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Fantasia e rapsódia: além dos concertos

Os concertos para piano representam, provavelmente, o auge da escrita pianística romântica e, até hoje, interpretar os mais conhecidos é o objetivo de muitos estudantes. Por se tratar de uma forma muito bem estabelecida, com definições muito claras em relação à composição, alguns compositores, não se sentiram bem em denominar determinadas obras suas, menos tradicionais, de concertos, mas de fantasias ou rapsódias. Uma das razões para isso é que tanto a fantasia quanto a rapsódia são composições musicais com raízes na arte do improviso e, por consequência, raramente seguem as regras didáticas de qualquer forma musical estrita.

A fantasia para piano

O termo fantasia foi aplicado pela primeira vez em música durante o século 16, primeiramente para se referir à uma ideia musical imaginativa e não a um gênero de composição específico. Seu primeiro uso como título foi em manuscritos alemães para instrumentos de teclado de antes de 1520. Em 1536, o termo foi registrado em tablaturas impressas em Espanha, Itália, Alemanha e França. 

Desde o início, a fantasia teve o sentido de “invenção imaginativa”, particularmente em composições para alaúde. Sua forma e estilo, consequentemente, variam da improvisação livre ao contraponto estrito, e pode englobar formas padronizadas. 

Algumas composições do barroco trazem esse nome e reafirmam a ideia de “fantasia” como obra livre, sem laços estreitos com as formas estabelecidas. Bons exemplo são trabalhos de J. S. Bach, como a Fantasia Cromática e Fuga BWV 903 para cravo, a Grande Fantasia e Fuga em Sol menor BWV 542 e a Fantasia e Fuga em Dó menor BWV 537 para órgão. 

Os grandes compositores do período clássico também se renderam à “fantasia”, como Mozart (Fantasia em Ré menor K. 397 e Fantasia em Dó menor K. 475) e Schubert (Fantasia Wanderer para piano solo e Fantasia em Fá menor para piano quatro mãos). 

Frederic Chopin talvez tenha sido um dos compositores que mais utilizaram o termo durante o período romântico. São do polonês a Fantasia em Fá menor Op. 49, a Polonaise-Fantasia em Fá maior Op. 61, e a Fantasia-Improviso em Dó menor Op. Post. 66. 

Outro grande exemplo de utilização do termo Fantasia foi legado pelo alemão L. van Beethoven. Sua Fantasia Coral Op. 80 foi escrita em 1808 e apresentada pela primeira vez com o próprio Beethoven como solista de piano, além de solistas vocais, coro e orquestra, como peça de encerramento de um concerto em benefício do próprio compositor, reunindo todos os participantes. Precursor da Nona Sinfonia, apresentada posteriormente, o trabalho traz muitas ideias compartilhadas com ela, até mesmo o famoso tema do quarto movimento, conhecido como Ode à Alegria. O improviso com que Beethoven iniciou a peça também foi utilizado como matéria-prima para a Fantasia para Piano Op. 77. Bem antes disso, flertando com o termo, Beethoven publicou a Sonata para piano Op. 27 Nº1 com o subtítulo de “Quasi una fantasia”. 

A rapsódia para piano

Uma rapsódia na música é um trabalho de um movimento episódico de estrutura livre, apresentando uma variedade de temperamentos, cores e tonalidades altamente contrastados. O senso de improvisação a torna mais livre em forma do que um conjunto de variações.

As primeiras composições para piano solo com a denominação “Rapsódia” foram as “Quinze Rhapsodies”, de Václav Jan Tomášek. Embora exemplos vocais possam ser encontrados até no século 19, a rapsódia tinha principalmente uma forma instrumental, primeiramente para o piano e, depois, para grande orquestra, em um estilo mais “épico”. 

Para piano solo, são emblemáticas as Rapsódias Op. 79 de Brahms e as Rapsódias Húngaras de Liszt. No formato piano e orquestra, destacam-se a Rhapsody in Blue, de George Gershwin, e a Rapsódia sobre um Tema de Paganini, de Sergei Rachmaninoff

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