O “walking bass” é uma técnica essencial no vocabulário do jazz e de outros estilos musicais, que surgiu como uma maneira de criar um movimento constante e pulsante. Essa abordagem, que originalmente deriva das linhas de contrabaixo, confere ritmo, harmonia e fluidez à música, assumindo a forma de uma linha melódica que “caminha” entre os acordes, fornecendo a base harmônica e rítmica. No piano, essa técnica foi adaptada para que o instrumentista pudesse preencher as funções tanto do baixo quanto da harmonia, frequentemente executada pela mão esquerda, enquanto a mão direita toca acordes ou melodias.
O walking bass é caracterizado por notas tocadas de maneira uniforme, normalmente em figuras de semínima, criando um fluxo constante. A linha enfatiza as tônicas, terças, quintas e sétimas dos acordes para reforçar a harmonia, mas por ser melódico por natureza, o movimento também utiliza escalas, arpejos e aproximações cromáticas para conectar acordes.
A técnica pode ser utilizada em diversos contextos musicais. Em estilos de jazz tradicionais, como swing e bebop, o walking bass é essencial para manter o ritmo e a harmonia. No blues, o walking bass pode adicionar profundidade e movimento. E, embora menos comum, o walking bass pode ser adaptado para gêneros latinos, criando uma base interessante, como um montuno.
Como criar uma linha de walking bass no piano
Criar uma linha de walking bass eficiente exige compreensão de harmonia, escalas e como conectar as notas de forma fluida. O primeiro passo é entender a progressão de acordes da música.
Por exemplo, podemos considerar uma progressão clássica de jazz II-V-I no tom de Dó maior: Dm7 (II) – G7 (V) – Cmaj7 (I). Os pilares da linha de baixo serão as notas fundamentais dos acordes: para Dm7, a nota Ré; para G7, a nota Sol; e para Cmaj7, a nota Dó.
É possível incluir notas como a terça, a quinta e a sétima de cada acorde para enriquecer a linha.
Para evitar a monotonia, dar mais sentido à linha de baixo e deixá-la mais rica, as aproximações diatônicas e cromáticas são essenciais no walking bass.
Além disso, se pode utilizar escalas relacionadas ao acorde para criar variações.
No walking bass, o ritmo é tão importante quanto as notas escolhidas. Cada nota deve ser tocada de forma clara e precisa, com um pulso constante. Não se deve esquecer, também de utilizar o “swing feel” em estilos em que ele se adequa.
No piano, o walking bass é executado pela mão esquerda, enquanto a mão direita toca acordes ou improvisa melodias. A coordenação entre as mãos, portanto, é crucial. Para isso, deve-se praticar separadamente cada uma, até que o movimento seja fluido. Para não sobrecarregar a execução, é importante simplificar os acordes, utilizando “voicings” na mão direita.
O walking bass é uma ferramenta poderosa para pianistas que desejam enriquecer sua linguagem musical. Sua combinação de harmonia, ritmo e melodia oferece um campo vasto para exploração criativa. Com prática e compreensão teórica, qualquer pianista pode dominar essa técnica e incorporá-la em sua performance.