No piano popular, há muitas maneiras de distribuir as notas de um acorde entre as duas mãos o que, frequentemente, produz uma sonoridade mais rica e equilibrada, muito apropriada para estilos como jazz e música instrumental brasileira. Usar as duas mãos para tocar um acorde, distribuindo as notas por várias oitavas, cria uma faixa sonora mais ampla e, dessa maneira, um som mais “aberto” e encorpado, sofisticando o desenvolvimento harmônico.
Esses padrões, chamados “voicings”, são, muitas vezes, “marcas registradas” de alguns pianistas, reconhecíveis com a audição de poucos compassos, mas os músicos experientes costumam usar uma combinação de várias técnicas e estilos de piano ao tocar uma música,
Uma das maneiras mais simples de criar uma harmonia aberta é dividir um acorde de quatro sons em duas partes. A mão esquerda pode tocar a fundamental e a terça e a mão direita, a quinta e a sétima.
Para iniciar, o pianista pode estudar as seguintes aberturas em todos os tons, nas três principais categorias de acordes, que correspondem à progressão II-V-I nas tonalidades maiores: Xm7-X7-XMaj7.
As aberturas acima são úteis como uma abordagem fundamental para dividir as notas de acordes entre cada mão, mantendo a melodia como a nota mais alta no piano. Desta forma, extensões e alterações frequentemente usadas no jazz podem ser adicionadas como expressão, mantendo a simetria harmônica.
Mas os saltos na mão esquerda tornam o movimento muito rígido, trazendo incômodo para os ouvintes por conta da repetição e do encaminhamento do baixo. Para evitar esse problema, as notas da mão esquerda podem ser encadeadas de modo a tornar o movimento mais suave e resolver dissonâncias.
Uma opção é alternar terças e sétimas na esquerda, de acordo com a formação do acorde e as notas da melodia, de forma a produzir saltos menores e sonoridade mais suave.
Para comparação, o pianista pode executar o tema “Over The Rainbow”, de Harold Arlen, de duas diferentes formas para perceber as diferenças entre os voicings utilizados.
Uma boa abertura consegue tanto destacar as dissonâncias e o encaminhamento de vozes quanto preencher espaços harmônicos de modo a criar uma base confortável para um solista. Além disso, o pianista pode usar a técnica em uma peça solo e, nesses terá que tocar os acordes e a melodia, ou até mesmo improvisar.