Tempo rubato ou apenas rubato (roubado, em italiano) consiste em acelerar ou desacelerar ligeiramente o andamento de uma peça de acordo com a vontade do solista ou do regente, não seguindo a exatidão metronômica.
O termo nasce do fato de que o intérprete “rouba” um pouco do tempo de algumas notas e o compensa em outras, alterando, de certa forma, as relações entre os valores escritos e os que são tocados. Envolve acelerar a interpretação até o alto da frase musical e desacelerar saindo dali em direção a seu fim, aumentando o movimento.
Trata-se de um recurso muito expressivo na prática musical que, quando bem-feito, pode ter um efeito profundo sobre a interpretação da obra.
O tempo rubato, mesmo quando não indicado, é muitas vezes usado com liberdade por muitos cantores para aplicar um efeito musical em um tempo ligeiramente distinto do acompanhamento.
Onde ele é utilizado
Foi utilizado com frequência durante o período romântico, e é especialmente comum na música para piano. Frédéric Chopin usou uma forma de rubato em algumas de suas obras, em que a mão esquerda toca no tempo exato da peça, ao passo que a direita (que interpreta a melodia) toca com liberdade, ou seja, com rubato. Franz Schubert e Alexander Scriabin também usavam o rubato para dar emoção a suas obras.
Na música popular, o baiano João Gilberto usou e legou a toda uma geração de músicos brasileiros a aplicação do rubato à bossa nova, revolucionando a história da canção, com uma nova dinâmica para o violão. No pop, Freddie Mercury utilizou o recurso no sucesso “Love of My Life” em 1975.
Como usar o rubato
Deve-se tomar cuidado, no entanto, para utilizar o rubato apenas como recursos expressivo, não alterando a divisão da música de modo que se perca a pulsação. Apesar de permitir certa flexibilidade, o uso do rubato não deve ser confundido com falta de atenção à divisão musical ou com executar trechos mais difíceis em andamento mais lento.
De fato, quando o rubato é feito corretamente, o pianista deve ser capaz de acompanhar a pulsação, mesmo quando está tocando com outros músicos, por exemplo.
Uma boa maneira de aplicar esse recurso é estudar a peça com o uso de metrônomo ou ritmo eletrônico, mantendo a divisão das notas o mais exata possível até dominar todos os movimentos perfeitamente para, depois, ir aos poucos percebendo em que pontos a frase pode ser acelerada e onde pode ser desacelerada, de modo a se manter dentro da divisão de compassos proposta pela partitura.
Em seguida, o músico pode gravar sua interpretação e, ao ouvi-la, tentar marcar a pulsação. Se conseguir sentir a pulsação na gravação sem dificuldade, e mesmo assim puder sentir o rubato, é sinal de que ele foi bem aplicado e respeitou o discurso musical. Não ser possível sentir a pulsação, pelo contrário, é sinal de que o rubato está excessivo, o que faz que se perca toda a intenção do autor e demonstra a falta de domínio do pianista sobre esse recurso.
O domínio do rubato sobre a pulsação exata é uma das habilidades presentes nos grandes pianistas, que não deixam de executar o que está escrito na partitura, mas o fazem com liberdade e maior atenção à prosódia musical. E isso nunca pode ser confundido com autoindulgência e simplificação da execução.