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João de Souza Lima jovem

Souza Lima, o virtuoso paulista

João de Souza Lima jovem

O pianista, maestro e compositor João de Souza Lima nasceu em São Paulo, em 21 de março de 1898. Iniciou os estudos de piano aos quatro anos, com o irmão, José Augusto, mas quando a vida profissional deste passou a impedir uma maior regularidade nas aulas, seus pais decidiram procurar por um professor particular.

Início de seus estudos

A partir de 1910, então, selecionado mediante audição, Souza Lima passou a estudar com Luigi Chiaffarelli, que considerou o jovem muito talentoso e ofereceu-lhe aulas gratuitas. Nesse período, foi colega de Gilda Carvalho e Antonietta Rudge, com as quais tocava a quatro mãos.

Por conta da facilidade que tinha na prática da música de câmara, começou a acompanhar solistas que visitavam a cidade para concertos de violino, violoncelo, canto e flauta, como o violinista e compositor uruguaio Guido Santorsola e o flautista Alferio Mignone, pai do compositor Francisco Mignone.

 

Apresentações e início das composições

Com a chegada do cinema à cidade, pediu ao amigo Carlos Pagliuchi que o apresentasse aos conjuntos que tocavam nas salas de exibição, mas, em vez disso, Pagliuchi o adotou como assistente na direção musical do cine Pathé Palace – onde, em pouco tempo, substituiu o amigo – além de trabalhar no Cine Marconi, no Cinema Central e no Teatro Esperia.

Passou a se apresentar com este conjunto em casas de famílias abastadas, em bailes e no Hotel de La Plage, no Guarujá, durante as férias de verão.

Indicado por Chiaffarelli, passou a estudar harmonia, contraponto, fuga e composição com o professor Agostino Cantù, recém-chegado de Milão – que também foi tutor de Francisco Mignone e Savino de Benedictis – e violoncelo com Saverio Simoncelli.

Suas primeiras composições foram danças de salão e peças de música popular. Produziu alguns tangos brasileiros de sucesso, entre os quais “Amor Avacalhado”, incluído na obra orquestral “Le Boeuf Sur le Toit”, do francês Darius Milhaud.

Em um concurso de composição promovido pela revista A Cigarra e patrocinado pela Casa Levy, conquistou o primeiro prêmio na categoria “tango” e o segundo na categoria “valsa”, atrás apenas de Francisco Mignone.

José de Souza Lima e Francisco Mignome ao piano

Estudo em Paris

Passou então a frequentar a Vila Kyrial, importante centro da vida cultural paulistana, mansão do mecenas Senador José de Freitas Valle, membro da comissão do Patronato Artístico de São Paulo, que, instigado pelo compositor francês Xavier Leroux, concedeu a Souza Lima, em 1919, uma bolsa de estudos para aperfeiçoamento na Europa. Com isso, o pianista se mudou para Paris, onde residiu até 1930.

Estudou primeiramente com Isidor Philipp e, depois, prestou concurso para o Conservatório de Paris e ingressou na classe de Marguerite Long, a quem passou a substituir quando ela não podia dar aulas. A partir de 1921, também estudou Música de Câmara com Camille Chevillard e História da Música com Maurice Emmanuel.

Em 1922, conquistou o primeiro prêmio no concurso dos alunos de piano do Conservatório, o que deu início à sua carreira internacional, se destacando em festivais e concertos na Europa – principalmente em Paris e Milão, mas também em Berlim – e na África.

 

Sucesso lá fora

Participou de concertos com a soprano brasileira Bidu Sayão e, por meio de Tarsila do Amaral, fez amizade com Heitor Villa-Lobos, que o visitou em Paris. Foi pelas mãos de Souza Lima, pianista aclamado, que Villa-Lobos foi apresentado à cena musical parisiense, com um concerto na casa do crítico Henry Prunières, com a presença de Paul Dukas e Florent Schmidt.

Em Paris, também conheceu Maurice Ravel e estudou as obras do compositor francês sob sua orientação.

 

Carreira no Brasil

Souza Lima retornou ao Brasil em 1930 e, no ano seguinte, atuou com Villa-Lobos em excursões musicais pelo interior de São Paulo, patrocinadas pelo interventor de Getulio Vargas no Estado, João Alberto.

A partir de 1932, seguiu sua carreira de concertos pelo País, se apresentando em São Paulo e no Rio de Janeiro, além de realizar uma turnê pelo Estado do Rio Grande Sul (que alcançou também Montevidéu e Buenos Aires) e outra pelas cidades de Manaus, Belém, Fortaleza, Natal e Salvador.

Com a criação, em 1935, do Departamento de Cultura do Município de São Paulo, dirigido por Mario de Andrade, iniciou suas atividades de regente, à frente da Orquestra Sinfônica Municipal e atuou dez anos como pianista do Trio São Paulo, com Anselmo Zlatopolsky no violino e Calixto Corazza no violoncelo.

Em 1937, seu poema sinfônico “O Rei Mameluco” conquistou o primeiro lugar em concurso promovido pelo Departamento Municipal de Cultura de São Paulo, e, em 1942, obteve menção honrosa em concurso sinfônico organizado nos EUA, por Henry Reichold, com o “Poema das Américas”.

A convite de Assis Chateaubriand, se tornou diretor musical e regente da orquestra da Rádio Tupi. Exerceu a mesma função na Rádio Gazeta, a convite de Cásper Líbero, cuja orquestra também teve como regente o compositor Camargo Guarnieri.

Nas décadas de 1940, 1950 e 1960, Souza Lima foi um dos mais ativos pianistas e regentes no Brasil. Como professor, formou os pianistas Amaral Vieira, Yara Ferraz e Eny da Rocha, dentre outros. Foi membro fundador da Academia Brasileira de Música, sendo patrono da cadeira número 38. Souza Lima morreu em São Paulo, em 28 de novembro de 1982.

Como compositor, Souza Lima deixou uma produção modesta, mas importante e ainda carente de maior divulgação, cultivando o estilo nacionalista. Os grandes destaques são as obras para piano, como “Valsa Brasileira”, “Dança no Campo” e “Noturno”, além do “Concerto em Lá menor para piano e orquestra”, da coleção “Peças Românticas” e dos “Prelúdios”.

As partituras de grande parte da obra deixada pelo compositor está disponível para download no site do Instituto Piano Brasileiro.


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