Toda música pode ser tocada em qualquer tonalidade. E a transposição – processo de deslocar as notas de uma música para uma tonalidade diferente, mantendo a relação entre elas – é a técnica para isso, permitindo que qualquer melodia seja executada dentro da tessitura do instrumento ou da voz do cantor.
Isso é muito útil, por exemplo, para o pianista acompanhador, que deve se adequar à tonalidade em que o cantor consegue cantar determinada música de acordo com a tessitura vocal dele, pois é comum que o tom original apresente notas – tanto graves quanto agudas – que ele não consiga entoar.
Importância da transposição no piano
A transposição também é necessária quando o pianista acompanha instrumentos transpositores – como clarinete, trompa e saxofone – cujas afinações originais são diferentes da afinação do piano, ou seja, ao executar determinada nota, o som que sai desses instrumentos não corresponde ao que se lê.
É importante entender o conceito de transposição também para tocar em bandas e conjuntos, adequando a música a uma tonalidade confortável para todos, ou mesmo para arranjar e compor, já que a prática permite desenvolver a melodia em outras tonalidades a fim de enriquecer a composição.
Técnicas da transposição
O ponto mais relevante é que a transposição de uma música exige manter uma relação consistente entre todas as notas e todos os acordes, de modo que a música seja perfeitamente reproduzida na nova tonalidade. Por exemplo, se for preciso transpor uma música um tom acima, todas as notas e todos os acordes devem ser transpostos um tom acima a fim de garantir a fidelidade da reprodução.
Por conta disso, é possível transpor uma música de uma armadura de clave para outra – por exemplo, de Dó maior para Ré maior – mas não se pode alterar o modo em que ela foi escrita – de Dó maior para Dó menor, por exemplo – pois isso alteraria a relação contextual entre as notas.
Para fazer uma transposição, listamos aqui quatro passos fundamentais, lembrando que é necessário ter um conhecimento básico de tonalidades, armaduras de clave e intervalos.
1 – Identificar a tonalidade original
Verifique a armadura de clave e a harmonia para determinar em qual tonalidade o trecho está escrito.
2 – Identificar a tonalidade para qual a música deve ser transposta
Verifique qual a tonalidade do instrumento transpositor ou qual a tessitura da voz do cantor. Para acompanhar um cantor, é preciso verificar em qual tonalidade é mais fácil ele cantar e descobrir a distância entre a tonalidade original e a desejada.
3 – Transpor as notas e os acordes
Identificada a tonalidade para a qual a música original deve ser transposta, basta verificar qual o intervalo de distância entre elas. No caso de estar acompanhando um saxofone tenor (afinado em Si bemol), por exemplo, deve-se alterar a tonalidade para um tom abaixo.
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Verificar os acidentes ocorrentes
Nem todas as notas de uma melodia estão de acordo com a armadura de clave. Algumas são alteradas por acidentes ocorrentes e é preciso verificar qual a alteração que o acidente causou e replicá-lo na nova tonalidade.
Transposição nos pianos digitais
Nos pianos digitais, assim como nos softwares de notação, transpor uma melodia para uma nova tonalidade é muito fácil. Nos bons modelos, existe a função “Transpose”, que altera a tonalidade do instrumento como um todo, para cima ou para baixo na distância desejada, permitindo que o pianista continue tocando no tom que está acostumado, mas com resultado sonoro em outra tonalidade.
Geralmente, a transposição nos pianos digitais funciona em passos de um semitom, ou seja, ao ajustar o “Transpose” em “-1” e tocar a tecla Dó, o que se vai ouvir é uma nota Si, ou seja, uma nota um semitom abaixo; ao ajustar em “-2”, dois semitons abaixo (ou seja, um tom) e assim sucessivamente.
Sabendo, portanto, a tonalidade da música original e a tonalidade para a qual se deve fazer a transposição, basta acionar o ajuste de “Transpose” e continuar tocando como sempre tocou, mas na tonalidade que se adequa aos outros instrumentos.