Estudar piano deve ser um processo prazeroso. Mas, às vezes, pode se tornar uma tarefa desgastante, cansativa e sem resultados satisfatórios. Isso ocorre porque, muitas vezes, o aluno não sabe como dividir seu (geralmente pouco) tempo de estudo para que seja produtivo. Antes de tudo, porém, é preciso que o estudante leve em consideração que a maioria das coisas que está estudando no momento apresentará resultados somente a médio e longo prazo. Portanto, deve-se ter paciência nesse processo.
Rotina de estudo
Para obter resultados satisfatórios, a regularidade é fundamental. De nada adianta estudar oito horas seguidas de piano para tentar mostrar algo a seu professor e ficar oito dias sem tocar. Uma hora bem estudada pode trazer ótimos resultados, mas deve-se lembrar de que, além de exercício mental, que exige compreensão das dificuldades e do modo de vencê-las, a prática e a repetição trarão a automatização dos movimentos e o domínio da coordenação motora.
Qualquer contato com o instrumento é uma prática. Portanto, além do “horário de estudo”, é aconselhável reservar um tempo para tocar de forma mais relaxada e displicente. E tocar junto com gravações de músicas de que se gosta é um ótimo e divertido estudo.
Para começar, deve-se criar uma rotina. Ela deve obedecer a uma regra primordial: estude primeiro tudo aquilo que está gerando maiores dificuldades, aquilo “que não sai”, “as coisas encrencadas que o deixam louco!”.
Quando se “apanha” para tocar algo, seja pela sua dificuldade harmônica, técnica ou rítmica, é porque se está em processo de aprendizado. Quando se executa algo com pouca ou sem dificuldade, significa que já tal coisa já foi aprendida e que se está em processo de aprimoramento. Portanto, é melhor começar essa rotina pelo processo de aprendizado e terminá-lo pelo aprimoramento.
Caso você esteja começando a estudar música, o início de sua rotina diária de estudos pode ser dedicado à leitura musical, o que abrange tanto a leitura de partituras quanto a divisão rítmica. Inicie tudo que você estiver praticando de forma extremamente lenta, com muita atenção e repetição, para um bom entendimento cerebral e não técnico. Após seu cérebro compreender o que está fazendo, fica extremamente fácil alcançar a velocidade desejada.
O mesmo processo deve ser aplicado no estudo da técnica, que exige menos esforço mental e, portanto, pode ficar para o fim ou o meio de sua rotina. A técnica deve ser estudada lentamente para que você preste atenção nos movimentos e na posição de dedos e mãos.
Lembre-se de que você não desenvolverá sua técnica se estudar de forma errada, mecânica e displicente. Também não é recomendável estudar apenas velocidade. Deve-se deixar a mão precisa antes para, só depois, torná-la rápida.
Se você deseja dominar harmonia a fundo, deve conhecer bem as escalas e seus intervalos. O profundo conhecimento delas irá lhe proporcionar a habilidade necessária para a formação de qualquer tipo de acorde e o desenvolvimento de solos e improvisos. Ainda falando da parte harmônica, estude a formação dos acordes, suas inversões e diferentes posições, aberturas e distribuições deles.
Aproveite as músicas que você já está tocando bem para a prática de seu “timing”. Seu companheiro obrigatório nas horas de estudo é o metrônomo. Ele irá auxiliá-lo a estudar de forma correta e progressiva. Estude sempre com ele, prestando atenção se você não está “comendo” nenhum tempo, se seu suingue está legal e, por fim, como está sua dinâmica e interpretação desses temas.
Organizando o estudo
Colocando em ordem tudo o que foi discutido acima, e assumindo um mínimo de uma hora diária de dedicação ao piano, o melhor é dividir o estudo em três etapas:
1 – Estude as novidades que você está aprendendo, pois esta etapa exige grande atenção e causa um cansaço mental maior. Nesta primeira parte, inclua as novas peças ou partes que está estudando, as que trazem algum problema ainda não solucionado e as de maior complexidade rítmica ou técnica. Dedique ao menos 25 minutos a essas atividades.
2 – Pratique técnica. Esta parte deve conter exercícios práticos para o desenvolvimento da precisão da sua mão, com os quais futuramente se alcançará a tão desejada agilidade. Alguns livros dedicados à técnica podem ser utilizados para direcionar seu estudo.
Escalas são imprescindíveis, para um bom posicionamento da mão no teclado e para a automatização das passagens de dedos. Conforme o domínio técnico aumenta, os exercícios podem ficar mais complexos, mas lembre-se: uma movimentação correta dos dedos é fundamental. Não se esqueça do básico!
Ao menos 15 minutos devem ser dedicados ao estudo técnico. 3 – Finalizando, use as músicas que você já toca para aprimorar a dinâmica e a interpretação, assim como aumentar a velocidade, se for o caso, estudar a pedalização ou aplicar novos conhecimentos. Dedique o resto de sua hora de estudos para isso. É o momento de manter um repertório mínimo “embaixo dos dedos”, para ter o que tocar quando der vontade ou para pequenas – ou grandes, dependendo do caso – apresentações. Afinal, o objetivo de todo estudo é tocar, seja para si mesmo ou para os outros.