Da mesma forma que um escritor se torna cada vez melhor à medida em que lê mais, um pianista se aprimora não apenas pelo estudo, mas também assistindo a shows, concertos e recitais, assim como ouvindo gravações. Todas essas atividades ampliam o repertório do músico, seu conhecimento e, principalmente, seu acervo de possibilidades.
Não só na música erudita, mas também na música popular, no jazz, na música folclórica, enfim, em todo e qualquer gênero, conhecer coisas novas é importantíssimo, afinal, a cada vez que se vê um músico tocando, se aprende alguma coisa.
Um dos principais benefícios de quem se habitua a frequentar concertos e shows é aumento de conhecimento de repertório. Na música erudita, por conta da tradição e da forte influência do período clássico-romântico na formação de músicos, grande parte do repertório existente para piano é ignorado, quando não, simplesmente desconhecido. As obras de Chopin, Beethoven, Mozart e outros compositores mais conhecidos dominam os programas, mas sempre há espaço para outras menos executadas.
De compositores nacionais, por exemplo, existem obras extremamente bem-conceituadas não apenas pelos músicos brasileiros, mas também do exterior. E não se está falando apenas de Villa-Lobos e Carlos Gomes, mas de um amplo rol de autores com peças importantíssimas no repertório mundial, como Fructuoso Vianna, Osvaldo Lacerda, Guerra-Peixe, Marlos Nobre, Conrado Silva, Ernst Mahle, Gilberto Mendes e muitos outros.
E não há melhor oportunidade de ouvir as composições desses músicos do que em recitais, ao lado dos mais famosos compositores para piano.
O mesmo ocorre na música popular, em que composições e músicos não tão divulgados pela grande mídia conquistam admiradores e oferecem novidades em termos de performance e repertório, muitas vezes com abordagens diferentes e enriquecedoras.
E o que dizer de músicos que se acompanham, e a outros cantores, ao piano, seja em shows ou, até mesmo, em casas noturnas, hotéis e outros estabelecimentos? Prestar atenção à forma como fazem esse acompanhamento pode ser uma grande lição para usos futuros.
Assistir a um show de jazz, para quem não está acostumado com o estilo, pode parecer entediante pela profusão de improvisos. Costuma-se dizer, até mesmo, que somente os músicos se divertem. Mas acompanhar a construção desses improvisos, a cumplicidade entre os músicos e o desenrolar do arranjo é extremamente enriquecedor e traz elementos novos, seja para a composição ou mesmo para a performance.
Em shows de bandas, de qualquer estilo, prestar atenção à atuação do pianista, qual o papel do instrumento no arranjo e como é a interação entre os músicos é muito importante para a formação de um profissional ou mesmo a troca de experiências em práticas de conjunto.
Engana-se, também, quem imagina que uma obra é executada sempre da mesma forma, seja na música erudita ou na popular. A cada dia, o músico pode fazer pequenas variações de interpretação, ou alterar um solo e, até mesmo, o andamento. Isso tudo oferece ao ouvinte mais conhecimento, permitindo até mesmo que ele saiba avaliar as performances e faça suas escolhas.
Se prender, portanto, a determinado gênero, estilo, artista ou concepção não trará enriquecimento musical e cultural ao músico e, muito provavelmente, o privará de momentos fantásticos, que podem lhe proporcionar enorme prazer.
Que tal se aventurar e assistir a um concerto de música contemporânea, que apresenta as possibilidades do piano além dos limites normalmente explorados?
muito bem citado.precisamos crer na arte edicacao e cultura