Muito já se discutiu – e ainda se discute – sobre a melhor postura para tocar piano, seja em relação ao tronco e às costas ou à movimentação de braços e pulsos. É fácil perceber, assim que um aluno começa a tocar, o quanto maus hábitos de postura se refletem no momento do estudo e quais dificuldades físicas ele está enfrentando, apenas pela forma como está sentado ou, mais especificamente, como seus pulsos e mãos se aproximam das teclas.
Isso pode parecer irrelevante, pois muitos acreditam que diferentes escolas pianísticas adotam métodos e movimentos diversos, e que há tempo para corrigir imperfeições mais tarde, quando o aluno já está alfabetizado.
No entanto, é possível afirmar com certeza de que quanto mais cedo o aluno se sentir confortável à frente do piano, mais cedo ele desenvolverá tanto a agilidade quanto uma sonoridade rica e brilhante. Para isso, algumas posições de pulso, mão e dedos são mais ideais do que outras. Pensando nisso, listamos alguns elementos que devem ser observados quando se está estudando e adquirir a melhor postura para tocar piano!
1 – Ombros relaxados
Ao estudar ou tocar, tente não levantar os ombros. E isso é algo que merece disciplina e vigilância constante. Os ombros devem ser mantidos sempre relaxados. Certas passagens ou acordes, por exemplo, frequentemente desencadeiam movimentos dos ombros para cima, portanto, ao estudar essas passagens, tente tocá-las prestando atenção a eles.
Eventualmente, você sentirá o movimento dos ombros para cima e isso será um lembrete constante para relaxá-los.
2- Braços “pendurados”
Braços e cotovelos devem estar relaxados e literalmente “pendurados” ao lado do músico, mesmo quando em posição de tocar. Isso indica que os músculos estão relaxados, permitindo que os pulsos e as mãos também estejam flexíveis e relaxados.
Isso pode parecer óbvio, mas muitas vezes encontramos cotovelos abertos, para fora, e, na maioria das vezes, braços paralisados em uma determinada posição, ou seja, levemente levantados e mantidos para fora, quase pairando sobre o teclado. Braços mantidos em qualquer tipo de posição demonstram tensão, o que produz um efeito dominó nos pulsos e nas mãos.
Tente manter os braços relaxados com uma sensação gravitacional e “pesada”. O ideal é passar algum tempo relaxando os braços e alterando as posições do pulso e da mão, de forma que se perceba que com o braço relaxado e o cotovelo posicionado um pouco acima do nível das teclas (o que é feito regulando a altura do banco), o pulso e a mão ficam livres para se movimentarem.
3 – Pulsos flexíveis e paralelos ao teclado
É senso comum que os pulsos devem estar alinhados com o teclado, ou seja, descansando em uma posição quase paralela a ele. Mas se o pulso permanecer engessado paralelo ao teclado enquanto os dedos estão se movimentando, a tensão certamente surgirá. Portanto, o pulso deve ser capaz de se mover e de apoiar e conduzir a mão e os dedos em qualquer direção necessária para tocar as notas. Para fazer isso de forma eficaz, ele deve estar solto e relaxado.
Para praticar, um bom exercício é tocar uma tecla e, sem soltá-la, realizar pequenos movimentos circulares com o pulso, para que ele possa liberar qualquer tensão. E isso pode ser feito com todos os dedos, um por vez. Esses exercícios são extremamente úteis também para desenvolver dedos mais firmes e produzir uma sonoridade mais profunda.
4 – Mãos relaxadas
Relaxar a mão é uma das maiores dificuldades encontradas pelos alunos. A área entre os pulsos e os dedos deve ser “solta”, em vez de esticada e tensionada. Tensionar a mão se reflete no movimento dos dedos e enrijece todo o sistema, até mesmo o ombro, passando pelos braços.
No entanto, deve-se tomar cuidado para não ter a mão “displicente”, deitada sobre o teclado, com os dedos se movimentando acima dela. Pode parecer antigo e contraproducente, mas praticar um pouco de exercícios de agilidade como Hanon ou Beringer com uma bolinha de papel apoiada na palma ajuda a construir a posição certa da mão, sem tensões. Para perceber a posição correta das mãos, basta relaxar o braço ao lado do corpo e perceber como ela se fecha de forma arredondada.
5 – Dedos apoiados
Os dedos devem tocar as teclas com a polpa, a parte mais carnuda, entre a falange e a unha. Muitos alunos tendem a usar as falanges ou esticar os dedos de forma a tocar as teclas com uma área maior. Tudo isso causa mais dificuldades que facilidades e tensiona a mão desnecessariamente. Basta assistir a alguns vídeos de bons pianistas para perceber que os dedos estão apoiados sobre a polpa e nunca deitados ou esticados. Da mesma forma, é importante evitar que o quarto e o quinto dedo se levantem ou se estiquem no ar, o que demonstra tensão.
Lembre-se de que, apesar de o piano ser um grande instrumento, com milhares de componentes, tocá-lo é bem mais fácil do que se imagina e não necessita força física. Preste atenção a essas dicas e siga as orientações de um bom professor, para que nenhuma tensão de qualquer espécie atrapalhe seu desenvolvimento.
