileira!

O Brasil ser palco de grandes nomes da música não é novidade, mas que tal descobrir como o piano foi introduzido em nosso país? Clique aqui e leia o fascinante artigo!

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