Em qualquer atividade, ser premiado pelo talento, pela técnica e pelo domínio das habilidades pertinentes a ela é motivo de orgulho e satisfação. Isso ocorre, por exemplo, em todas as modalidades esportivas, em que a competitividade é incentivada e os resultados são perseguidos com tenacidade.
Na área artística, são comuns premiações de “melhores do ano”, como o Oscar para o cinema e o Grammy para a música, além de inúmeras outras formas de reconhecimento de trabalhos bem executados, impactantes e importantes.
Em relação ao piano, não poderia ser diferente. Há muito tempo são organizados e realizados concursos para premiar os pianistas que se destacam nos quesitos técnica ou interpretação. E, obviamente, as opiniões sobre a validade dessas competições são muitas e bem controversas, assim como os resultados e as premiações.
Concursos de piano são realizados, geralmente, no âmbito da música erudita, em que o repertório – totalmente notado em partitura e conhecido em profundidade pelos jurados – se torna padrão para comparações e referências. Na maioria deles, uma das provas é a execução de uma peça de confronto, ou seja, uma mesma obra é executada e interpretada por todos os concorrentes de uma categoria, para que seja possível compará-los por meio de uma referência.
As categorias, via de regra, são limitadas pela idade do pianista ou estudante quando da participação no concurso. Sendo assim, a comparação e a competição são realizadas entre músicos da mesma faixa etária o que, teoricamente, equipara o nível de conhecimento e habilidade dos participantes.
Além da peça de confronto, a execução de uma relação de obras também pode ser exigida pela organização do concurso, assim como a interpretação de uma peça de livre escolha do participante dentro de certos parâmetros como, por exemplo, um movimento de sonata ou um concerto para piano, em diferentes fases da competição.
E tudo isso é analisado e julgado por um grupo de professores e pianistas para que se decida quem é o vencedor, ou seja, quem apresentou a melhor técnica, a melhor interpretação e o melhor conjunto de características que definem um bom pianista. Como se pode ver, participar de um concurso não é tarefa das mais fáceis.
O lado bom dos concursos
Para os estudantes, um concurso é uma ótima oportunidade para alavancar seus estudos por causa do programa completo que têm que dominar e do prazo inadiável para a finalização das obras. Isso faz que estudem mais e melhor, com um objetivo claro e a certeza de pelo menos uma apresentação ao público.
Além disso, frequentemente os concursos destacam um compositor ou um período musical, o que faz que o aspirante a pianista passe a conhecer um repertório diferente, aprenda novas técnicas e estude obras as quais, normalmente, não se dedicaria.
Outro ponto a favor dos concursos é que são uma ótima oportunidade para conhecer ou reencontrar colegas, trocar experiências e, até mesmo, medir o progresso dos estudos em comparação aos concorrentes.
Se para os estudantes os concursos são uma forma de se desenvolver rapidamente, para os pianistas mais avançados as competições têm outro foco: esses eventos ainda são as grandes vitrines que podem abrir as portas do mercado profissional. Além de apresentar o músico ao público especializado, esses eventos são acompanhados de perto por gravadoras, agentes e produtores, ávidos por descobrirem novas caras para o cenário musical.
Diante de tantas oportunidades de contatos, desenvolvimento e novas perspectivas, muitas vezes a premiação passa a ser apenas um detalhe, que atrai aqueles que fazem dos concursos meio de vida.
E se alguns professores e pianistas acreditam que esse tipo de competição apenas serve para transformar artistas em atletas de alta performance, sem emoções e com pouca capacidade interpretativa, a lista de pianistas ganhadores de concursos inclui Martha Argerich, Bella Davidovich, Maurizio Pollini, Krystian Zimerman, Murray Perahia, Radu Lupu e os brasileiros Nelson Freire, João Carlos Martins e Arthur Moreira Lima, entre muitos outros.
Há alguma competição aqui no Brasil?
Oi Leonardo, existem vários concursos, de acordo com a afinidade e o tempo de estudo que o praticante possui. Normalmente as escolas de música ou professores participam, junto a seus alunos.