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criança tocando sem partitura

Como tocar sem olhar a partitura

criança tocando sem partitura

Algumas pessoas simplesmente não conseguem tocar nada (mesmo que toquem piano há muitos anos) sem ter a partitura à sua frente, seja por conta de insegurança, da ótima leitura adquirida ou mesmo pela falta de hábito.

O mais comum é o primeiro caso, em que a partitura se torna uma muleta psicológica, tão disfuncional quanto a necessidade de olhar para as mãos.

Ao ter a partitura à sua frente, o pianista se sente mais seguro emocionalmente, mesmo que não consiga, durante a maior parte do tempo, ler as notas escritas ali, principalmente ao executar peças avançadas. A realidade é que, muitas vezes, ele está tocando tão rápido que não tem tempo de olhar para a partitura, mas ela está ali para qualquer eventualidade.

 

Como os pianistas tocam sem olhar a partitura

Os pianistas que têm ótima leitura à primeira vista, muitas vezes necessitam de menos repetições para dominar determinado trecho, e, se não houver um entendimento de harmonia e construção de melodias ou um ouvido treinado, ele pode, simplesmente, não se recordar do que tocou lendo a partitura.

Em último caso, a falta de hábito leva ao comodismo de simplesmente pegar uma partitura, colocar na estante e tocar, sem a preocupação de assimilar ou decorar o que se está lendo.

pessoa tocando piano

Quais as dificuldades para tocar sem partitura?

Em todos os casos, a maior queixa é a de que o estudante ou pianista não consegue tocar o repertório estudado tão arduamente se não estiver com as partituras abertas, o que o impede de se apresentar de improviso, por exemplo.

Não há problema algum em olhar para a partitura ao tocar, o problema é depender dela para isso.  Tocar “de cor” passa a ser uma dificuldade e um desafio, para os quais o músico deve se preparar.

Alguns pianistas têm uma memória tão boa, que, mesmo em situações limite, preferem tocar “de cor”. Outros se sentem mais seguros tendo a partitura à mão, mesmo que não aberta à sua frente, mas sobre o piano ou mesmo em cima do banco.

E não é tão raro, atualmente, ver pianistas eruditos com as partituras de peças menos conhecidas abertas no piano.

 

Como decorar

É certo que o estudo, as repetições e o pleno entendimento da obra colaboram para que o estudante de piano ou o pianista tenha na memória tudo de que precisa para executar de maneira tecnicamente correta e interpretativamente interessante qualquer composição.

senhor tocando piano

Uma das ferramentas para isso é a repetição. Ao estudar e repetir os trechos musicais a fim de alcançar a perfeição na execução, várias informações são armazenadas na memória. A repetição de dedilhados e movimentos cria a memória muscular, responsável pela automatização. Isso significa que, mesmo sem a atenção total do pianista, os dedos se movimentam conforme o estudado.

Na verdade, esse é o objetivo do estudo, mas o que ocorre é que eles acabam se tornando automáticos demais e, se não houver atenção do pianista e pleno conhecimento da partitura, a automatização passar a ser um problema, pois os dedos “correm” sem controle.

Portanto, além da muscular, é importante desenvolver outros tipos de memória. Um ouvido bem treinado, por exemplo, é um ótimo guia para a memorização de melodias e passagens mais extensas, ao passo que o entendimento da harmonia é primordial para conhecer o desenvolvimento da obra.

Por isso, para decorar uma partitura, vários estímulos devem ser trabalhados:

1 – Analise a tonalidade em que a música está escrita;

2 – Analise a harmonia e verifique quais progressões são utilizadas no trecho estudado. Lembre-se de que grande parte da música ocidental é baseada em progressões básicas, principalmente II – V – I, modulações e cadências-padrão;

3 – Analise a melodia e verifique como ela se desenvolve a partir da harmonia. Isso vai ajudá-lo a, mesmo que haja um imprevisto, se lembrar da formação dela sobre a harmonia;

4 – Estude trechos curtos, automatizando o movimento dos dedos. Prese atenção ao dedilhado e utilize sempre o mesmo de forma a consolidá-lo;

5 – Coloque o ouvido para funcionar, tentando decorar não apenas como a música deve soar, mas unindo esse conhecimento aos estudados anteriormente (melodia e harmonia);

6 – Pratique decorar trechos curtos, os mesmos estudados para a automatização do movimento, até conseguir executá-los sem olhar a partitura e, aos poucos, vá acrescentado os seguintes, até que grandes trechos estejam decorados.

Seguindo essas orientações, tanto olhar para a partitura quanto para as mãos passa a ser mais uma questão de hábito e ajuda do que de necessidade, permitindo ao pianista se aperfeiçoar e se apresentar em qualquer ocasião.


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