Skip to main content
Pessoa tocando fuga no piano

O que é fuga no piano?

Pessoa tocando fuga no piano

Quem nunca ouviu falar dos prelúdios e fugas do “Cravo Bem Temperado” de Johann Sebastian Bach? Esse conjunto de peças, compostas em 1722 para um dos antecessores do piano, é uma das mais importantes obras do repertório pianístico e estudo fundamental para todos que pretendem se aperfeiçoar no instrumento. O próprio Bach descreveu a obra: “para o proveito e uso dos jovens músicos desejosos de aprender e, especialmente, para o entretenimento daqueles já experientes com esse estudo”.

Tendo por base as 24 tonalidades (12 maiores e 12 menores), os prelúdios e fugas oferecem aos estudantes grande parte do que necessitam para desenvolver tanto a técnica quanto a independência das mãos, o domínio da dinâmica e o ouvido seletivo. Quanto aos prelúdios, pode-se dizer que foram escritos de maneira livre, utilizando a linguagem própria do período barroco e explorando as possibilidades dos instrumentos da época. Mas, o que são fugas?

 

O que é fuga no piano?

Dá-se o nome de fuga a uma composição polifônica de estilo contrapontístico que se baseia na imitação de um tema gerador – curto, mas característico, denominado sujeito – por duas ou mais vozes diferentes, nos diversos graus da escala.

Simplificando, é uma composição que, em essência, consiste na insistente repetição de um tema e de sua imitação, com trechos livres entre as repetições. As diversas partes (vocais ou instrumentais) conversam entre si – repetindo e imitando o tema – e parecem se perseguir, fugindo umas das outras (em latim, fugere) ou se caçando (fugare), de onde se origina o nome.

Sua origem remonta ao cânone, em que diferentes vozes repetem o tema sempre da mesma forma. O exemplo mais conhecido de cânone é o famoso “Frere Jaques”, em que cada voz repete a melodia iniciando em diferentes compassos.

Como a fuga surgiu?

A fuga se originou da técnica de imitação em que o material musical era repetido começando numa nota diferente utilizada para auxiliar a improvisação, mas, por volta dos anos 1550, era considerada uma técnica de composição.

Atingiu seu apogeu no início do século 18, durante o período barroco, quando se tornou uma atividade importante, em parte como uma evidência da competência do músico. Bach é considerado o maior compositor de fugas e costumava improvisar espontaneamente nesse formato ao órgão ou ao cravo.

Durante o Classicismo, a fuga deixou de ser o modo principal de composição, mas os três maiores compositores do período – Haydn, Mozart e Beethoven – a utilizaram com frequência em suas obras, não como peças isoladas, mas como parte integrante de um trabalho maior, frequentemente inseridas na seção desenvolvimento de uma sonata ou como final de uma obra.

No período Romântico, a escrita de fugas continuou a ser uma parte importante da educação musical, especialmente com o ressurgimento do interesse pela música de Bach, graças a Felix Mendelssohn. Robert Schumann, Johannes Brahms, Franz Liszt, Hector Berlioz, Richard Wagner, Giuseppe Verdi e, obviamente, Felix Mendelssohn também utilizaram a técnica em suas obras.

Uso da fuga em composições

A fuga foi usada no século 20 por compositores como Igor Stravinsky, Paul Hindemith e Bèla Bartok não apenas como um procedimento para seções maiores, mas também como movimentos inteiros. O compositor Max Reger foi, entre seus contemporâneos, o que melhor se identificou com a fuga, compondo várias obras para órgão e orquestra no formato.

Samuel Barber, Charles Ives, Dmitri Shostakovich, Benjamin Britten, György Ligeti e até mesmo Leonard Bernstein compuseram fugas como parte de suas obras. Benjamin Britten compôs uma fuga para orquestra em seu “Guia da Orquestra para a Juventude”, em que o sujeito aparece uma vez em cada instrumento.

Algumas “Bachianas Brasileiras” de Heitor Villa-Lobos têm fugas como um de seus movimentos, e vários outros compositores brasileiros, como Camargo Guarnieri, Edino Krieger e Osvaldo Lacerda, escreveram fugas. A escrita de fugas no século 20 explorou muitas das direções apontadas pelos antecessores, principalmente Bach e Beethoven e se tornou parte da base teórica do dodecafonismo de Arnold Schoenberg.

E até mesmo na música popular a fuga foi utilizada: o músico de jazz Alec Templeton escreveu uma fuga gravada pela orquestra de Benny Goodman, chamada “Bach Goes to Town” (Bach vai à Cidade).

Agora que você já sabe o que é uma fuga, estude ao piano com atenção as escritas por Bach para o “Cravo Bem Temperado” e verifique onde cada voz repete o tema, que deve ser sutilmente destacado para melhor compreensão.


A Fritz Dobbert se preocupa com você e sua privacidade

O nosso site usa cookies e outras tecnologias para personalizar a sua experiência e compreender como você e os outros visitantes usam o nosso site.
Ao navegar pelo site, coletaremos tais informações para utilizá-las com estas finalidades. Em caso de dúvidas, acesse nossa Política de Privacidade.

Aceito