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Homem tocando piano em um palco

A dinâmica no piano e o “piano” na dinâmica

Homem tocando piano em um palco

Quando Bartolomeo Cristofori, por volta de 1715, revolucionou o mundo dos instrumentos de teclas ao idealizar um novo mecanismo dotado de martelos e alavancas, sua invenção recebeu o nome de “Gravicembalo col piano e forte” (cravo com suave e forte, em tradução livre).

Isso porque o novo instrumento permitia que o músico utilizasse diferentes dinâmicas em sua interpretação, ou seja, produzisse sons com maior ou menor volume dependendo da força com que ele acionasse as teclas.

Com o decorrer do tempo e a evolução da escrita musical, os compositores passaram a especificar nas partituras a dinâmica com que cada trecho musical deveria ser executado e, posteriormente, as variações dessa dinâmica.

Essa revolução foi a motivação para que todos os compositores e músicos (além dos fabricantes) explorassem esse recurso, o que fez do piano, provavelmente, o instrumento com maior gama dinâmica existente.

 

Mas, afinal, o que é dinâmica?

O termo vem do grego “dynamos”, que significa força, o que reflete bem como o pianista consegue variar a intensidade de um som, ou seja, com quanta energia a onda sonora atinge os ouvidos, fisicamente falando.

Quanto mais energia a onda possuir, maior a intensidade com que atinge nossos ouvidos, imprimindo a sensação de sons “fortes e fracos” ou de mais ou menos volume. No piano, essa variação é produzida pela ação do músico sobre as teclas, com maior ou menor intensidade.

Para indicar a intensidade com que o compositor deseja que um trecho musical seja executado, ele utiliza, geralmente, indicações ou abreviações em italiano que refletem suas intenções.

Essas indicações vão do “molto pianíssimo” (muitíssimo suave) ao “molto fortíssimo” (muitíssimo forte, ou seja, o máximo de intensidade sonora que se pode obter sem danificar a voz ou o instrumento), com diversas graduações.

Relação de intensidade na dinâmica no piano

Além dessas, outras indicações são utilizadas, principalmente quando se trata de alterações gradativas no decorrer de um trecho, como “Crescendo” (cresc.) e “Diminuendo” (dim. ou decresc.), entre outras. Sinais gráficos também são utilizados para isso, como < e >.

Partitura de piano com dinâmica musical

 

O que muitos estudantes têm em mente, no entanto, é que tocar “piano” quer dizer tocar fraco, sem volume, o que não corresponde à verdade. Alguns, quando veem a indicação “piano”, lutam desesperadamente para acionar as teclas de maneira muito suave, tornado difícil até mesmo abaixá-las, o que causa imprecisões, prejudica a técnica, atrapalha a interpretação e confunde os ouvintes.

Para evitar esse tipo de situação, o pianista precisa entender que ele é a pessoa mais próxima de seu instrumento e que o que ele ouve é mais intenso para ele do que para qualquer outro ouvinte. Por conta disso, tocar “suave” demais pode simplesmente fazer que a música desapareça no ambiente.

Por conta disso, mesmo tocar um trecho marcado com “piano” exige uma quantidade de energia suficiente para fazer que o instrumento soe além da percepção do próprio músico, alcançando todos os ouvintes na sala. Portanto, como o próprio nome do instrumento sugere, “piano” é o volume normal com que se toca o instrumento, e as variações se dão a partir daí.

As diferentes escolas técnicas possuem ferramentas apropriadas para desenvolver essa intensidade controlada, em que as diferenças entre os “pianos” e os “fortes” estão mais relacionadas à intensidade e à qualidade sonora do que propriamente à força empregada para acionar as teclas.

Pessoa tocando piano

Por conta disso, é importante adquirir pianos em bom estado e de boa procedência, em que o projeto do instrumento favoreça a emissão sonora, a mecânica de precisão auxilia nesse controle e o teclado equilibrado permita que qualquer tecla seja acionada com a intensidade desejada.

Além disso, nos bons pianos de cauda, o pianista pode contar com o auxílio do pedal esquerdo (una corda) para situações em que seja necessária uma alteração no timbre ou na qualidade sonora ainda mais proeminente, afora a redução de volume.

Com a técnica correta, o estudo dedicado e um instrumento que responda apropriadamente, o pianista amplia sua gama dinâmica, ou seja, as diferenças entre os “pianos” e “fortes” que ele consegue produzir se tornam cada vez mais acentuadas e as graduações entre o suave e o intenso mais detalhadas.

Dessa forma, a dinâmica no piano e a interpretação se enriquecem e o pianista passa a usufruir de todas as potencialidades de um instrumento desenvolvido durante séculos para dar a ele a ferramenta ideal para sua arte.


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