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método dalcroze

O piano e o método Dalcroze

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Durante os séculos 19 e 20, a educação musical sofreu profundas transformações, recebendo contribuições de diversos autores por meio de propostas de sistematização, muitas delas posteriormente conhecidas e aplicadas por todo o mundo por conta de sua coerência e alinhamento, fazendo parte de um conjunto de metodologias conhecidas como métodos ativos de educação musical.

Conheça um desses métodos em nosso artigo: o método Dalcroze!

 

Quem foi Emile Jacques Dalcroze?

Emile Jacques Dalcroze (Viena, 6 de julho de 1865 – Genebra, 1 de julho de 1950) foi o criador de um sistema de ensino de música baseado no movimento corporal expressivo que se tornou mundialmente difundido a partir da década de 1930 e influenciou de modo decisivo toda uma geração de educadores da primeira metade do século 20, principalmente na área da musicalização infantil.

Filho de pais suíços, Émile Henri Jaques iniciou seus estudos de piano aos 6 anos de idade e logo se mostrou um compositor nato. Frequentou o Conservatório de Música de Genebra, onde se diplomou aos 18 anos e deixou a Suíça para viver em Paris, onde teve aulas de composição com Vincent d’Indy e Gabriel Fauré, entre outros.

Ali nasceu seu interesse pelo teatro em parte inspirado pelas aulas de declamação e dicção. Como já havia em Paris outro compositor de sobrenome Jaques, Dalcroze adotou o nome artístico pelo qual seria conhecido, fruto da alteração do sobrenome de Raymond Valcroze, um colega francês do tempo do colégio.

 

Emile Jacques Dalcroze

 

Dalcroze percebeu uma falha no método convencional de ensino

Em 1887, foi para Viena, com o intuito de dar continuidade a seus estudos. A jornada de dois anos na Academia de Música de Viena foi importante para a criação de seu método Dalcroze de ensino pois, já na etapa final de sua formação, percebeu um declínio de suas faculdades sensíveis: a escuta de uma obra sinfônica, que anteriormente o arrebatava por completo, agora se via limitada, pelas exigências aritméticas dos professores, a uma experiência fria de análise das estruturas harmônicas.

Depois desse período, Dalcroze passou três anos de estudando em Paris com Mattis Lussy, cuja concepção acerca do ritmo na educação musical influenciou a construção de sua pedagogia.

O retorno ao Conservatório de Genebra se deu em 1892, primeiramente como professor de História da Música, e posteriormente dos cursos de Harmonia e Solfejo Superior. Já nessa época, o incomodava o fato de que, em sua visão, as escolas de música da época formavam ótimos executantes, mas não “músicos completos”, e que os estudantes não conseguiam ouvir (pela escuta interna ou mental) a música que viam escrita na partitura impressa, e apenas executavam o que liam de forma mecânica e pouco musical.

Quem conta é o próprio Dalcroze na obra “Os estudos musicais e a educação do ouvido” (Les études musicales et l’éducation de l’oreille), de 1898:

 “Um dos preceitos favoritos dos mestres de harmonia é o seguinte: ‘Não se deve jamais utilizar o piano para construir e escrever as sucessões de acordes’. Fiel à tradição, apliquei-me em repetir esse axioma durante as minhas aulas, até o dia em que um dos meus alunos me perguntou com ingenuidade: ‘Mas, senhor, por que eu dispensaria o piano, uma vez que sem ele eu não sou capaz de ouvir coisa alguma?’. Subitamente começou a vibrar, dentro de mim, uma centelha de verdade. Compreendi que toda regra que não tenha sido forjada pela necessidade e através da observação direta da natureza é arbitrária e falsa, e a proibição da utilização do piano não teria o menor sentido, a não ser que ela fosse destinada a jovens dotados de uma audição interior (…) Ou uma coisa ou outra: ou é preciso compor com o auxílio do piano, se não dispusermos de um ouvido musical, ou é necessário dispensar o piano, se formos capazes de ouvir.”

 

Como o método Dalcroze foi criado

Essas observações levaram Dalcroze a compreender que havia uma falha no método convencional de ensino: o de centrar o conhecimento na mente do aluno, quando o cérebro e o corpo são desenvolvidos paralelamente e um está constantemente a comunicar as suas impressões e sensações ao outro.

Faltava aos estudantes, segundo Dalcroze, a coordenação entre olhos, ouvidos, mente e corpo necessários para aprender o repertório – e principalmente para tocar bem. Assim, percebeu que o primeiro instrumento musical que se deveria treinar era o corpo.

Dedicou-se, então, a criar exercícios destinados a reconhecer a altura dos sons, a medir os intervalos, a escutar os sons harmônicos, a individualizar as diversas notas dos acordes, a seguir os desenhos contrapontísticos das polifonias, a diferenciar as tonalidades, a analisar as relações entre as sensações auditivas e as sensações vocais, a desenvolver as qualidades receptivas do ouvido e – graças a um novo gênero de ginástica destinado ao sistema nervoso – a criar, entre o cérebro, o ouvido e a laringe, correntes necessárias para fazer do organismo, como um todo, algo que pudesse ser denominado “ouvido interior”.

O método desenvolvido durante mais de uma década foi inicialmente conhecido como Ginástica Rítmica, por tratar-se de um sistema de educação musical inteiramente fundamentado nos exercícios corporais, e, posteriormente, por Euritmia.

 

exercício corporal para educação musical

 

Os movimentos utilizados na Euritmia são improvisados pelos próprios alunos, e não propostos pelo professor, que apenas improvisa, geralmente ao piano, a fim de dar a eles elementos que possam ser vivenciados. O aluno é treinado para responder espontaneamente e reagir rapidamente ao ritmo musical seja olhando, ouvindo, sentindo e pensando simultaneamente.

O próprio Dalcroze considerava o piano o melhor instrumento para isso, por conta da grande capacidade expressiva, de sua ampla tessitura e da possibilidade de executar melodias, harmonias e ritmos simultaneamente.

 

movimento corporal e estudo do piano

 

Diante das resistências do Conservatório que lhe recusou autorização para abrir uma turma especial para o ensino de seu método Dalcroze, mudou-se para a Alemanha, em 1910, a fim de dirigir um instituto inteiramente destinado à pesquisa da Rítmica.

Com o advento da Primeira Guerra Mundial, Dalcroze juntamente com muitos outros artistas conhecidos, assinaram uma carta protestando o bombardeio alemão contra a Catedral Saint Reims, e os alemães não mais permitiram que ele voltasse a sua escola em Hellerau. Por conta disso, em 1915, foi fundado o Instituto Jaques Dalcroze, em Genebra, ainda hoje epicentro do ensino e da difusão dessa metodologia.

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