Que o estudo das escalas é imprescindível para o domínio do piano, todos sabem: executar todas as escalas maiores, com sustenidos e bemóis, é fundamental para o bom posicionamento das mãos e dedos sobre as teclas, assim como prepara o músico para grande parte das passagens existentes no repertório pianístico.
Mas não apenas as escalas maiores são obrigatórias no estudo do instrumento, já que boa parte das obras compostas para piano foram escritas nas tonalidades menores. Por conta disso, é importante conhecer e estudar também as escalas menores, nas diferentes formas em que são usadas, para que a execução delas seja automática e confortável.
Escalas relativas
As escalas maiores são formadas sobre dois tetracordes com a mesma distribuição de tons e semitons, separados um do outro por intervalo de tom. Cada tônica dá origem a uma escala maior e, para adequação a esse padrão de tons e semitons, alterações (sustenidos e bemóis) são adicionadas às notas e formam a chamada “armadura de clave”.
As escalas maiores, portanto, apresentam, em relação à tônica, os intervalos de Segunda Maior, Terça Maior, Quarta Justa, Quinta Justa, Sexta Maior e Sétima Maior.
A cada escala maior corresponde uma escala menor, chamada relativa, que possui a mesma armadura de clave, porém outra tônica, encontrada no sexto grau. Por conta disso, a distribuição de tons e semitons é diferente. Os intervalos existentes em relação à tônica que distinguem a escala menor da escala maior são a terça menor, a sexta menor e a sétima menor.
Essa é a forma “pura”, “primitiva” ou “natural” da escala menor, construída respeitando-se a armadura de clave da relativa maior, sem alterações. Mas outras formas da escala menor foram adotadas em diferentes momentos da história da música, com a consolidação de duas outras: a escala menor harmônica e a escala menor melódica.
A escala menor harmónica é similar à escala menor natural, apresentando a terça menor, a sexta menor, mas com a sétima maior. A sétima maior é a nota característica dessa escala, pois é este intervalo que lhe dá uma sonoridade distinta, formando uma sensível em relação à tônica.
A escala menor melódica é a mais utilizada no jazz. A formação dela é um pouco mais complexa do que a das anteriores, pois, na teoria, ela apresenta a forma da escala menor melódica no sentido ascendente e a forma da escala menor natural no sentido descendente. Esse conceito, no entanto, não é muito utilizado na música moderna. Na escala menor melódica, portanto, a sexta é maior e a sétima também é maior.
Para a execução das escalas menores, é importante encontrar um bom dedilhado (vários métodos trazem exemplo ótimos de dedilhados para as escalas menores), mas também é fundamental que se entenda a formação de cada uma e as diferenças entre elas e as escalas maiores, o que facilitará a compreensão do trecho musical a ser estudado ou sua utilização em solos e improvisos.