Dependendo do modelo, o piano pode trazer dois ou três pedais, com diferentes funções e mecanismos, auxiliares na interpretação e na busca pelo timbre desejado
O piano é um instrumento musical cujo desenvolvimento se deu aos poucos. O primeiro exemplar foi construído, por volta de 1709, pelo fabricante de cravos Bartolomeo Cristofori, e chamado de Gravicembalo col Piano e Forte.
Criação dos pedais do piano
Mais do que uma modificação da forma de geração do som – em que as cordas, em vez de serem pinçadas, eram percutidas por martelos –, o italiano desenvolveu um novo tipo de mecanismo, capaz de permitir ao pianista o controle da dinâmica por meio da ação dos dedos sobre o teclado.
Durante a história do instrumento, várias inovações foram incorporadas a ele, buscando um aperfeiçoamento da técnica interpretativa. Uma das mais importantes foi a implementação dos pedais, patenteados pelo fabricante John Broadwood, em 1783.
O objetivo dessa inovação era aumentar a gama de dinâmicas possíveis de serem reproduzidas pelo piano, ou seja, aprimorar as diferenças entre as sonoridades mais fortes e mais fracas.
A evolução do uso deles, no entanto, caminhou ao lado de uma maior exploração das capacidades do instrumento e permitiu que técnicas específicas fossem desenvolvidas e novas sonoridades esculpidas.
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Quais são os tipos de pedais do piano?
Pedal Direito: “Sustain”
Os pianos podem ter dois ou três pedais. O direito, também chamado “sustain”, é o mais utilizado. Quando acionado, afasta os abafadores, responsáveis por parar o movimento das cordas quando uma tecla é solta, de todas elas.
Isso permite que continuem vibrando, o que causa um prolongamento do som e facilita, muitas vezes, a interpretação de notas de modo ligado, quando não é possível fazê-lo por meio da digitação.
Além disso, as cordas soltas vibram simpaticamente às das notas tocadas, enriquecendo o timbre do instrumento pela adição de harmônicos. Mas esse recurso deve ser utilizado de maneira correta, sob o risco de comprometer toda a interpretação.
O uso exagerado do pedal direito resulta na falta de clareza melódica, empastelamento de harmonias e encadeamento indiscriminado de frases e subfrases.
O emprego desmedido provoca, ainda, uma ampliação da massa sonora, uma vez que passagens tocadas suavemente acabam se somando umas às outras, com o pedal, transformando rapidamente um delicado ‘piano’ num ‘fortíssimo’ veemente.
Muitas vezes, no início dos estudos, o pianista “esquece” o pé no pedal. Esse vício é muito comum e pode causar grande desconforto ao ouvinte mais atento.
Pedal Esquerdo: “Una corda”
O pedal da esquerda é chamado “una corda” e sua função primária é a de “abafar” o som do instrumento. O mecanismo funciona de forma diferente quando se tratam de pianos de cauda ou de armário, os chamados verticais.
Nos primeiros, seu acionamento causa uma movimentação de todo o mecanismo, incluindo o teclado, para a direita do pianista, fazendo que os martelos atinjam apenas uma das duas ou três cordas referentes a cada tecla, ou, no caso dos bordões, não as firam de modo completo.
Além de uma redução no volume, o uso desse recurso promove uma modificação na coloração do timbre. Nos pianos verticais, a ação desse pedal aproxima os martelos das cordas, o que origina uma menor ação deles, reduzindo o volume sonoro.
A modificação na qualidade do timbre, contudo, não é a mesma obtida nos instrumentos de cauda.
Pedal Tonal: “Sostenuto”
O terceiro pedal existente em alguns pianos, situado no meio dos outros dois, possui funções bem diferentes dependendo do instrumento. Nos modelos topo de linha – mais notadamente os de cauda e, raramente, nos verticais -, possui a função de “pedal tonal”, também chamado “sostenuto”.
O resultado do acionamento dele é similar ao do pedal de sustain, mas age, apenas, sobre as teclas que estejam abaixadas no momento em que é pressionado. Esse complexo mecanismo permite que algumas notas sejam prolongadas enquanto outras não sofram qualquer alteração.
Dependendo da marca e do modelo do instrumento, porém, podem existir alterações na forma como ele trabalha. Em muitos modelos, o pedal esquerdo funciona de forma idêntica ao pedal de sustain, mas apenas na região grave do teclado.
Nos modelos verticais, o uso mais comum do terceiro pedal é o de abafamento. Seu acionamento resulta na colocação de uma manta de feltro ou espuma entre os martelos e as cordas, diminuindo a ação deles. Isso causa um forte amortecimento na sonoridade.
Dotado de uma trava, é utilizado para o estudo, pois evita o provável incômodo causado pela repetição excessiva de passagens e exercícios aos ouvintes compulsórios. Seu uso, porém, acarreta na distorção do timbre, já pouco audível, e, consequentemente, na falta de controle da sonoridade por parte do pianista.
Excelente reportagem!
Tema essencial para quem ensina ou aprende piano.