Jakob Ludwig Felix Mendelssohn Bartholdy, conhecido como Felix Mendelssohn, nasceu em Hamburgo, em 3 de fevereiro de 1809, e morreu prematuramente em Leipzig, em 4 de novembro de 1847, há 175 anos. Compositor, pianista e maestro do início do período romântico, é conhecido principalmente por ser autor da famosa “Marcha Nupcial”, trecho de música incidental para Sonho de uma Noite de Verão.
Mas sua importância vai muito além dessa obra. Como virtuose do piano, escreveu as “Canções sem Palavras”, que figuram entre as peças mais conhecidas para o instrumento. E, como regente, foi responsável por recuperar o interesse pela obra de J. S. Bach, particularmente com a apresentação da “Paixão Segundo São Mateus”, em 1829.
Família e sua ligação com a música
Filho do banqueiro Abraham Mendelssohn e de Lea Salomon e neto do filósofo judaico-alemão Moses Mendelssohn – portanto membro de uma família judia notável, mais tarde convertida ao luteranismo -, Felix Mendelssohn cresceu num ambiente de intensa efervescência intelectual. Menino prodígio, começou a ter lições de piano com a sua mãe aos seis anos, acompanhados por Marie Bigot. Começou a compor aos nove anos e, a partir de 1817, estudou com Carl Friedrich Zelter, em Berlim.
Em 1818, com apenas nove anos, fez sua primeira apresentação em público, iniciando sua carreira como instrumentista. Considerado um novo gênio da música, causava assombro e despertava elogios em todos os lugares onde se apresentava. Como compositor, escreveu e publicou seu primeiro trabalho, um quarteto com piano, aos treze anos. Em 1824, aos quinze, seu professor, Zelter, declarou que não havia mais nada a lhe ensinar.
Mendelssohn passou então a ter aulas de piano com o compositor e virtuose Ignaz Moscheles, que de quem se tornou grande colega e amigo ao longo da vida.
Em 1826, aos dezessete anos, escreveu a abertura do “Concerto Op. 21 (Sonho de uma Noite de Verão)” e estreou-a em 20 de fevereiro de 1827, em Szczecin, revelando seus enormes talentos para a composição. Quinze anos mais tarde, em 1843, Mendelssohn acrescentaria à abertura que escrevera anos antes treze peças, incluindo uma importante música de cena, muito conhecida como a famosa “Marcha Nupcial”.
No dia 11 de março de 1829, Mendelssohn arranjou e regeu a “Paixão Segundo Mateus”, de J. S. Bach, em Berlim. Quatro anos antes, sua avó lhe havia dado uma cópia do manuscrito da obra-prima do compositor alemão que estava, na época, quase esquecida.
O sucesso dessa apresentação – a primeira desde a morte de Bach, em 1750 – foi de grande importância para que sua música voltasse a ser executada na Alemanha e, depois, em toda a Europa, além de render a Mendelssohn o reconhecimento geral do seu talento, aos 20 anos de idade.
A partir de então, viajou pela Europa apresentando suas composições e atuando como pianista e regente. De sua passagem pela Inglaterra e pela Escócia surgiram obras, como a “Sinfonia nº 5 (Reforma)”, o esboço da Sinfonia “Escocesa” (nº 3) e a abertura “As Hébridas”, também chamada de “A gruta de Fingal”.
Uma viagem à Itália lhe deu inspiração para a “Sinfonia italiana” (nº 4), talvez a mais famosa de todas as suas obras do gênero. Em Roma, Mendelssohn estabeleceu amizade com Hector Berlioz; em Paris, encontrou Frederic Chopin e Franz Liszt. Retornou à Alemanha no início dos anos 1830.
Em 1833, foi nomeado diretor musical em Düsseldorf, seu primeiro posto remunerado como músico, e, em 1835, se tornou diretor da Orquestra da Gewandhaus, contribuindo muito para a excelência do conjunto, destacada até a atualidade. Mendelssohn se mostrou um regente ousado, recuperando os concertos para piano de Mozart e programando obras de Beethoven e Weber. Seu interesse pelo oratório fez que fossem redescobertas grandes obras de Händel e Haydn. Mais tarde, ele próprio comporia dois grandes oratórios: “Paulus” e “Elias”.
Em várias ocasiões, interpretou o “Concerto para três cravos”, numa das vezes, ao lado de Liszt e Hiller. Nesse período, escreveu duas de suas mais importantes obras, o “Concerto para Piano e Orquestra Nº 1, Op 25, em Sol menor”, de 1831.
Em 28 de março de 1837, casou-se com Cécile Jeanrenaud, filha de um clérigo da Igreja Reformada Francesa, com quem teve cinco filhos. Em Leipzig, trabalhou com instituições corais e musicais. Em 1840, apresentou o “Concerto para Piano e Orquestra Nº 2, Op. 40, em Ré menor”. No ano seguinte, assumiu o cargo de mestre de capela do rei da Prússia, tendo que se dividir, a partir de então, entre Leipzig e Berlim.
Em 1843, fundou o Conservatório de Leipzig, atualmente Hochschule für Musik und Theatre “Felix Mendelssohn Bartholdy”, onde convenceu, dentre outros músicos, Ignaz Moscheles e Robert Schumann a se juntarem a ele. Durante esse período, Mendelssohn conclui um de suas obras mais importantes, o ciclo Canções sem Palavras, oito volumes de pequenas peças para piano melodiosas, sentimentais ou espirituosas que estava escrevendo desde 1830 e que terminou em 1845.
Em 14 de maio de 1847, em Berlim, na Alemanha, sua irmã mais velha, Fanny – tão dotada para a música quanto ele – morreu, o que causou grande impacto no compositor, que acabou falecendo em 4 de novembro de 1847, aos 38 anos, vitimado por um derrame cerebral.
Importante representante da primeira fase do período romântico, Felix Mendelssohn está longe de corresponder à figura conturbada e atormentada que se tornou o arquétipo do compositor da época. Conservador, fiel ao classicismo vienense e inspirado por sentimentos românticos, criou obras de alta qualidade formal, mas ficou longe dos mais ousados, como Franz Liszt, Richard Wagner e Hector Berlioz. De linguagem muito pessoal, atualmente Mendelssohn é um dos mais populares compositores do período romântico.