Que o estudo do piano traz inúmeros benefícios, ninguém tem dúvida. E cada vez mais as pesquisas científicas atestam esse fato e trazem mais dados para a compreensão desse fenômeno. É bem sabido que a música é uma das formas de expressão humana mais sensíveis e significativas na vida de qualquer pessoa.
Mas também se sabe que o estudo do piano é uma prática que vai muito além da mera aquisição de habilidades musicais, mas um processo que impulsiona o desenvolvimento cognitivo, motor e sensorial de forma excepcional.
Vantagens de aprender piano
O estudo de um instrumento musical pode ativar áreas do cérebro menos exercitadas e, dessa forma, melhorar o humor, a atenção, a concentração e a memória, elevando a qualidade de vida dos indivíduos, além de trazer à tona lembranças profundas que, por vezes, auxiliam as sinapses.
Mas não é apenas por manter o cérebro ocupado que o estudo do piano traz benefícios. Há outras explicações para o bem-estar causado por essa atividade. Ouvir e tocar música permite que os indivíduos se expressem de maneiras não verbais, o que, muitas vezes, pode fazer que transmitam suas emoções de maneiras mais adequadas e menos literais.
Também pode fornecer maneiras de explorar sentimentos e ajudar a reconectar os indivíduos a coisas com significado em suas vidas.
Benefícios do piano para idosos
Aprender piano pode ser muito benéfico para os idosos, seja eles iniciantes ou veteranos na prática do instrumento. Quem convive com idosos percebe que, a partir de certa idade, ocorre um decréscimo de habilidades nessas pessoas, especialmente memória e flexibilidade de pensamento.
A boa notícia é de que, além de isso não ser regra, essa situação é reversível e pode ser evitada. E uma das melhores práticas para quem quer chegar à terceira idade com qualidade de vida é o estudo de piano ou outro instrumento musical.
Pesquisa sobre os benefícios do aprendizado do piano
Comprovadamente, o aprendizado do piano traz uma ampla gama de benefícios, como revelado em uma pesquisa recente conduzida pelo Instituto Nencki de Biologia Experimental, na Polônia, uma das mais respeitadas instituições de pesquisa nessa área em todo o mundo.
Durante um período de seis meses, 24 mulheres destras, com idade média de 20 anos, foram submetidas a um programa estruturado de aprendizado de piano.
Essas alunas dedicaram quatro horas semanais à prática do instrumento, e receberam 13 aulas de 45 minutos de duração ministradas por um professor de piano experiente que compartilhava as técnicas fundamentais e as orientava no estudo de oito peças musicais selecionadas.
Em vez de se limitar a uma análise superficial do cérebro por meio de eletroencefalogramas, como era comum em estudos anteriores, os cientistas empregaram um método mais abrangente. Realizaram quatro exames de ressonância magnética em momentos específicos: após 1, 6, 13 e 26 semanas de treinamento.
O objetivo era escanear o cérebro das estudantes e acompanhar seu progresso à medida que as peças musicais estudadas se tornavam progressivamente mais desafiadoras. Durante esses exames, as participantes foram solicitadas a tocar o que haviam aprendido em um teclado adaptado à máquina, sem visão direta do instrumento ou de suas próprias mãos.
Resultados da pesquisa
Os resultados revelaram uma atividade cerebral significativa em várias áreas, incluindo os córtices auditivos, responsáveis pelo processamento de sons, e os córtices motores, fundamentais para o planejamento e execução de movimentos. No entanto, o grau de atividade nessas áreas variou ao longo das 26 semanas, refletindo o progresso musical das alunas.
Os pesquisadores interpretaram uma redução na atividade cerebral como uma otimização das funções neurais associadas à memória, movimento e percepção sensorial. Isso sugere que, à medida que os processos cognitivos se tornam mais eficientes, a atividade cerebral nessas áreas específicas diminui.
Além disso, os exames revelaram uma ativação inicial de outras regiões cerebrais, como o cerebelo e os gânglios da base, responsáveis pela coordenação motora e movimentos voluntários, bem como partes do córtex parietal, envolvidas na integração de diferentes tipos de informação sensorial, como o tato. Houve também uma maior ativação no hipocampo, região do cérebro associada à memória.
Curiosamente, a atividade nas áreas relacionadas à audição permaneceu relativamente estável ao longo do estudo, enquanto nos córtices motores ela diminuiu consideravelmente. Esse fenômeno sugere que, à medida que os pianistas ganham mais fluidez de movimento, sua memória e coordenação também são aprimoradas.
Em essência, o estudo do piano não apenas fortalece as habilidades musicais, mas também impulsiona o desenvolvimento cognitivo, motor e sensorial de maneiras profundas e duradouras.